
Padre Jorge Aquino.
Esta pergunta é hoje a que mais se difunde pelo mundo. Em todos os países democráticos do mundo, nas redes sociais, nos principais órgãos da imprensa, em manifestações públicas ao redor do planeta, essa pergunta ainda está sendo feita. E ela é profundamente significativa por algumas razões bastante relevante.
Primeiro porque as famílias de Dom Phillips e Bruno Pereira têm o direito de saber onde eles estão. Os familiares querem saber se estão vivos ou mortos. Caso estejam vivos, eles precisam ser encontrados e resgatados, vez que devem estar em perigo. E, se estão mortos, onde estão seus corpos? Todos merecem o direito de se despedir de seus entes queridos. Por respeito às famílias, precisamos saber onde estão Dom e Bruno.
Em segundo lugar, porque ao demorar em oferecer ajuda às famílias dos desaparecidos e á opinião pública, o Estado brasileiro passa a ideia de que a vidas de pessoas naqueles rincões do país, não possui tanta importância. Principalmente quando se trata da vida de um jornalista e de um indigenista envolvido na defesa dos povos indígenas. Na verdade, a impressão que temos é que o Estado tem se retirado gradativamente dessa área, onde a soberania nacional é apenas uma lembrança, permitindo que ela seja ocupada por pessoas que andam à margem da lei, envolvidos com uma variedade de crimes.
Finalmente, em terceiro lugar, esta pergunta é extremamente significativa porque essas duas pessoas representam todos aqueles que estão preocupados com o bem-estar da Amazônia, dos povos originários, e, por via de consequência, contrariam interesses de caçadores e pescadores ilegais, invasores das terras indígenas, garimpeiros ilegais, os que desmatam ilegalmente a floresta e os que utilizam esse espaço para o tráfico de drogas.
Diferentemente do que foi dito pelo líder do poder Executivo, eles não estavam em uma “aventura”, mas realizando um trabalho árduo. Dizer isso além de ser uma leviandade é culpabilizar as vítimas. Lá estavam um jornalista – no exercício da profissão -, escrevendo sobre a preservação da Amazônia e os povos que lá habitam, e um indigenista – servidor federal licenciado - cuja vida sempre foi dedicada à defesa da Amazônia.
Não podemos enxergar silentes que narcotraficantes e todo tipo de criminosos se apossem dessa terra e façam desaparecer qualquer um que represente perigo para seu lucro criminoso por defender a soberania de nosso país e a preservação de nossas florestas. Hoje, o nono dia de buscas no Vale do Javari, muito material já foi encontrado, mas a pergunta se impõe: Onde estão Dom e Bruno? Pelo andar da carruagem, uma outra pergunta se prepara para ser feita.
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