
Padre Jorge Aquino.
Não há dúvida que todos nós nos alegramos em ver relacionamentos longevos. Fico, particularmente, feliz quando encontro aqueles casais já velhinhos que estão juntos a mais de 50 anos. Eles, certamente, poderiam dar muitas importantes recomendações para os casais de hoje. No entanto, mais importante do que relacionamentos longevos, são relacionamentos saudáveis. Sim, a saúde de um relacionamento tem o condão de dar qualidade à vida do casal, ao passo que apenas o passar dos anos, não garante. Assim, quando estudamos mais profundamente as relações, descobrimos que um casamento de sucesso é aquele que melhor desenvolve a empatia, ou seja, a capacidade de “colocar-se no lugar do outro”.
A primeira questão que precisa ser entendida acerca do tema da empatia, tem a ver com sua importância. Quem desenvolveu um ótimo texto sobre esse assunto e expôs, claramente, sua importância e necessidade foi o casal Les e Leslie Parrott. Em seu livro Coloque-se no lugar dele. Coloque-se no lugar dela (2015), o casal Perrott demonstrou que “Os casais mais felizes sobre a face da terra são aqueles que se tornam especialistas em trocar de lugar” (PARROTT e PARROTT, 2015, p. 14). Esta afirmação não deve ser ignorada por quem se preocupa com sua relação. A grande metáfora da empatia está no fato de calçarmos os calçados do outro. Assim, somente quando calçamos os calçados de nosso cônjuge, é que sentimos na pele o que ele passa.
Em segundo lugar, é preciso reconhecer se estamos ou não navegando em mares ignorados. Muitos casais vivem sua relação diária às escuras, sem saber nada sobre o que sente, gosta ou pensa seu cônjuge. E este tipo de relacionamento às escuras é extremamente perigoso e danoso para a relação. Por isso o casal Parrott afirma que, “ao ignorarmos o que o cônjuge pensa, sente ou prefere, não somos felizes. Ao contrário, se existe algo que gera alegria, é a empatia” (PARROTT e PARROTT, 2015, p. 15). A ignorância acerca de seu cônjuge só não é pior do que a ilusão de que sabemos tudo sobre ele. Quantos casais infelizes, por desconhecem-se mutuamente? Como trazer felicidade para alguém sobre quem tão pouco sabemos? Ser empático e sentir que seu cônjuge também é, traz uma imensa sensação de felicidade ao coração. Reconhecer que não sabe o que seu cônjuge pensa, deseja, gosta ou não gosta, é fundamental para que a sensação de felicidade seja real ou não.
Em terceiro lugar, é preciso que compreendamos que existem inúmeras vantagens em se aprofundar uma relação empática com seu cônjuge. Na verdade, essas vantagens abrangem todos os aspectos da vida conjugal. Assim, afirma o casal Parrott, “você pode utilizar essa habilidade essencial para reduzir os conflitos, melhorar a comunicação, aumentar a intimidade e até acender sua vida amorosa” (PARROTT e PARROTT, 2015, p. 15). Em outro momento do texto eles pontuam que, se dermos mais espaço à empatia, “beijaríamos com mais paixão. Sorriríamos com mais frequência. Em poucas palavras, se pudéssemos aplicar instantaneamente e nos acostumar com essa dose de empatia mútua em nosso casamento, fosse qual fosse o momento em que decidíssemos fazer isso, teríamos mais amor” (PARROTT e PARROTT, 2015, p. 25). Das citações acima compreendemos que o aprofundamento da empatia na relação não apenas aprimora a comunicação do casal e que, por via de consequência, aperfeiçoa a intimidade, gera mais felicidade e até gera consequências benfazejas sobre a vida sexual.
Ter empatia por alguém é algo fundamental se realmente desejamos profundada nosso relacionamento. Por isso, já afirmava Elbert Hubbart, “Quem não entende seu silêncio provavelmente não entenderá suas palavras” (HUBBART In PARROTT e PARROTT, 2015, p. 103). A incapacidade de sentir o “outro” ou de ter empatia é uma pedra no caminho de um casal que deseja saúde em sua relação. Portanto, é fundamental que abramos nossa consciência para a necessidade de viver mais empaticamente em relação ao nosso cônjuge, detectando os sinais que estão sendo emitidos e, com essa sintonia, ser apto para trocar de lugar com ele(a) e ver o mundo com o olhar de quem você ama. Se você for apto para tal, você não apenas poderá ter uma relação longeva, mas certamente terá uma relação saudável e feliz.
Referência bibliográfica:
PARROTT, Les; PARROTT, Leslie. Coloque-se no lugar dele. Coloque-se no lugar dela. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2015
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