top of page

VALORIZE-SE A SI MESMO - 2

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Padre Jorge Aquino.

Falar acerca da autoestima nem sempre é algo fácil. Para procurar superar essa dificuldade muita gente usa a analogia do amor dos pais. Assim, ainda que alguma criança faça algo que os pais reprovem, ainda que eventualmente eles possam se irritar com seus filhos, em momento algum passará em suas mentes que seus pais não lhes amam. Nesse sentido, em primeiro lugar, muitos terapeutas fazem referência ao pensamento de Carl Rogers (1902-1987) e ao seu conceito de “aceitação incondicional” ou de “aceitação irrestrita”. Nesse sentido, conforme sabemos da leitura dos textos de Rogers, é por meio da aceitação de quem efetivamente somos, e por meio da procura de se manter a coerência entre o que somos, como vivemos, o que pensamos, sentimos, experienciamos e comunicamos, é que se pode esperar que um processo de “cura” ou desenvolvimento de nosso ser se torne efetivamente possível. Nesse sentido, afirmam Butler e Hope (1997, p. 18): “o valor de cada pessoa é exclusivo e único, não depende nem de suas origens nem de seus talentos e muito menos das coisas que faz”. Assim, em razão de nosso valor intrínseco e essencial, não valeremos mais se fizermos algo de bom ou menos, por cometermos um erro. Caso você se distancie desse pensamento e associe seu valor ao que você, eventualmente fez ou deixou de fazer, isso apenas trará dor e sofrimento à sua alma, mas jamais mudará seu valor. É, portanto, imprescindível que resgatemos sempre essa noção de aceitação incondicional em relação a nós mesmos, para que nossa autoestima permaneça em elevada.

Em segundo lugar, para além dessa dimensão psicológica, existe uma outra perspectiva que ressalta este nosso valor intrínseco: a dimensão teológica. Lendo as Escrituras Sagradas, descobrimos que cada um de nós foi feito conforme à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26). Na verdade, não existe qualquer dúvida de que todos nós somos iguais aos olhos de Deus e nenhuma de nossas diferenças pessoais, sejam elas sociais, étnicas, físicas, econômicas, sexuais, ou de qualquer outra natureza, representam alguma forma de valor ou des-valor diante de Deus. Dizer isso é ressaltar nosso valor intrínseco e o princípio de que todos somos amados por nosso Senhor. Um dos mais conhecidos psicólogos da religião do Brasil, chegou a escrever que “a religião desempenha importante papel no desenvolvimento da personalidade e pode constituir-se fator primordial no equilíbrio de suas funções psíquicas” (ROSA, 1979, p. 223).

Sabendo das duas verdades anteriores, em terceiro lugar, você precisa ter ciência de que a sua autoestima permitirá que você construa sua vida sobre bases bastante sólidas. Corroborando essa informação inicial, Paul Hoff escreve que: “Se seu conceito de si mesmo é realista e sadio, ela estará livre de muita tensão e frustração. Mas se ela tem um conceito deficiente de si mesma, se sentirá inadequada, inútil e provavelmente sofrerá complexo de culpa” (HOFF, 1996, p. 21). Reconhecer seu valor próprio e saber que Deus o ama, por óbvio implica no aumento de sua autoestima. Mas algo precisa ser lembrado, ter autoestima não é a mesma coisa que gostar de si mesmo. Em outras palavras, nós podemos respeitar e até mesmo admirar alguém de quem não gostamos. Da mesma forma, é forçoso aceitar que nós também podemos aceitar que alguém de quem não gostamos, possua um valor intrínseco e relevante. Mutatis mutandis, “embora seja desejável que você goste de si mesmo, isso não é essencial; certamente também é desnecessário que você aprove toda e cada uma das próprias ações” (BUTLER & HOPE, 1997, p. 19). No entanto, é fundamental que você procure cultivar sua autoestima, pois, caso você dê ouvidos apenas aos que pregam que você não tem qualquer valor e que suas ações são irrelevantes, você estará se prejudicando diretamente.

Portanto, apesar de tudo o que foi dito acima, uma verdade precisa ser ressaltada aqui: valorizar nossa autoestima e resgatar nossa aceitação incondicional não é a mesma coisa que posicionar-se de forma egoísta ou alienada. Muito ao revés, pessoas que desenvolvem essa aceitação incondicional se tornam pessoas mais generosas e acolhedoras. Por outro lado, são exatamente, escrevem Butler e Hope (1997, p. 18): “Os sentimentos de culpa e a necessidade constante de aprovação por parte dos outros” [que nos levam] “ao egoísmo, ao egocentrismo... e à infelicidade”. Portanto, busque se valorizar e seja feliz.


Referência Bibliográficas:

BUTLER, Gillian & HOPE, Tony.Guia para o domínio da mente. Rio de Janeiro: Campus, 1997

HOFF, Paul. O pastor como conselheiro. São Paulo: Vida, 1996

ROSA, Merval. Psicologia da religião. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,1979

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

MUDAMOS PARA OUTRO SITE

Caríssimos leitores, já que estamos com dificuldades de acrescentar novas fotos ou filmes nesse blog, você poderá nos encontrar, agora,...

Comments


Post: Blog2_Post

©2020 por Padre Jorge Aquino. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page