THIS IS US

Padre Jorge Aquino.

A Pandemia de COVID-19 trouxe muita dor e sofrimento para milhões de pessoas em nosso país e no mundo inteiro. Apesar disso tudo, pelo menos os inúmeros dias de reclusão em casa me renderam dois presentes: a oportunidade de ler dezenas de livros e de assistir mais de uma centena séries. Algumas delas ainda não pude ver o final, porque a Pandemia não permitiu a gravação. Mas ontem, finalmente, assisti o final de uma das melhores e mais sensíveis séries que jamais vi, refiro-me a This is us.

Com essa série maravilhosa, podemos aprender um sem números de lições. No entanto, eu gostaria de me ater a apenas três. Em primeiro lugar, aprendemos com This is us a valorizar a família, acima de tudo e de todos. É claro que a profissão, o sucesso, a carreira e tantos outros aspectos da vida são importantes. No entanto, aprendemos com Jack e Rebecca que ninguém e nada podem ser mais importantes do que a família. A forma como eles se cuidavam e se defendiam era inspiradora.

Uma segunda lição que aprendemos assistindo This is us é que, ninguém é absolutamente perfeito. Pelo contrário. Acredito que boa parte do sucesso da série se dá pelo fato de que não existe ninguém que, em algum momento, não se identifique com algum erro ou com alguma atitude errada tomada por um dos personagens – ainda que o faça tentando acertar. Na verdade, a série nos mostra que todos nós temos a enorme oportunidade de errar e de acertar. E esse é nosso destino humano comum: errar e acertar diariamente. O que é maravilhoso é perceber que eles sabiam disso. Por isso, apesar de se separar por ter traído Sophie, Kevin volta para ela no fim; apesar de ter sido o responsável pela morte de uma criança, Nick – que se entregou ao álcool e que vivia em um trailer -, refez sua vida e terminou a série casado e feliz; por isso Randall entendeu o que ocorreu com sua mãe – filha de um homem rico mas que se entregou às drogas – e com seu pai, que o deixou dentro de uma caixa de papelão na porta do quartel do Corpo de Bombeiros – porque não tinha como educá-lo. Quantos erros cometidos! No entanto, quanto perdão envolvido! Quanta empatia experimentada! Assim devemos viver a vida. Não como juízes dos outros, mas como pessoas que também erram e que, eventualmente, também precisam ser perdoadas e amadas.

Uma terceira lição que podemos tirar da série é que a vida é um caminho aberto à nossa frente. Não existe um único destino ou um único objetivo na vida. Cada um dos filhos (Kevin, Kate e Randall) acabou seguindo seus próprios caminhos, frutos de suas próprias escolhas e de sua personalidade. Kevin tornou-se ator, apesar de lutar com o alcoolismo, e ao final, volta para o amor de sua adolescência, Sophie; Kate, nunca conseguiu superar sua luta contra a obesidade mas acabou por se separar de Toby, por causa de questões envolvendo o emprego do marido, que o fazia passar quase toda a semana longe de casa. Reandall, talvez o mais “certinho” dos três, era o filho adotivo que, a certa altura da vida, se dedicou a buscar sua história e a conhecer algo sobre seus pais. Ele tinha o núcleo familiar mais estável, apesar dos problemas com Deja. Cada um desses personagens representa uma possibilidade aberta diante de cada um de nós.

Por fim, a quarta lição que eu retiraria da série, nos vem de uma fala dita no penúltimo episódio quando, andando pelos vagões de um trem, Rebecca acaba por ouvir algo extremamente importante sobre o final de sua vida. A mensagem diz algo como: “se você chorou no final, é porque sentiu algo de bom em sua vida”. Não importam as lutas, as decepções, as dores, ou as crises pelas quais passamos. O que devemos valorizar, destacar, estimar e aquilatar em nossa existência, são os bons momentos, as alegrias, as vitórias, os sorrisos, e tudo o de bom pelo qual passamos e que, ao final, realmente, terá valido a pena.

Portanto, meus queridos, cuidem com carinho e paciência de sua família, mesmo nos momentos mais difíceis e sejam sempre amáveis e compassivos uns para com os outros. Afinal, o que importa acima de tudo, é o amor. Nesse aspecto, o personagem mais significativo da série, talvez tenha sido Miguel.