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SER UM ANGLICANO

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 27 de set. de 2020
  • 4 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino

Tratar deste tema é simultaneamente fácil e difícil. É fácil em função de sua relação com as outras igrejas Cristãs, o que torna fácil compreender o que significa ser um Anglicano. Mas ser um Anglicano também pode ser algo de difícil explicação, em função da visão comum entre os latinos de que somente a igreja Romana é igreja Católica. Esta visão foi produzida pela confluência de dois fatores: a “descoberta” do Brasil, que ocorreu durante o movimento da “contra-Reforma”. Portanto, era preciso “desqualificar” todos os que não eram Romanos e coloca-los na vala comum dos não-católicos. No entanto, tratando deste assunto, nos utilizaremos de três temas fundamentais.

I. Em que creem os Anglicanos?

Os Anglicanos não creem em nada de absurdo. Os Anglicanos, como todos os demais Cristãos, creem de Deus e em Jesus Cristo, aquele por meio de quem Deus se fez conhecido entre nós. Os Anglicanos também acreditam no Espírito Santo, e, portanto, também acreditam na Santíssima Trindade, em nome da qual, batiza a todos os desejam tornar-se cristãos assim como a seus filhos. Diante do exposto, parece-nos claro que os Anglicanos acreditam em todos os pontos centrais de toda a fé cristã tradicional também acredita e estão descritos nos primeiros credos históricos da Igreja Cristã.

II. O que não nos faz diferentes dos demais cristãos?

Na realidade, não há muita diferença. Assim como os demais cristãos, os Anglicanos aceitam que a Bíblia contém tudo aquilo que é necessário para a salvação e tudo o que precisamos saber sobre assuntos como o pecado, o mal e a vida cristã.

Os Anglicanos acreditam que a vida cristã envolve a adoração e a oração regular, tanto privada quando pública, em uma prática diária mas, especialmente, no chamado “Dia do Senhor”, ou seja, no domingo.

Os Anglicanos acreditam que as pessoas se tornam membros do Corpo de Cristo por meio do Batismo e que, uma vez batizado, devem alimentarem-se espiritualmente, regularmente, por meio da participação da Santa Eucaristia.

Os Anglicanos aceitam os principais Credos que resumem a fé cristã: o Credo Apostólico, usado nos Ofícios diários, batismos e celebrações dominicais, e o Credo Niceno, usado maiormente nas principais festas da Igreja.

III. O que, então, distingue um Anglicano dos demais cristãos?

Realmente parece estranho falar que os Anglicanos diferem dos demais cristãos se eles têm tanto em comum com as outras denominações. Mas, quando olhamos o Anglicanismo mais de perto, percebemos, no entanto, que existem alguns elementos que lhe são próprios. O Revd Charles Sherlock propõe que o que nos distingue, enquanto Anglicanos são, pelo menos quatro elementos.

1. A História

Os Anglicanos, em primeiro lugar, possuem um forte senso histórico que permeia sua fé. A maioria dos Ofícios e das Celebrações Anglicanas utilizam palavras e costumes que misturam o passado e o presente. Os Anglicanos, portanto, têm um forte senso histórico no que diz respeito à sua liturgia, em que pese sua abertura para o novo. Outro elemento que revela nossa tendência em resguardar o passado também pode ser vista no fato de que cada ministro Anglicano foi ordenado por um Bispo que foi ordenado por outro Bispo que estão dentro de uma sucessão apostólica que remonta até a época dos Apóstolos.

Mas o que torna o Anglicanismo um rio caudaloso e vigoroso é que ele é o resultado da confluência de três importantes tradições que se encontraram na Inglaterra e se fundiram criando uma igreja peculiar. No Anglicanismo encontramos a tradição Celta, que é profundamente rica em sua liturgia e em sua tradição; a tradição Romana, que chega na Inglaterra por meio do monge Agostinho – mais tarde o primeiro Arcebispo de Cantuária -, e a tradição Reformada, que nos legou a importância da celebração na língua do povo, a Bíblia traduzida para a língua do povo, a comunhão nas duas espécies, o fim do celibato obrigatório, etc. Nenhuma outra denominação possui essas três influências tão marcantes.

2. O Mundo

Os Anglicanos também se distinguem de muitos setores do cristianismo porque eles têm uma visão positiva do mundo. Enquanto boa parte da sociedade é ciente do que está errado com as pessoas, com o mundo e com as igrejas, os Anglicanos mantém sua crença de que Deus está ativo e agindo em vários aspectos do mundo e até por meio de pessoas que não são cristãs. Os Anglicanos possuem uma sólida crença em um Deus presente na vida diária de seu povo. E como esse povo está vivendo “no mundo”, cremos que Deus está interessado em mudar o mundo por meio de seu povo. Assim, os Anglicanos entendem que são uma das agências do Reino de Deus no mundo. Por isso os Anglicanos debatem assuntos como Direitos Humanos, AIDS, violência doméstica, intolerância, etc., além de estarem envolvidos em Comissões Bilaterais com outras igrejas cristãs e outras religiões, debatendo vários desses assuntos.

3. Liberdade

Em terceiro lugar, os Anglicanos valorizam bastante a liberdade. Com raízes fortemente embasadas na Bíblia, nos Sacramentos, nos Credos, e no Ministério ordenado, os Anglicanos se sentem à vontade para tolerar uma série de variedades sobre crenças e estilo de vida. Os Anglicanos não são exclusivistas e estão dispostos a conversar com qualquer um que queira ouvir das Boas Novas de Jesus. É claro que igrejas Anglicanas diferentes possuem diferentes formas de viver essa liberdade. Esta liberdade, contudo, deve ser vivida em respeito mútuo, ainda que ela traga consigo alguma tensão.

4. Uma Igreja

Finalmente, os Anglicanos acreditam que são apenas uma parte (transitória) da Igreja Uma, Santa, Católica e Apostólica de Cristo. Os Anglicanos não se veem como portadores da única e verdadeira tradição Cristã e muito menos associam o Reino de Deus à Igreja. Muito ao contrário, estamos sempre dispostos a dar as mãos às demais expressões do Cristianismo e aprender com elas – até porque nossa fé está sempre aberta à reforma – e buscando a unidade que Cristo tanto desejou para seus filhos, a fim de trazer maior glória a Deus.



 
 
 

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