
Padre Jorge Aquino.
As Escrituras afirmam: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras”. (Eclesiastes 9:7).
O primeiro milagre realizado por Jesus, ocorreu, justamente, em um casamento. Ele consistiu na transformação de água em vinho, e um vinho de extrema qualidade. Por isso, desde cedo, encontramos uma relação entre um bom casamento e um bom vinho. Pensando nisso, diríamos que esse casamento abençoado, como um bom vinho, possui pelo menos três características fundamentais.
Em primeiro lugar, um bom casamento possui cor. Dessa forma, sempre que abrimos uma boa garrafa de vinho e o colocamos em nossa taça, nosso primeiro gesto é o de levantá-la para que se possa ver adequadamente sua coloração. Quando observamos um corpo, vislumbramos que é o sangue que lhe dá cor. O mesmo ocorre com um casamento e com um bom vinho. Quando não há cor, não há sangue, não há vida, é algo anêmico e hipocorado. Assim é o casamento. Ele precisa ter cor para ser um bom. Todos nós somos capazes de verificar a vida pulsando nas veias de um casal saudável. Ele possui sua vitalidade expressa em gestos concretos, no carinho, no respeito e na atenção.
Em segundo lugar, como um bom vinho, um bom casamento possui buquê. Segundo o manual do sommelier, o buquê é o “perfume que um vinho adquire ao envelhecer”, eles são conhecidos também como “perfumes terciários”. Assim, logo após verificar a cor do vinho em nossa taça, nós o fazemos girar para que ele possa “respirar” e permitir que o álcool evapore, e nos permita sentir o bom cheiro que ele exala. Da mesma forma, quando estamos bem casados, as pessoas ao nosso redor sentem um bom cheiro em nós. Esse cheiro é absolutamente diferente do odor exalado por uma relação morta e em decomposição. Na verdade, nós gostamos de estar perto de gente assim, porque gostamos do cheiro de quem ama. Seu odor nos atrai também e nos inclinamos para amar e buscar alguém para ficar ao nosso lado.
Finalmente, em terceiro lugar, assim como um bom vinho, um bom casamento possui um bom gosto. Assim que elevamos o cálice e verificamos sua cor e logo após sentir seu buquê, nós provamos um pouco do vinho, permitindo que ele se espalhe por nossa língua e seja julgado por nossas papilas gustativas. São elas que identificam seu sabor acurado e a qualidade do vinho. Seu bom sabor indica o equilíbrio, sua acidez, quanto tanino ele possui e até mesmo aspectos da terra na qual as uvas foram plantadas. Os tons frutados ou amaderados, por exemplo, também dão indicações sobre sua personalidade. Um sommelier experiente é capaz de descobrir muito sobre o vinho observando sua cor, seu buquê e seu sabor. Mas não é preciso ser um bom sommelier para sabermos que alguns casamentos não tem gosto algum, são aguados, ou já vinagrados.
Que Deus nos dê a graça de termos um casamento comparável a um bom vinho e que possamos bebê-lo com o nosso coração contente, vez que ele é um sinal da graça de Deus sobre nós. Que saibamos levar nosso casamento – como os vinhos -, até a sua mais plena maturidade. Esse é o momento é o auge do sabor da bebida, pois é nesse momento que as suas propriedades vão estar em sua mais perfeita harmonia, realçando e valorizando seus componentes aromáticos.
PS. Na foto, um excelente vinho que ganhei de presente de um querido casal que tive a alegria e a honra de unir em Santo Matrimônio e de batizar os seus dois lindos filhos.
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