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SOBRE JOHN CLARE

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 21 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Nestes tempos de COVID a gente não tem escolha, senão ficar em casa e ler um bom livro e assistir as séries disponíveis ne TV. Em uma delas - Penny Dreadful -, fiquei pessoalmente tocado com a profusão de citações de poesias de um ilustre poeta inglês filho de agricultor, e que viveu no século XIX, mas que somente foi realmente descoberto no final do século XX. Refiro-me a John Clare (1793-1864).

Este grande autor talvez não tenha obtido grande sucesso em vida, pelas mesmas razões que fizeram com que Kierkegaard e Nietzsche também não tiveram, ou seja, sua pena era excessivamente triste para a época e seus temas doloridos demais para seus contemporâneos. Contudo, em tempos onde o existencialismo pode caminhar com mais tranquilidade e onde os grandes sonhos da Modernidade se revelaram falaciosos, ler John Clare pode ser uma boa pedida para esses momentos em que podemos nos debruçar sobre um texto razoavelmente profundo. Citarei abaixo, apenas um de seus poemas mais famosos:

Eu sou – mas o que sou ninguém se importa ou conhece;

Meus amigos desistiram de mim como uma memória perdida:

Sou o consumidor de minhas próprias mágoas –

Elas sobrem e desaparecem em um chão alheio,

Como sombras em dores delirantes de um amor sufocado

E ainda assim eu sou, e vivo – como vapores exalados


Para o nada de desprezo e barulho,

Para o mar vivo de sonhos acordados,

Onde não há senso de vida ou alegrias,

Mas o vasto naufrágio das estima da minha vida;

Até o mais querido e o que mais amei

São estranhos - ou melhor, mais estranhos que o resto.


Anseio por cenas onde o homem nunca pisou

Um lugar onde as mulheres nunca sorriram ou choraram

Para habitar com meu Criador, Deus

E dormir como eu dormia docemente na infância,

Imperturbável e despreocupado onde repouso

A grama abaixo – acima o céu abaobado.


Eis um exemplo dessa linguagem dura e vibrante de um homem acostumado com as dores da vida na fazenda e testemunha do surgimento de um mundo egoísta e centrado no lucro e na produção. Que vocês tenham uma boa leitura!!




 
 
 

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