OS DEZ COMPROMISSOS DO CASAL
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 28 de jul. de 2021
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Reverendo Padre Jorge Aquino
Em seu excelente texto O sexo começa na cozinha, Kevin Leman, fazendo uma analogia aos Dez Mandamentos de Deus entregues à Moisés no Monte Sinai, apresenta, ele mesmo, aqueles que seriam os Dez Compromissos que todo casal deveria ter como norte de sua vida. Os Dez Compromissos seriam os seguintes:
1. Nós nos comprometemos a fazer do amor uma escolha diária, mesmo quando a vida parece mais fácil em outro lugar.
2. Nós nos comprometemos a considerar-nos um tesouro mútuo dado por Deus.
3. Nós nos comprometemos a perdoar rapidamente e a não guardar ressentimentos.
4. Nós nos comprometemos a dedicar tempo um ao outro.
5. Nós nos comprometemos a conversar diariamente sobre o que pensamos e sentimos.
6. Nós nos comprometemos a demonstrar respeito mútuo em público e na vida privada, evitando humilhações, exigências egoístas e palavras depreciativas.
7. Nós nos comprometemos a tentar ver atrás dos olhos um do outro, para entender as necessidades específicas de cada um.
8. Nós nos comprometemos a fazer todo o possível para nos certificarmos de que nosso casamento tenha um impacto positivo sobre aqueles que nos cercam.
9. Nós nos comprometemos a orar um pelo outro e a apoiar o crescimento espiritual mútuo.
10. Nós nos comprometemos a honrar a Deus e um ao outro por meio de pensamentos, palavras e ações (LEMAN, 2001, p. 218).
Quando nos detemos no exame destes Dez Compromissos podemos encontrar alguns elementos que gostaríamos de destacar alguns elementos encontrados na proposta exposta nestes Dez Compromissos.
O primeiro elemento que precisa ser destacado é que esta citação diz respeito à acordos ou compromissos mútuos feito pelo casal. Este primeiro elemento destaca que todo casamento precisa, para se manter sadio, estabelecer seus próprios acordos e compromissos e cumpri-los. Embora os compromissos apontados acima representem aqueles que foram estabelecidos como resultado da pesquisa realizada pelo autor, isso não significa que o casal não tenha o direito de estabelecer outros compromissos ou mesmo de modificar algum que esteja colocado na citação. Particularmente, acredito que os Dez Compromissos apontados pelo Dr. Leman, representam uma exposição feliz que cobre os principais aspectos da relação conjugal.
O segundo elemento que gostaria de destacar é que entre estes compromissos está transformar o amor em uma decisão diária. Casamento não tem “piloto automático”, ou seja, ele exige que você, diariamente, assuma o controle de suas decisões e renove seu desejo de amar seu cônjuge.
O terceiro elemento que destacaria nestes Dez Compromissos, é que eles não escondem que na relação conjugal sempre surgirão percalços, problemas, dificuldades, dores, mágoas e ressentimentos. O casamento, enquanto transformação de duas pessoas em “uma só carne”, não ocorre sem dor nem problemas. A questão a ser destacada é que é necessário recorrer ao perdão para que o casamento permaneça incólume. Sem perdão não existe casamento. Pode até existir uma solidão à dois, mas não casamento. O que precisamos entender é que perdoar não significa varrer os problemas para debaixo do tapete e fazer de contas que nada aconteceu. Perdoar também não significa que você nunca mais se lembrará do que ocorreu de errado no passado. Perdoar também não significa que tudo voltará ao normal em vinte e quatro horas. Perdoar é ser capaz produzir um processo mental e espiritual que nos torna aptos a fazer cessar o ressentimento ou a ira contra outrem ou contra si mesmo, em razão de uma ofensa ou erros cometidos por nós ou por outros, e que faz cessar a exigência de castigo ou de restituição. É preciso destacar que o perdão só tem sentido se, antes, houve o arrependimento.
O quarto elemento que destaco nestes Dez Compromissos é que eles fazem referência ao tempo que precisa ser gasto pelo casal para solidificar a relação. Ora, todos sabemos que as exigências do mundo moderno nos colocam cada vez mais distante do lar e, por conseguinte, mais expostos aos outros, principalmente dos colegas do trabalho. Mas se você realmente deseja que seu casamento tenha sucesso, nunca abra mão do tempo com seu cônjuge. O tempo é algo que jamais voltaremos a ter. E, se o utilizarmos mau, poderemos gerar o fracasso de uma relação.
O quinto elemento que devo destacar nestes Compromissos é o respeito ao cônjuge. Esse respeito começa no item 2, quando admitimos que nosso cônjuge é um tesouro dado por Deus. Mas continua quando nos comprometemos a dedicar tempo (item 4), a conversar sobre o que sentimos (item 5) e a evitar que saia de nossa boca QUALQUER palavra depreciativa ou humilhante – quer seja em ambiente fechado ou público – que venha a atingir nosso(a) companheiro(a).
O sexto elemento a ser destacado aqui, é a busca mútua pela empatia. Ora, sabemos que empatia significa, originalmente em grego, sentir a mesma dor dentro de nós. Quem é empático procura cumprir o compromisso de número 5, que diz respeito a conversar sobre como cada um pensa e se sente; quem é empático procura cumprir o compromisso número 7, no qual o casal buscará “entender as necessidades específicas de cada um” justamente porque antes, procurará ver a realidade através “dos olhos um do outro”. O antipático jamais fará isso. Somente quem valoriza a empatia busca ouvir, sentir e perceber a realidade do outro como se ele mesmo fosse o outro.
O sétimo e último elemento que julgo fundamental nestes compromissos é a presença da referência à dimensão espiritual da vida. Esse destaque pode ser visto tanto no item 9, quando o casal se compromete a orar e a apoiar o crescimento espiritual um do outro, bem como no item 10, quando o casal assume o compromisso de honrar a Deus e um ao outro por meio dos gestos concretos e cotidianos da vida à dois. Baseado em um livro de Bradford Wilcox chamado Soft patriarchs, New Men: How Christianity Shapes Fathers and Husbands, lançado pela Universidade de Chicago em 2004, Mark e Grace Driscoll (2012, p. 84), chegam a afirmar que “Maridos que frequentam uma igreja têm maior tendência a expressar emoções positivas para a esposa, prestar maior atenção ao casamento, servem melhor a companheira, reservam maior tempo para encontros românticos e para a convivência em geral, e investem mais na esposa”.
Referências Bibliográficas
LEMAN, Kevin. O sexo começa na cozinha. São Paulo: Mundo Cristão, 2001
DRISCOLL, Mark & DRISCOLL, Grace. Amor, sexo, cumplicidade e outros prazeres a dois. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2012

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