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O QUE É SER UM ANGLICANO?

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝


Reverendo Jorge Aquino.

Esta é, certamente, uma pergunta intrigante. Durante o período que costumamos chamar de “Modernidade”, as identidades eram definidas por aspectos racionais e intelectuais. Elas eram vistas como algo “duro” e inflexível. Definir era o mesmo que delimitar ou estabelecer os limites que jamais poderiam ser transpostos. Nestes dias que chamamos de “Modernidade líquida”, definir a identidade, tanto de uma religião quanto de uma pessoa, de um movimento, de uma instituição social, etc., se tornou algo bem mais difícil.

Em primeiro lugar devemos dizer que ser Anglicano não significa afirmar a crença nos elementos dos credos Apostólico e Niceno. Se assim fosse, todos os Romanos, Ortodoxos e Protestantes seriam Anglicanos, já que todas estas igrejas creem em “Deus Pai Todo-Poderoso Criador dos Céus e da Terra”, etc. Pela mesma razão, em segundo lugar, ser Anglicano também nada tem a ver com a crença no “episcopado histórico”. Os Romanos, Ortodoxos e alguns Luteranos também creem assim e não são Anglicanos. Todos as denominações cristãs afirmam que as Escrituras do Antigo e do Novo testamento possuem todas as informações necessárias para nossa salvação. E elas não são Anglicanas. E todas elas acreditam que o batismo e a Eucaristia foram sacramentos instituídos por Cristo, anda que administrem de forma diversa. Desta forma, a identidade Anglicana não pode apenas ser associada ao que convencionamos chamar de Quadrilátero de Lambeth.

O que nos resta, então, se a “credenda” Anglicana é a similar a da maioria das denominações cristãs históricas? Resta olhar para a nossa “agenda”, ou seja, para a nossa prática, ou para nossa forma de agir. Por isso acredito que “ser Anglicano” não se define pela crença que afirmamos, mas pelo nosso etos (maneira de ser e viver) que é inclusivista e compreensivo e pela nossa adoração – que está ligada ao Livro de Oração Comum.

Os Anglicanos não são contra os métodos contraceptivos; não negam a comunhão ou o segundo casamento aos divorciados; não negam a comunhão nas duas espécies; não proíbem o casamento de seus sacerdotes nem se consideram a única igreja que representa Deus na terra. Os Anglicanos mais progressistas são, inclusive, a favor da ordenação das mulheres para todas as três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) e não fazem distinção entre o amor das pessoas CIS ou LGBTQIA+. Na administração os Anglicanos defendem uma “autoridade dispersa” que nega o poder absoluto dos bispos, aproximando-se mais – na esfera secular – de um parlamentarismo constitucional do que de uma monarquia absolutista.

O Anglicanismo é compreensivo porque seu primeiro gesto frente ao “outro”, à “alteridade”, ao “diferente”, não é julgá-lo ou condená-lo, mas buscar entendê-lo, compreendê-lo e, quem sabe, aprender com ele e acrescentar algo a mais em nossas virtudes. Afinal, “ninguém é tão ignorante que não possa ensinar algo e ninguém é tão sábio que não possa aprender algo mais”.

Quero afirmar que sou um cristão Anglicano. Cristão porque o Cristo confessado nos Credos históricos é meu Salvador pessoal; Anglicano, porque aceito toda a “credenda” e a “agenda” Anglicana sem qualquer reserva mental, mas quero registrar que sou um cristão Anglicano porque não vejo espaço em nenhuma outra tradição cristã para fazer com que as Escrituras, a razão e a tradição possam dialogar – não livre de tensões -, mas criativamente. Sei que existem várias denominações Anglicanas no Brasil hoje. E depois de ter conhecido algumas das principais tradições Anglicanas em nosso país, hoje me considero um Cristão Anglicano open mind com fortes afinidade com a história e os elementos trazidos da Reforma do século XVI.

 
 
 

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