SOBRE A INSATISFAÇÃO
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 7 de ago. de 2019
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Reverendo Padre Jorge Aquino.
Um dos mais gritantes malefícios que uma sociedade de consumo traz é a sensação de que sempre precisamos de mais do que temos. Sempre precisamos de um outro relógio, outro sapato, outra bolsa, outra roupa, ou qualquer outro bem de consumo. Essa sensação é a culpada pelo aumento do número de pessoas ansiosas em nossa sociedade.
Existe, no entanto, um ditado muito significativo, e que tangencia esse tema, que eu gostaria de citar. Ele diz assim: “Quem não sabe enxergar o que tem, vive como se não tivesse nada”. Notem que o centro do ditado nem estar na questão do “ter” ou “não ter”. A grande questão que precisamos aprender a vislumbrar é a de “enxergar” a realidade.
Dessa forma, o grande problema de nossa sociedade é, de fato, um problema de visão. Nossa sociedade enxerga mal, é míope e incapaz de distinguir que a felicidade não reside em “ter”, mas em “ser”. Nesse sentido, faz todo sentido dizer que aquele que não é capaz de enxergar aquilo que tem, acaba vivendo uma vida infeliz, acreditando que não tem nada.
Mas, na verdade, Deus já nos deu tanto! Hoje, mesmo, já ganhamos de presente de Deus, mais um dia! Ganhamos a possibilidade de saber ler, para poder entender essas palavras. Temos a possibilidade mudar de perspectiva e, portanto, mudar de vida, buscando muito mais a felicidade do que os bens ou as coisas. Quando olhamos ao redor e vemos tudo o que já recebemos de Deus, então percebemos o quão afortunados somos. Quem não consegue enxergar isso, lamentavelmente, sucumbe à dominação do consumo.
É por isso que, o velho ensinamento de Descartes: “Penso, logo existo” acabou, em nosso mundo, se transformando em: “Compro, logo existo”. Que você possa ter a alegria de encontrar a felicidade onde ela realmente está – não em uma vitrine de loja -, mas em Deus e em tudo o que ele já nos deu.
Lembremos da antiga música religiosa – da Harpa Cristã – que ainda hoje nos ensina a vencer essa sensação de insatisfação:
“Graças dou por esta vida: pelo bem que revelou.
Graças dou pelo futuro, e por tudo que passou.
Pelas bênçãos derramadas, pela dor, pela aflição,
Pela graça revelada! – graças dou pelo perdão.
Graças pelo azul celeste e por nuvens que há também,
Pelas rosas do caminho, por espinhos que elas têm,
Pela escuridão da noite, pela estrela que brilhou,
Pela prece respondida, pelo sonho que falhou.
Pela cruz e o sofrimento e por toda provação,
Pelo amor que é sem medida, pela paz no coração,
Pela lágrima vertida, pelo alivio que é sem par.
Pelo dom da eterna vida, sempre graças hei de dar!”
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