O QUE É SER ANGLICANO?
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 18 de nov. de 2022
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Reverendo Padre Jorge Aquino.
Há muitas pessoas em nosso país que não entende muito bem o que significa ser um Anglicano. Pensando nelas, procurarei apresentar de forma bem sucinta uma exposição sobre esse tema levando em conta alguns elementos que julgo essenciais. Em primeiro lugar, é importante compreender que “Anglicanos” era o nome dado aos Cristãos que viviam na “Anglia”, ou seja, os “Anglos”, seriam mais tarde, os Ingleses. A Igreja Anglicana, portanto, é a vertente do Cristianismo que se desenvolveu nas ilhas Britânicas desde o início do segundo século.
Em segundo lugar, é importante registrar que, o Anglicanismo hoje, é o resultado do acúmulo benfazejo de três afluentes que se somaram e formaram um rio caudaloso e extremamente rico. Essas vertentes foram a tradição Celta primitiva, a tradição Romana medieval e a tradição oriunda da Reforma Protestante do século XVI. Somos hoje, uma igreja Católica sem ser Romana e uma Igreja Reformada sem ser cismática. É nesse sentido que J.I. Packer diz que “O anglicanismo contém a mais rica, a mais vasta e a mais sábia herança de toda a cristandade”.
Em terceiro lugar, nós não temos um teólogo oficial, mas temos uma forma de fazer teologia. Em função disso, a teologia Anglicana é devedora à três pilares fundamentais e caros para nós: as Escrituras, a Tradição e a Razão. Da união desses três elementos, surge a teologia Anglicana.
Em quarto lugar, os Anglicanos entendem que sua identidade está fortemente associada ao seu culto e à sua adoração (lex credendi lex orandi). Isto significa que quando queremos buscar a essência do que significa ser Anglicano, devemos nos voltar para o Livro de Oração Comum.
Em quinto lugar, os Anglicanos são fortemente ligados a quatro afirmações de fé conhecidas como o “Quadrilátero de Lambeth”. Essas quatro declarações afirmam que a identidade anglicana também tem limites. E esses limites são: 1) afirmamos que as Escrituras são Palavra de Deus; 2) afirmamos que os Credos Apostólico e Niceno são confissões resumidas e apropriadas de nossa fé; 3) afirmamos os sacramentos do Batismo e da Eucaristia como instituídos por Cristo e, finalmente, 4) afirmamos que somos uma igreja de governo episcopal – adaptado localmente -, e não um amontoado de comunidades isoladas formando um sistema congregacionalista.
Em sexto lugar, o Anglicanismo não podem ser “aprisionado” dentro de uma instituição formal, de uma de suas províncias, de um grupo delas ou de alguma denominações. Ser Anglicano não é o mesmo que pertencer a uma instituição, é um jeito de ser cristão. Este jeito de ser aponta para com espírito aberto à inclusividade e à compreensividade. É claro que essa forma de ser implica em conflito com os que pensam diferentes. No entanto os Anglicanos entendem que no conflito de ideias nos enriquecemos e crescemos.
Finalmente, em sétimo lugar, somos uma igreja que mantém sua fé e, contudo, continua aberta ao diálogo. Não somos uma igreja com “dogmas”, “concílios” ou “bispos” infalíveis. Não temos a prática de “excomungar” pessoas nem de proibir qualquer manifestação de seu clero. Nenhum reverendo anglicano, portanto, precisa de um “imprimatur” de seu bispo para poder dizer o que pensa. Somos uma igreja de pessoas livres. No entanto, e até por isso, somos uma igreja que durante toda a sua existência cometeu erros, comete erros ainda hoje e, certamente, cometerá amanhã. Mas, cremos que Deus nos chamou mesmo com nossos erros e imperfeições.
Se você se sentiu incluído no que foi dito acima, sinta-se convidado a conhecer a comunidade Anglicana mais próxima de sua residência e viver a fé cristã da forma mais séria e vibrante que você puder. Saiba que você fará parte da segunda igreja em extensão no mundo (mais de 130 países) e a terceira em número de membros (mais de 90 milhões de pessoas). Nós o esperamos com os braços abertos.
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