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TEOLOGIA DA RECONCILIAÇÃO

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 20 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura
reconciliação

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Apesar de termos um discurso em todo o Novo Testamento acerca desse tema, George Eldon Ladd nos informa que Paulo é o único escritor neotestamentário que utiliza os termos katallasso e katallage. Muito embora estes termos não sejam muito utilizados no Novo Testamento, eles são extremamente importantes para sua mensagem. Ademais, percebe-se claramente que, em Paulo, estes conceitos estão relacionados à obra de Cristo, muito mais do que outros conceitos como, por exemplo, o “perdão” e a “justificação”. A centralidade desses termos paulinos é fundamentada em quatro verdades bastante claras. Vejamos cada uma dessa verdades individualmente.

(1) Em primeiro lugar, o que torna a “reconciliação” algo fundamental na teologia paulina, é a crença de que o ser humano está afastado de Deus em razão de seu pecado. Assim, afirma Ladd, “A própria ideia da reconciliação sugere alienação. A reconciliação é necessária, entre duas partes, quando ocorreu algo que causou o rompimento e fez com que uma ou ambas as partes se tornassem hostis uma a outra. O pecado alienou o homem de Deus” (LADD, 1984, p. 420). Assim, nossa separação de Deus – o “Totalmente-Outro”, e nossa separação do “Outro”, tem como fundamento ontológico, nossa realidade pecaminosa, ou seja, nosso orgulho (hybris).

(2) Em segundo lugar, desta forma, o pecado quebra nosso relacionamento com Deus e com os “Outros”, construindo barreias que se tornam cada vez mais forte. Em relação à Deus, esta barreira se revela intransponível em função da santidade de Deus, que se contrapõe à nossa realidade pecaminosa. Somos impuros, fracos e teimosos. E isso nos separa de Deus. Mas Ele, que é pura misericórdia, se revela disposto a nos reconciliar com Ele, por meio de Cristo. Assim, a morte de Cristo representa a manifestação suprema do amor de Deus por nós. O sacrifício de Jesus “É o próprio amor de Deus a fonte e o fundamento da reconciliação” (LADD, 1984, p. 421). Assim, se por um lado, nossa reconciliação com Deus exige a morte de Jesus, por outro lado, essa mesma morte nos torna aptos para nos reconciliarmos com os outros. Somente quem experimentou a misericórdia, é capaz de ser misericordioso. Por isso em Cristo as pessoas e as nações que eram inimigas se reconciliam.

(3) A terceira verdade nos diz que a reconciliação é obra de Deus, em Cristo. A iniciativa é de Deus. Segundo Ladd, “Deus é sempre o sujeito da reconciliação e o homem, ou o mundo, é o objeto. […] O homem não pode se reconciliar com Deus; ele tem que ser reconciliado com Deus através da ação divina” (LADD, 1984, p. 421). Assim, é Cristo quem realiza a obra reconciliatória de Deus. Cristo se entrega para restabelecer a comunhão. Por isso, não é errado dizer que Deus inicia e Cristo realiza o processo de reconciliação. Sua reconciliação com o próximo, também se fundamenta na obra redentora de Cristo. Assim, mesmo nossa aproximação com o outro, não dependerá nem de nossa justiça nem de nossa bondade, mas da aplicação prática da misericórdia de Deus em Cristo.

(4) Por fim, em quarto lugar, a morte de Cristo é uma representação do amor de Deus. Ao morrer, Cristo comprovou o amor de Deus pela humanidade, ainda pecadora. O homem não precisou fazer nada para merecer isso. Por isso, “É o próprio amor de Deus a fonte e o fundamento da reconciliação” (LADD, 1984, p. 421). Ao morrer, Deus torna possível transpor as barreiras e fazer com que o pecador seja abraçado pelo que é absolutamente santo. Da mesma forma, a morte de Jesus quebra nossa arrogância e nos torna aptos a quebrar toda as barreiras que criamos e nós agora, podemos restaurar relacionamentos que foram rompidos por causa de nosso pecado. Para tanto, é preciso que haja em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo que, sendo em forma de Deus, se humilhou e assumiu a forma de homem para se identificar conosco e nos salvar.

Referência bibliográfica:

LADD, George Eldon. Teologia do novo testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1985

 
 
 

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