top of page

ORTODOXIA E ORTOPRAXIA

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Atualizado: 25 de mar. de 2022

Padre Jorge Aquino.

Estas duas palavras são muito utilizadas na teologia contemporânea e são muito importantes. As duas palavras possuem uma raiz comum: a palavra grega ortos, que significa “correto”, “reto” ou “certo”.Desta forma, quando alguém fala em “orto-doxia” ela está se referindo a uma “opinião” ou “crença” (doxa) “correta”. Do outro lado, quando falamos em “orto-praxia”, estamos nos referindo a uma “prática” (práxis) “correta”. Desta forma, enquanto a ortodoxia significa ter a doutrina correta, a ortopraxia implica em ter a prática correta ou agir corretamente. Nesse sentido, Mondin nos diz que “A ortodoxia expõe a verdade; a ortopráxis atua a verdade do cristianismo” (MONDIN, 1979, p. 94). Para ele, portanto, a ortopraxia poderia se referir à ortodoxia da ação.

Quem afirmou várias vezes que tinha um enorme medo das ortodoxias religiosas foi o conhecido teólogo Rubem Alves. E a razão desse receio reside no fato de que, para ele, havia uma associação entre “ser ortodoxo” e “ter poder”. Vejamos suas palavras: “Ortodoxos são os fortes, aqueles que tem o poder para dizer a ultima palavra. Por isso eles se definem como portadores da verdade e aos seus adversários como portadores da mentira” (ALVES, 1982, p. 50). Assim, para ele a ortodoxia é a voz dos fortes e a heresia é a voz dos fracos, ou seja, dos que não tem poder.

Assim, é possível utilizar a ortopraxia como critério de verificação das afirmações nas quais se acredita (ortodoxia). Quem primeiro apresentou a práxis como critério da fé, foi o próprio Jesus que, ao encerrar seu Sermão da Montanha diz: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7: 21). Em outras palavras, não adianta afirmar que Jesus é o Senhor, se em nossa vida praticamos a iniquidade (Mateus 7: 23). O apóstolo João segue o mesmo pensamento quando afirma: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (I João 4: 20,21).

Um segundo argumento que pode ser citado é oriundo da própria natureza do cristianismo e nos é apresentado por Schillebeeckx quando diz que ele “não é uma empresa puramente hermenêutica, uma mera explicação da existência, mas também uma renovação da existência. (...) o elemento cognoscitivo puramente teorético da explicação da fé é, em si, insuficiente para a verificação da ortodoxia da fé; ele só funciona no interior do conjunto da existência e da práxis cristã total” (SCHILLEBEECKX In MONDIN, 1979, p. 94).

Quando verificamos a mentalidade do homem contemporâneo, compreendemos que já não se invoca o critério aristotélico de correspondência para se dizer se algo é ou não verdadeiro. O nosso zeitgeist nos diz que a postura cultural e intelectual da humanidade hoje é mais pragmatista e exige uma fiança com base em obras e gestos concretos. Assim, se você se diz cristão, saiba que, as pessoas não estarão tão interessadas em como você entende a Santíssima Trindade ou de que forma você acredita que Cristo está presente na Eucaristia. Na verdade, as pessoas estão mais preocupadas em olhar para o seu comportamento e encontrar nele, aspectos que façam lembrar a pessoa de Jesus Cristo.

Assim, nossa relação com os mais necessitados, nossa forma de tratar os estrangeiros, as minorias, os diferentes, nosso empenho pela paz no mundo e contra os conflitos e o poder das trevas e da morte, nosso compromisso com a verdade e a justiça, refletirão o tipo de cristão que efetivamente nós somos. Não importa usar uma grande bíblia com bordas douradas e agir injustamente; não interessa levantar suas mãos para o alto e, com as mesmas mãos, receber dinheiro sujo, fruto da propina ou do roubo. Não importa se você expulsou demônios, se profetizou ou se realizou milagres em nome de Jesus se, lamentavelmente, você pratica o mal ao próximo (Mateus 7: 22,23).

Referências bibliográficas:

ALVES, Rubem. Dogmatismo e tolerância. São Paulo: Edições Paulinas, 1982

MONDIN, Battista. A linguagem teológica. São Paulo: Edições Paulinas, 1979


Qualquer dúvida, entre em contato conosco e nos siga:

pejorgemonicab0@gmail.com

00+55+84+99904-8850

@padrejorgeaquino

https://www.youtube.com/channel/UC0wwVEix-_wzWCtM4QKobXA



 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

MUDAMOS PARA OUTRO SITE

Caríssimos leitores, já que estamos com dificuldades de acrescentar novas fotos ou filmes nesse blog, você poderá nos encontrar, agora,...

Comments


Post: Blog2_Post

©2020 por Padre Jorge Aquino. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page