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O PODER DAS PALAVRAS

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 7 de fev. de 2022
  • 4 min de leitura

Atualizado: 8 de fev. de 2022

Padre Jorge Aquino.

Impossível para mim pensar no poder das palavras e não lembrar de dois livros que marcaram a minha adolescência: “Quarta dimensão”, de Paul Yonggi Cho e “Há poder em suas palavras” de Don Gosset, ambos lançados no Brasil pela Editora Vida. Com o passar do tempo, no início da década de 1990 do século passado, vários livros de autoria de Kenneth Hagin introduziram uma nova perspectiva na noção de “palavra”, a tese segundo a qual nós poderíamos criar a realidade por meio da “declaração” da palavra e do nome “Jesus”. Ele ensinava que “pedir” era o mesmo que “exigir”, e que, dessa forma, se temos o direito de exigir tudo no nome de Jesus, devemos fazê-lo. Será que ninguém consegue ver que acabamos transformando o Deus Soberano em um menino de recados com essa teoria? Essa tese é oriunda de teses desenvolvidas por um evangelista americano chamado William Marrion Brenham.

Deixando de lado as teses estapafúrdias defendidas por tanto que acreditam que sua palavra pode “criar a realidade”, há algo que não podemos negar de forma alguma: é aquilo que sai de nossa boca que tem o poder de contaminar o homem (Mateus 15: 11). Por isso, existem algumas lições que precisamos aprender com as Escrituras sobre nossas palavras.

A primeira lição é que, apesar de nossa língua ser um pequeno órgão, ele é como o leme de um navio, tem a possibilidade de guia-lo para qualquer direção. Em outras palavras, aquilo que falamos pode sim, acabar nos fazendo trilhar caminhos tortuosos ou abençoados. A escolha do que queremos dizer é nossa. Qualquer dúvida, basta ver o que ensina o apóstolo Tiago (3: 2-5) quando afirma” Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia”. É simples assim!

Uma segunda lição que aprendemos sobre o que falamos nos vem do livro de Provérbios. Lá, no capítulo 15: 1,2 lemos: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A língua dos sábios adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos derrama a estultícia”. Quando aprendemos que este livro é uma poesia e que a poesia hebraica se faz pelo paralelismo de ideias e não de sons (como é o nosso caso), verificamos que “resposta branda” rima com “língua dos sábios” e que “palavra dura suscita a ira” rima com “a boca dos tolos derrama a estultícia”. Assim, se você prefere falar como um tolo, um acriançado ou como uma pessoa sem sabedoria, saiba que as consequências serão a ira, a cólera e a bobagem.

Uma terceira lição que aprendemos com a bíblia sobre nossas palavras nos vem de Paulo, quando afirma: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” Efésios 4: 11). Quando uma palavra é torpe, ela é pervertida, amoral ou depravada. Palavras assim não são aptas para construir nada. Por isso, ele diz que de nossa boca devem sair palavras aptas para edificar, para construir, para erguer e levantar. Essas, sim, serão palavras que, segundo Paulo, têm o condão de transmitir graça (não des-graça) e beleza.

Por fim, em quarto lugar, o apóstolo Paulo nos dá uma ultima lição sobre as palavras que devem ser pronunciadas por nós. Escrevendo aos Colossenses (4:6) ele pontua: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um”. Assim, de nossa boca devem sempre sair palavras agradáveis (cheias de graça) e que sejam temperadas com sal. Ora, sabemos que o sal é utilizado para dar sabor, mas também para conservar os alimentos. Assim, nossas palavras devem produzir nos ouvidos de quem as ouvem, tanto uma sensação agradável e saborosa, quanto a ideia de preservação e nunca de destruição ou ruína. A palavra do cristão é aquela que edifica, não a que destrói.

É lamentável verificarmos a existência uma prática tão comum em nossa sociedade. Àquela que observamos ao vermos mães gritando e ferindo seus filhos com palavras que humilham, desmerecem e praticamente definem que elas são - e serão eternamente - “burras”, “incapazes” ou imbecis, por terem feito algo errado. Parece que essas pessoas não percebem que estão destruindo a autoestima de seus filhos e criando homens e mulheres que enfrentarão mais problemas do que deveriam para vencerem na vida.

Da mesma forma, precisamos aprender algo que nos parece tão simples: quando as pessoas estão distante, precisamos falar alto para que elas ouçam. Mas quando elas estão bem próximas, podemos sussurrar que elas ouvirão. Assim, não precisamos gritar com alguém que está próxima de nós para sermos ouvidos. Isso é desproporcional e exagerado.

Que Deus nos dê a sabedoria necessária para que saibamos a importância que nossas palavras têm. Não, elas não criam “do nada” o que existe; mas podem influenciar muito a vida daqueles que amamos. Por isso tome cuidado com suas palavras quando falar com seus filhos, seus pais, seu cônjuge e com seus amigos. Você pode feri-los muito seriamente. E que essa consciência nos habilite a falar com mais temperança, com mais carinho, mais gentileza e com mais graça, para que nossos relacionamentos possam ser mais edificados e fortalecidos com o passar dos tempos.


 
 
 

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