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PROCURANDO UM CERIMONIAL PARA SEU EVENTO

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝


Padre Jorge Aquino.

Como alguém diretamente ligado a casamentos e aos noivos, eu percebo a angústia por que passam alguns casais para escolher o seu cerimonial. E é pensando em vocês que eu gostaria de dar algumas dicas a respeito deste tema.

Antes de mais nada, precisamos saber o que é um cerimonial. O cerimonial é o nome que damos à uma empresa que contratamos e que são compostas por cerimonialistas, ou seja, os profissionais responsáveis pela organização de evento. Assim, em se tratando de “cerimoniais” ou festas (como quinze anos, formaturas, batizados e casamentos) o que eu posso dizer é que, a cada dia me surpreendo com algumas atitudes e posturas. Por isso vou apresentar alguns cuidados que você deve ter antes de contratar um cerimonial para seu evento.

O primeiro dado razoavelmente escandaloso é que, na última vez que contei, existiam mais de 140 cerimoniais em minha cidade. Isso realmente é um absurdo e só revela que tem muita gente querendo ganhar dinheiro, mas, sem ter competência alguma para tal. Normalmente são pessoas que trabalharam por algum tempo em algum outro cerimonial da cidade e resolveu abrir o seu próprio, para ganhar um dinheiro a mais no fim de semana. Portanto, o primeiro critério que um casal deve buscar antes de contratar um cerimonial para seu casamento é a experiência. Procure saber a quanto tempo esse cerimonial está no mercado e não se engane com sorrisos largos e preços baixos; isso não é sinal de qualidade e experiência.

Em segundo lugar, procure um cerimonial que respeite o rito de sua religião. Ora, sabemos que cada religião possui ritos próprios para a celebração matrimonial. Um Anglicano, um Batista, um Luterano ou um Romano (e eu coloquei em ordem alfabética), possuem ritos próprios que devem ser observados pelo ministro obrigatoriamente. O cerimonialista não tem autoridade para impor ao ministro elementos estranhos à liturgia de cada Igreja sem, ao menos, conversar com o ministro. Lamentavelmente posso testemunhar de cerimonialistas que me “comunicaram” que haveria um elemento na cerimônia, sem sequer perguntar se esse elemento cabia ou contrariava o rito e a doutrina. Um bom cerimonialista respeita o sacerdote ou pastor; ele não o trata como mero coadjuvante do evento – que não existiria sem ele -, mas procura, educadamente, saber se tal ou qual elemento pode ou não ser utilizado. Uma das formas mais clara que me faz perceber esse respeito, é o pronome de tratamento que o/a cerimonialista usa quando fala comigo. Afinal como você trataria um sacerdote com mais de 50 anos? O mínimo que se espera é que essa pessoa me trate com a deferência e o respeito que – ao menos a minha idade confere – e não como se eu fosse um coleguinha de escola. É fácil saber disso. Esse cerimonialista vai falar de mim da mesma forma. Veja se ele/a trata o sacerdote de forma respeitosa. Caso não, a responsabilidade é sua. Lembre-se, quem fala mal dos outros para você, fala mal de você também.

Em terceiro lugar, procure um cerimonial que não seja inseguro ou que minta. Explico. Depois de ter feito o contrato com os noivos, marcando o horário da cerimônia um determinado momento, dias antes da celebração, recebo uma ligação do cerimonial para confirmar o matrimônio, mas me dizendo um horário diferente - geralmente anterior - ao que ficou acertado no contrato. Por que fazer isso? Ou bem é um cerimonial inseguro ou bem é pura mentira mesmo. Quero registrar que, em mais de 30 anos fazendo casamentos, só cheguei atrasado duas vezes. Na primeira vez foi com a ciência dos noivos, que insistiram que eu fizesse sua cerimônia, mesmo sabendo que eu teria um matrimônio anterior. Detalhe, atrasei dez minutos. Na segunda vez, tive um problema com o automóvel, mas só atrasei quinze minutos.

Em quarto lugar, procure um cerimonial honesto. Lamentavelmente existem cerimoniais que omitem dos noivos que os sacerdotes católicos romanos, não podem celebrar matrimônios fora da paróquia, sem a licença do bispo diocesano. Essa é a regra conforme está escrito no Código de Direito Canônico. Fora disso, reina a ilegalidade. O pior é que existem padres romanos que, mesmo sabendo da proibição, vão celebrar com esses cerimoniais, mentindo e pondo em risco a validade do matrimônio do casal. Esta desonestidade (ou ignorância) ocorre também quando o cerimonialista sabe que um “juiz de paz” não é um “juiz de direito” e que aquele, por ser apenas um representante de um cartório, não pode celebrar o rito matrimonial como se sacerdote fosse. Essa “mímica” ou “pantomima” feita por alguns juízes de paz (que sequer formados precisam ser) é omitida por alguns cerimoniais porque eles pensam apenas em seu dinheiro.

