QUANDO A MALEDICÊNCIA ENCONTRA A COVARDIA
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 12 de nov. de 2021
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Reverendo Jorge Aquino.
Existem pessoas que tem uma imensa dificuldade de se olhar no espelho ou que precisam de uma cama ao lado, na hora de dormir, para colocar sua consciência. Gente assim, geralmente é marcada por um ou pelos dois piores signos de nosso tempo: a maledicência e a covardia. A maledicência é um defeito terrível, mas, quando vem associado à covardia, se torna inescusável.
Por maledicência, me refiro ao hábito de falar mal dos outros, de difamar, detratar e maldizer. Com um detalhe, sempre na ausência de quem é o objeto dos comentários. Lamentavelmente o mundo está repleto de pessoas assim. Na verdade, no mundo de hoje, em que as pessoas se escondem atrás de um computador, os maldizentes se multiplicaram e agem de forma incólume. Duas questões quero levantar sobre os maledicentes: como agem e por que agem dessa forma.
Acerca da primeira questão, devemos saber que todos os maldizentes ou detratores da vida alheia, agem com um modus operandi já bem conhecido: com suavidade, candura e de forma cordial. Até chegamos a pensar que eles estão realmente querendo nos proteger de uma pessoa ruim. Mas a verdade não está na superfície. Esse comportamento ardiloso, no entanto, revela como a sagacidade das serpentes está presente nas pessoas maledicentes.
A segunda questão é mais sutil e subliminar, estando escondido nas entrelinhas. Na verdade, existe uma razão inconfessável para que a pessoa se revele um maledicente: a inveja, ou seja, a invídia. Sim, por trás de uma pessoa que fala mal de outra, existe uma alma ávida por ter algo que ela não tem. Pode ser qualquer coisa. A fama, o dinheiro ou simplesmente a admiração. Mas a inveja é sempre o motor que move a língua de quem fala mal do outro. Por ser algo vergonhoso, nunca se confessa, mas os gestos e as palavras revelam o que subjaz ao texto.
A maledicência e a calúnia são elementos próprios de pessoas cujos espíritos são sombrios. É, como alguém já disse, “uma baixeza de alma que é sempre a marca de um coração covarde e de uma mente torcida”.
Sobre a covardia, ela também é algo vergonhoso. Ela é marcada pela falta de coragem, pela fraqueza, pelo medo e pelo temor. A covardia é a marca de quem prefere arranjar desculpas e evitar a verdade e o confronto. O covarde não olha nos olhos, não encara, não anda de cabeça erguida, prefere olhares indiretos. Por isso Rafael Rolim já afirmava que a covardia é a virtude dos fracos. Assim, quando a maledicência encontra a covardia, o ambiente está preparado para que alguém seja imolado no altar da hipocrisia. Sangue inocente costuma correr neste momento, e ela é feita da reputação das pessoas. Desta forma, o covarde, orientado pelo detrator, nunca procura a vítima para saber se os fatos são, realmente, como lhes foram ditos. O covarde não quer “mexer nas coisas”, ele se exime, se esconde, evita se “manchar” com algum tema perigoso para ele – afinal ele é um covarde!
Que Deus nos dê a sabedoria para compreender que, quem passa vida julgando as pessoas, acaba não tendo tempo suficiente para amá-las. E sem a prática do amor, nossa vida não tem sentido. Por fim, siga sempre um sábio conselho que diz: “Pare de se sentar à mesa de quem fala mal dos outros, pois quando você se levanta, o assunto será você”.

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