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TERRIVELMENTE EVANGÉLICO: UMA CONTRADIÇÃO EM TERMOS

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 16 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

Reverendo Jorge Aquino.

O cenário político nacional foi tomado, nos últimos meses, pela promessa feita – e mais tarde cumprida – do Presidente da República, em nomear para uma das vagas do Supremo Tribunal Federal uma pessoa que fosse “terrivelmente evangélica”.

Antes de mais nada, é preciso pontuar que, considerando que vivemos em um estado laico, a religião de uma pessoa jamais deveria ser considerada como elemento essencial ou como critério de escolha para alguém que vai ocupar uma das cadeiras da Suprema Corte de nosso país. Isso significa simplesmente que a religião de alguém não pode ser usada como critério de escolha. Os critério apresentados pela nossa Constituição Federal (Art. 101) são simplesmente: notável saber jurídico e reputação ilibada, além de ter mais de 35 anos e menos que 65. Até aqui nenhum problema. Nada se diz sobre aspectos religiosos. A pessoa do pastor André Mendonça demonstrou em sua sabatina no Senado Federal, possuir aqueles atributos exigidos pela Constituição. Isso nos basta.

É bem verdade que vivemos em um país que se diz a maior nação católico romana do mundo, a maior nação espírita do mundo e a maior nação evangélica do mundo. Mas é óbvio que isso não significa que teremos que dividir o STF em cotas para católico, espíritas e evangélicos. E, se isso fosse possível, como ficariam os ateus, agnósticos ou membros de outras religiões? Por isso, muito sabiamente, o constituinte originário não foi além do que era absolutamente fundamental.

Mas, porque afirmo que a expressão “terrivelmente evangélico” é uma contradição em termos? Antes de mais nada, precisamos saber que, a expressão “contradição em termos” é tradução literal da expressão latina “contradictio in terminis” e se refere à contradição existente entre termos opostos dentro da mesma afirmação. Assim, ninguém pode dizer que “o homem cego viu a pedra cair” ou que “o calor excessivo de hoje era muito frio”. Dentro de cada uma dessas frases existe uma contradição inerente aos termos que são usados.

Falar em algo “terrível” e associá-lo ao “evangelho” é igualmente contraditório. Tudo o que é terrível produz terror e aterroriza. A sensação que se tem diante de algo que traz o terror é a de pavor e de pânico. O dicionário Houaiss, da língua Portuguesa, diz, acerca do verbete terrível: “que infunde ou causa terror; assustador, temível”. Por outro lado, a palavra “evangelho”, que tem origem grega (eu+angélion), faz referência a uma boa-notícia, a uma mensagem benfazeja, que faz bem, que traz saúde, paz e alegria. A boa nova que recebemos, em nada tem a ver com algo terrível ou que aterroriza. Pelo contrário, ser evangélico é estar associado aos evangelhos e à mensagem que eles trazem. E essa mensagem é a mensagem que o anjo trouxe no tempo em que Jesus estava para nascer: “Eis que vos trago novas de grande alegria”. Essas “boas notícias” em nada podem ser adjetivadas de terríveis. Afirmar que alguém é "terrivelmente evangélico" ou "terrivelmente cristão" é, pois uma contradição em termos.

Desta forma, desejo que o futuro membro de nossa Corte Constitucional, independentemente de sua religião, atue com justiça, com entendimento e promova a paz e a concórdia. Afinal é isso que afirma o profeta Isaías: “O fruto da justiça será a paz”. Se desejamos um país pacífico, precisamos de um país onde a justiça prevaleça, onde a justiça triunfe e vença toda forma de injustiça, tirania e iniquidade. Estaremos sempre orando para que os que trazem consigo a espada – nas palavras de São Paulo -, tenham ciência de que são instrumentos de Deus para o bem de toda a sociedade e não de um pequeno grupo de amigos ou protegidos.



 
 
 

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