Em quinto lugar, procure um cerimonial que tenha um canal aberto para falar com você. Quantas noivas desesperadas eu já não ouvi reclamando que não conseguiam falar com seu cerimonialista? Eu próprio já liguei mais de 10 vezes, para dois números diferentes, durante três dias seguidos, e não consegui falar com um determinado cerimonial. Esse tipo de postura, no qual o cerimonialista simplesmente desaparece, gera muita insegurança aos noivos.

Em sexto lugar, procure um cerimonial atento aos detalhes. Lembro que celebrei um matrimônio em que os noivos escolheram não ter os encontros matrimoniais comigo. Assim, eu só os encontrei na hora do contrato e na cerimônia. Pois bem. Eles haviam resolvido escrever mensagens, um para o outro, que deveriam ser lidas depois dos votos de cada um. Assim sendo, depois que o noivo fez os votos sacramentais, passei o microfone para que ele pudesse ler seus votos pessoais para sua noiva. Foi uma mensagem linda! Mas, depois que a noiva fez os votos sacramentais ela se dirigiu a mim e me pediu o papel com a mensagem dela. Eu, simplesmente fiquei sem saber o que dizer ou fazer. Como assim? É que o cerimonial deveria ter me dado os votos escritos da noiva e esqueceu. A noiva improvisou umas palavras e eu terminei a cerimônia. Ao final, procurei a cerimonialista responsável e perguntei por que ela não me havia dado o texto para entregar à noiva. Ela me disse que quando recebeu da noiva o papel, dentro de um envelope, pensou que era o pagamento da banda e guardou dentro da pasta, que estava no carro dela. Moral da história, até hoje este ato de desatenção ou irresponsabilidade da cerimonialista ainda é jogado na minha conta, porque a noiva me culpou. Como se eu tivesse resolvido simplesmente “jogar fora” a mensagem da noiva. Mas a cerimonialista nunca se retratou.

Em sétimo lugar, procure um cerimonialista que seja seguro. Veja bem, um bom cerimonialista, em algumas circunstâncias, precisa tomar decisões sem ouvir os noivos. Conheço um cerimonialista que tem a fama de ser “chato” por exigir que a cerimônia comece no horário previsto. No entanto, essa postura que ele assume, acaba salvando a cerimônia que, se atrasasse, poderia ser prejudicada pela ausência da luz do sol (para quem casa na praia) que ajudaria nas fotos, ou pela possibilidade de chuva. Um dos casos mais críticos que presenciei ocorreu em um casamento que ocorreria em um hotel à beira mar, em minha cidade. Todos haviam chegado, exceto o irmão do noivo – que seria um padrinho. O cerimonialista, ao invés de sugerir que a cerimônia começasse mesmo assim, se calou e esperou. Esperou-se muito e, quando a cerimônia começou, já estava quase escuro. O detalhe é que, como a cerimônia estava marcada para o período da tarde, ninguém alugou um gerador de energia. Ocorre que tudo ficou ligado à linha do hotel que, em determinado momento, caiu. Todo o hotel ficou às escuras, inclusive a cerimônia. Todas as músicas foram cantadas à capella e nem mesmo o microfone funcionou. Ninguém conseguiu ouvir os votos feitos pelos noivos. Tudo no escuro.

Finalmente, em oitavo lugar, procure um cerimonialista inteligente. Desconfie de um cerimonial que não diz nada sobre uma cerimônia marcada para se realizar ao ar livre, em pleno inverno. Desconfie de um cerimonialista que acha normal marcar sua cerimônia para um hotel que fica exatamente no meio de uma avenida de hotéis em minha cidade (via costeira) em plena Copa do Mundo. Em outras palavras, o cerimonialista não atentou que o dia do casamento seria exatamente o mesmo em que haveria um grande jogo da Copa do Mundo em nossa cidade e que as vias de acesso até o hotel estariam interditadas.

Em resumo, não se deixe levar por sorrisos largos de belas jovens vestidas de preto. Na hora de seu matrimônio, pense em contratar um cerimonial que tenha experiência, que respeite o sacerdote, que seja seguro do que faz, seja honesto, inteligente, antenado e que tenha um canal permanentemente aberto com você e que esteja atento aos detalhes.

Por fim, devo registrar que conheço cerimoniais onde você pode encontrar tudo isso. Eles podem até não ser os mais baratos (e geralmente não são), mas são os mais competentes, atenciosos, cuidadosos, pontuais, respeitosos e a segurança de que seu casamento será um sucesso. Lembre-se, as vezes, o barato sai caro.

 
 
 

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