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SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE ANGLICANOS E ROMANOS

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 5 de out. de 2020
  • 3 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino

Muitas pessoas me perguntam sobre as diferenças e semelhanças entre as igrejas Anglicanas e a igreja Romana. Procurarei, de forma bem simples apresentar esta matéria com a finalidade de dirimir eventuais dúvidas dos interessados. Antes de qualquer coisa, é importante registrar que há três temas a serem considerados aqui: a liturgia, a credenda e a agenda.

No que diz respeito à liturgia, as duas igrejas são muito parecidas. Os ritos sacramentais seguem basicamente a mesma ordem com raras exceções. O Ano litúrgico também é o mesmo, as cores das estolas também são as mesmas e mesmo as leituras dominicais coincidem em 90% das vezes. No entanto, os Anglicanos possuem o Livro de Oração Comum, que difere do Missal Romano, em sua linguagem - que tem um conteúdo mais bíblico - e pelo fato de ser um livro que está nas mãos de todos os Anglicanos e não adstrito ao presbítero.

Quanto à credenda, ou seja, àquilo que “se acredita”, podemos afirmar que a fé das duas igrejas é muito parecida. Ambas aceitam as resoluções produzidas pelos quatro primeiros Concílios Ecumênicos, o que faz com que as principais doutrinas sejam basicamente as mesmas. Recitamos os mesmos Credos (Apostólico e Niceno) em nossas liturgias.

No que tange à agenda, ou seja, ao que “se faz”, no entanto, encontramos muitas diferenças; algumas delas significativas.

1. Administrativamente, as igrejas Anglicanas são autônomas (autocéfalas) ao passo que a igreja Romana é centralizada na Sé romana. Isto significa que enquanto cada igreja Anglicana pelo mundo pode tomar decisões próprias sobre sua administração sem ter que consultar a Inglaterra, na igreja Romana, tudo passa pela cúria e pelo Papa. Ademais, no Anglicanismo o poder de decisão, tanto dentro da paróquia, quanto na diocese ou na Província, é distribuído e diluído entre leigos e clérigos; ao passo que, no Romanismo o poder é centralizado no padre, no bispo e no Papa. Em outras palavras, o Anglicanismo é uma espécie de parlamentarismo constitucional ao passo que o Romanismo é uma monarquia absolutista.

2. O Anglicanismo não apenas permite que as pessoas se divorciem. Permite também que elas comunguem e se casem novamente. No Romanismo elas até podem assistir a liturgia da missa, mas, caso se casem novamente (civilmente) ou vivam em união estável, estarão em adultério e, por isso, são excomungadas, ou seja, estão fora da comunhão eucarística.

3. O Anglicanismo incentiva o uso de todos os tipos de métodos contraceptivos para o planejamento familiar responsável; ao passo que no Romanismo, o único recurso que o fiel dispõe é a conhecida “tabela”.

4. No Anglicanismo qualquer clérigo (Diácono, Presbítero ou Bispo) pode se casar. Na igreja Romana latina, somente o Diácono pode ser casado. Os Padres e, obviamente, os Bispos, são todos obrigatoriamente celibatários, ou seja, são proibidos de contrair o matrimônio.

5. Finalmente, como no Anglicanismo as igrejas, ou Províncias, são autocéfalas, há igrejas Anglicanas que só ordenam homens, outras que ordenam mulheres até o diaconato, outras que aceitam mulheres no presbiterado e outras que já ordenam mulheres até o episcopado. Tudo dependerá de cada igreja individual. No Romanismo a mulher não pode, jamais, ser ordenada.

Mas, acredito que a principal diferença entre as duas igrejas é que, enquanto a igreja de Roma é muito presa a aspectos canônicos, próprios do direito romano, os Anglicanos – refletindo o direito consuetudinário – são mais pastorais e abertos para dirimir as questões de uma forma mais pessoal e menos legalista.

Para estudos mais aprofundados, seria interessante registrar que em março de 1966, o Arcebispo Anglicano de Cantuária, Dr. Michael Ramsey, fez uma visita ao Papa Paulo VI, em Roma. Este evento ensejou a criação chamada ARCIC – Comissão Internacional Anglicana-Católico Romana. A comissão fixou três temas importantes a serem discutidos por teólogos das duas igrejas: a Eucaristia, o Ministério e a Ordenação. Na sua primeira fase (1970-1981), foram feitas uma série de reuniões sobre a Eucaristia, ordenação e ministério, e um documento final saiu em 1981. Em sua segunda fase (1983-2011), foram abordados temas como o da salvação, do magistério, da comunhão e o papel de Maria, mãe de Deus. Na terceira fase (iniciada em 2011) a ARCIC está discutindo sobre a Igreja como Comunhão – Local e Universal e os ensinamentos éticos e jurídicos de ambas as famílias cristãs. Os interessados em saber mais sobre a relação entre as duas igrejas, podem pesquisar mais com base nesses textos.



 
 
 

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