PADRE JORGE AQUINO COMENTA O CATECISMO ANGLICANO DA ACNA
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 27 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
3ª. QUESTÃO: Como o pecado afeta você?
O pecado me aliena de Deus, meu próximo, da criação do Bom Deus e de mim mesmo. Eu estou sem esperança, culpado, perdido, sem ajuda e andando pelo caminho da morte. (Isaías 59: 2; Romanos 6: 23)
Comentário:
Frente a esta terceira questão apresentada pelo Catecismo, acreditamos que um breve comentário deve cobrir pelo menos quatro temas de grande importância sobre esse assunto.
Em primeiro lugar a questão de como o pecado nos afeta deve, antes de mais nada, nos levar a procurar uma definição do que venha a ser pecado. Uma definição bastante simples, mas satisfatória, nos diz que “pecado” é toda falta de conformidade com a vontade de Deus. Quando nos voltamos para as Escrituras, vemos que existem muitas palavras que podem ser traduzidas por “pecado”. No Antigo Testamento hebraico, a palavra que melhor traduz essa ideia é “avon”, ao passo que, no Novo Testamento grego, a palavra é “hamartia”. O sentido dessas palavras é “errar o alvo”, “não acertar” ou “fracassar na tentativa”.
Em segundo lugar, compreendemos que o pecado é um estado existencial que atinge a todos. Quando falamos em “pecado”, na realidade estamos tratando de “pecadores”. A primeira consequência daquele que comete pecado é torna-se, em sua existência, um pecador. Mas há algo que precisa ser dito: quando focamos no pecado, não estamos a priori, procurando focar nos atos e omissões, procurando dizer que certos erros são piores ou maiores que outros. Como se acreditássemos na distinção entre pecados mortais e venias. Pecado é pecado! Nós estamos, na realidade, focando a atenção na nossa condição proveniente desses atos e omissões. Nós pecamos, porque "somos", por natureza, pecadores. Não temos, portanto, a escolha de não pecar.
Em terceiro lugar, aprendemos com o Catecismo que o pecado é uma forma de alienação que nos separa de Deus, de nosso próximo, da criação e nós mesmos. No texto de Isaías 59: 2 está escrito que os nossos pecados fazem separação entre nós e nosso Deus. Em outra palavra, estamos falando da extensão do pecado. Ele tem a capacidade de nos separar de nosso Deus, do próximo, da criação e até de nós mesmos. Estas quatro palavras abrangem tudo o quanto existe o com o qual podemos nos relacionar. Isso significa que todos os nossos relacionamentos são marcados pela mancha do pecado. Desde o início, o pecado foi descrito como essa pretensão do homem em ser como Deus, ou seja, tornar-se auto-suficiente (superbia, hybris). A auto-exaltação e a busca pelo domínio do outro, da criação e até da divindade, está na base do pecado.
Finalmente, em quarto lugar, vemos as consequências do pecado. O Catecismo diz que o pecador está “sem esperança, culpado, perdido, sem ajuda e andando pelo caminho da morte”. No texto de Romanos 6: 23 lemos que “o salário do pecado é a morte”. Eis o amplo espectro da realidade do homem sem Deus. Primeiro ele é sem esperança, porque, para ele, tudo se acaba com a morte; depois ele é culpado por ter agido, por toda a sua vida, contrariando a vontade de Deus; em terceiro lugar, ele está perdido porque perdeu os referenciais seguros de sua existência ou seja, seu norte; e, finalmente, ele anda pelo caminho que vai dar na morte. A palavra “morte” vem do grego “tanatos” e significa “separação”. Quem vive sua vida “separado” de Deus já está morto espiritualmente. Mas quando “morre” fisicamente, então passa a experimentar a “morte eterna”, ou seja, a separação eterna e definitiva de seu Criador. Caro amigo, será que já não está na hora de buscar uma solução para o pecado que faz questão de marcar sua existência?

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