Padre Jorge Aquino.
Quem geralmente estuda e/ou trabalha com casais, conhece aquela velha frase que afirma que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Na verdade, esse sentimento não se reduz apenas a questões que envolvem casais. Essas comparações estão presentes em todos os aspectos de nossa vida, sejam elas a profissional, acadêmica, pessoal, familiar, estética, etc.
Parece que existe um sentimento comum a muita gente, segundo o qual, elas não valem muita coisa. O que precisamos saber é a razão disso. Para discutir esse tema, eu iniciaria minhas considerações dizendo que muita gente não percebe que, uma grande parte da explicação dessa nossa infelicidade advém do pouco valor que atribuímos a nós mesmos. Assim, nossa baixa autoestima é oriunda, na sociedade em que vivemos, diretamente de três condições básicas que influenciam o valor que damos a nós mesmos. Em primeiro lugar, os especialistas no assunto entendem que, a perda de nossa autoestima nos deixa vulneráveis porque tendemos a nos avaliar a partir de nossas realizações, ou seja, nossa operosidade e nossa produção. Por isso, entenda, se você não der a si mesmo o devido valor, independentemente de suas realizações, não dará o devido valor às suas realizações.
Em segundo lugar, uma outra razão que faz com que nossa autoestima seja baixa tem a ver com nosso consumo. Falando de uma outra forma, poderíamos reeditar a famosa frase de Descartes dizendo: “Compro, logo existo”. Sim, é exatamente isso que você está lendo. Em um mundo extremamente consumista como o nosso, as pessoas só são valorizadas se exibirem certos elementos que estão ligados à grifes e marcas de sucesso. Aqueles que não conseguem manter esse padrão são deslocados e colocados à margem e, por via de consequência, se veem como deslocados e desenvolvem sua baixa autoestima. Por isso entenda, se você não se observar como alguém relevante, independentemente do que você usa, não dará o devido valor ao que tem.
Finalmente, em terceiro lugar, a última razão que faz com que as pessoas tenham uma autoestima baixa tem a ver com nossa condição estética. Em um mundo cada vez mais voltado para o que é supérfluo e superficial, se você não estiver matriculado em uma “academia de sucesso”, não consegue uma harmonização facial, algumas aplicações de botox ou a utilização de alguma prótese, ou ainda, se você não consegue mostrar uma !barriga de tanquinho”, você será visto como uma pessoa fora dos padrões e, por via de consequência, como uma pessoa sem sucesso e, assim, alguém sem energia, sem força, e sem sucesso. Isso, certamente, tem levado muita gente a desenvolver uma baixa autoestima. Por isso entenda, se você não se observar como alguém relevante, independentemente do seu corpo, não dará o devido valor a quem você é. Repito, você não é apenas um pedaço de carne com músculo e hormônio.
Em outras palavras, é fundamental que sejamos capazes de descobrir em nós mesmos um senso de valor que não esteja nem associado às nossas realizações pessoais, nem ligado ao volume de compras que fazemos nem ao corpo “sarado” que exibimos. É necessário perceber que nossa autoestima nada tem a ver com esses aspectos externos e efêmeros. É preciso encontrar outros elementos sobre os quais possamos estabelecer uma base mais segura e um suporte mais estável, firme e duradouro sobre o qual possamos edificar nossa autoestima. É o que faremos nos próximos textos. Até lá!
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