SOBRE O QUE TEM SUPREMA IMPORTÂNCIA PARA NÓS
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 21 de dez. de 2020
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Reverendo Padre Jorge Aquino.
Indiscutivelmente, em uma sociedade capitalista, cada vez mais marcada pelo consumo, não seria tão absurdo parodiar Descarte dizendo: “compro, logo existo”. Sim, mais do que nunca as “coisas” se tornaram necessárias para nossa felicidade e para que tenhamos uma existência satisfatória. Lamentavelmente não nos damos conta que um sistema capitalista como o que vivemos, pode realmente ser definido como um sistema no qual o indivíduo “compra o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para mostrar a quem não conhece aquilo que ele não é”. Em resumo, vivemos sob o domínio do “deus” dinheiro, que nos permite ter cada vez mais. Acredito que poucos discordariam de mim sobre a suprema importância que o dinheiro tem hoje em nossa sociedade e de como ele dirige nossas vidas através das taxas de juros, da variação do mercado e da vida das bolsas de valores.
No entanto, alguns indivíduos antiquados, ainda diriam que, para além do ter, ou para além do dinheiro, do capital e do sucesso, Deus ainda é aquele que exerce suprema importância em nossa vida. Dentre aqueles que advogam essa tese, cito o Rabi Abraham Heschel que escreveu: “Deus não tem importância alguma até que tenha suprema importância”.
Creio que, vislumbrando uma sociedade na qual as pessoas (nominalmente Cristãs) professam a fé cristã, mas vivem como ateus em seus critérios e valores, um pensador como Nietzsche chegou a afirmar que “Deus está morto”. É claro que ao utilizar essa metáfora ela não estava dizendo que alguém pegou uma escada, foi até o céu, se esgueirou por trás do trono do Altíssimo e o esfaqueou pelas costas. Sua crítica é muito mais requintada. Ao denunciar a morte da metafísica como sendo a morte de Deus, ele denunciava que os valores outrora defendidos estavam superados.
A questão que se impõe sobre nós, é: afinal, o que – ou quem – exerce o papel de absolutidade em nossa vida? Quem para nós está acima de todos os valores e de todas as estruturas humanas? Para Heschel, enquanto Deus não assumir esse papel de suprema importância em nossa vida, ele jamais terá alguma importância para nós. Dessa forma, preciso lembrar que nada – nem um messias, nem um partido, nem uma ideologia, nem um bem, nem um modelo econômico -, absolutamente nada, pode estar acima de Deus em nossa vida! Que tenhamos a condição de escolher o caminho certo, ainda que isso implique em uma postura impopular e minoritária em nossa sociedade.

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