Quatro mitos sobre o casamento
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 10 de set. de 2018
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Reverendo Padre Jorge Aquino.
É surpreendente ver que muita gente, mesmo depois de anos de casados, ou mesmo depois de ter se divorciado duas ou três vezes, ainda acredita em alguns mitos acerca do casamento. J. Allan Petersen nos mostra quatro dos mitos mais comuns acerca do casamento e que eu gostaria que você soubesse.
1. Meu casamento foi feito no céu. Quando compramos uma calça ou camisa é cada vez mais comum ver na etiqueta a expressão “made in china”. Para muita gente, se foi Deus que fez o casamento, a consequência inevitável é que ele será um sucesso. A pressuposição deste mito é que só existe uma pessoa certa pra você e que Deus a colocou diante de si. Mas no casamento nós não somos apenas peças de um jogo de Deus. E então, quando as coisas começam a complicar, agimos como Adão: “a mulher que tu me deste”, jogando a culpa em Deus. Acreditar neste mito nos dá a falsa segurança de que não temos que nos esforçar para enfrentar as lutas e as crises próprias do casamento.
2. Devo encontrando o meu papel no lar. Muita gente ainda pensa que quando cumprimos aqueles papéis que estão escrito em Efésios (onde o homem é o cabeça da mulher e tem que amá-la, enquanto ela tem que obedecê-lo) o casamento será um sucesso. Tenho visto muitos casais cumprindo estes papéis e assistindo seus casamentos falindo. Este texto reflete uma realidade sócio-cultural que precisa ser desconstruída e reconstruída em nossa sociedade. Hoje sabemos que fomos criados com dons, características e peculiaridades diferentes e que as funções no casamento estão relacionados ao bom exercício destes dons e não ao gênero de quem o exerce.
3. O casamento me fará feliz. Muita gente acredita que com o casamento estamos nos separando de nosso passado e encontrando o amor perfeito que nos garantirá a felicidade eterna. É como se o casamento fosse um novo começo. Mas ele não modifica o passado. Ele o revela. Outros pensam que seu cônjuge dará tudo o que for preciso para a felicidade. Pessoas assim se tornam aleijados emocionais. David Wikerson disse certa vez: “o casamento não é feito de duas metades tentando se tornar um todo. (…) O casamento nunca funciona, a não ser que cada cônjuge mantenha sua identidade, estabeleça os seus próprios valores, encontre o seu próprio senso de realização e descubra a sua própria fonte de felicidade… através do Senhor”. Entenda, o amor, como disse Erich Fromm “não é uma vítima de minhas emoções, mas um servo de minha vontade”. O amor é um desejo e uma prática direcionada a uma pessoa.
4. Os filhos mantêm o casamento. Diferentemente do que ensinam por aí, os filhos não resolvem os problemas conjugais, eles apenas os revelam e agudizam. O Dr. Armin Grams escreveu: “nunca se pretendeu que os filhos fossem o eixo da família. O seu lugar é na periferia, protegidos e amados, mas respeitados como crianças (…). O centro de uma família é a relação entre o marido e a esposa”.
Todos estes mitos tem algo em comum: a crença de que os outros (Deus, seu cônjuge ou seu filho) são os responsáveis pelo seu bem-estar. Acho que já é hora de acordar e questionar estes mitos e assumir a sua felicidade como uma construção cuja responsabilidade é sua e de seu cônjuge.
(PS. Foto by Wellington Fungisse)
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