QUANDO CASAMOS COM HEROÍNAS
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

- 27 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
Reverendo Padre Jorge Aquino.

Em todas as guerras, algumas pessoas se destacam por seu valor, sua audácia e seus gestos e atitudes, apesar dos perigos, e com o risco de suas próprias vidas. Essas pessoas, costumamos chamar de heróis. Quer queiramos ou não, todos os países de nosso planeta, hoje, estão experienciando uma guerra contra um inimigo invisível, mas, nem por isso, menos perigoso. Todos estamos enfrentando o novo Corona Virus (Covid-19) que tem lavado ao colapso o sistema de saúde em vários países e levado à morte, mais de meio milhões de pessoas, enquanto escrevo essas linhas.
Mas é preciso destacar que os nossos heróis não são como os heróis mitológicos das culturas greco-romana, nórdica, celta, etc. Eles não possuem poderes especiais sobre a natureza nem a principal característica dos deuses, qual seja, a imortalidade. Nossos heróis são de carne osso, possuem família, sentimentos, medos. Eles se cansam até a exaustão e, apesar dos aparelhos de proteção que usam, colocam suas vidas em risco todos os dias, e assim farão, enquanto durar esta guerra.
Eu tenho a sorte de estar casado com uma dessas heroínas. Eu assisto, diariamente, seu acordar e o início de suas preocupações. Eu testemunho seus medos, sua dedicação, suas dores, seu estresse e suas angústias. É comigo com quem ela conversa sobre as batalhas diárias e sobre seu grande sofrimento em não poder ver nossos netos. Por ser enfermeira da Estratégia de Saúde da Família, é ela quem coordena o trabalho dos médicos, dentistas, auxiliares de enfermagem e agentes de saúde. Coordenar um grupo tão grande de pessoas – com seus próprios medos e receios -, também não é uma tarefa fácil. Por ser a enfermeira do posto, não pode haver vacinação sem sua presença e sua orientação. No entanto, apesar de fazer parte do grupo de risco, ela se esforça e se doa diariamente e incansavelmente, para distribuir saúde e esperança em uma comunidade de pessoas amedrontadas e, muitas vezes, sem conseguir ver a luz no fim do túnel.
Deus sabe de todas as coisas. Ele sabe a razão pela qual nos colocou um na vida do outro. Somos cientes de nossas diferenças, mas, principalmente, de nossas semelhanças. Somos conscientes de como somos importantes um para o outro. E, em razão disso, não posso, em momentos como esse, desconsiderar os valores, as virtudes, os princípios, a coragem, a força e o desprendimento dessa mulher tão valorosa. Sou grato a Deus por sua vida e não canso de dizer que ela é uma grande e audaz heroína nestes tempos de pandemia. A você, Mônica, rendo meus mais sinceros agradecimentos, minha completa dedicação, minha homenagem e todo o meu amor.


Comentários