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O ESCÂNDALO DO ANGLICANISMO

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 9 de abr. de 2019
  • 3 min de leitura
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Rev. Cônego Jorge Aquino.

Quando olhamos para o mundo anglicano hoje, e vemos tantas igrejas diferentes certamente nos escandalizamos com essa realidade. Afinal, quando Jesus orou por sua Igreja, antes de ser entregue à morte, ele pediu ao Pai que todos fossemos um para que o mundo cresse (João 17: 21). Por outro lado, encontramos as palavras do eminente teólogo Karl Barth, para quem, a divisão dos cristãos é um “escândalo” que impede as pessoas de crerem. Vejamos suas palavras: “Não existe nenhuma justificação, teológica, espiritual ou bíblica, para a existência de uma pluralidade de Igrejas genuinamente separadas neste caminho, Igrejas que se excluem mutuamente umas às outras interna e, portanto, externamente. Nesse sentido, uma pluralidade de Igrejas significa uma pluralidade de homens, uma pluralidade de espíritos, uma pluralidade de deuses. Não há dúvida de que, à medida que estiver formada por Igrejas diferentes que se opõem entre si, a cristandade nega na prática o que confessa teologicamente: a unidade e a singularidade de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo. […] Pode haver muitas razões para explicar essas divisões e para mitigá-las. Mas tudo isso não altera o fato de que toda divisão, enquanto tal, é um profundo enigma, um escândalo” (BARTH, In NAVARRO, 1995, p. 24). Diante dessa realidade, gostaria de fazer três afirmações:

  1. O escândalo só ocorre quando não sabemos aceitar as diferenças. Cada Província Anglicana autônoma possui suas peculiaridades. Algumas são mais ritualistas e tradicionais, outras mais abertas e liberais. Algumas ordenam mulheres, outras não. Algumas possuem instrumentos mais democráticos na tomada de suas decisões outras são mais monárquicas. O que interessa é que elas sejam capazes de se aceitarem em suas diferenças e de se respeitarem como são. Eis uma abertura que o Anglicanismo precisa aprender com Evelyn Beatrice Hall que disse: “Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la”.

  2. O escândalo só ocorre quando não somos capazes de aprender com o outro. Não vejo por que as Províncias Anglicanas autônomas não conseguem perceber que essas diferenças são extremamente importantes, já que elas abrem nossa mente para aprendermos que nossa forma de ser cristão não é a única forma válida que existe. Em decorrência, acabamos crescendo e amadurecendo com as diferenças. Seria muita arrogância dizer que somente nós temos a verdade nas mãos e que se alguém quiser conhece-la, deve nos procurar.

  3. O escândalo só ocorre quando não testemunhamos de forma comum. Uma das grandes bênçãos do ecumenismo é que ele nos permite testemunhar conjuntamente de Cristo, como verdadeiros irmãos. As diferenças das diversas Províncias Anglicanas autônomas, quando são colocadas acima das semelhanças, se tornam um verdadeiro “escândalo” e um empecilho para que as pessoas creiam. Quando estamos juntos estamos obedecendo às ordens de Jesus “para que o mundo creia”.

Para concluir esse texto, eu gostaria de lembrar que, a conferência missionária de Edimburgo – em 1910 -, que marcou o início do movimento ecumênico e de cooperação entre os cristãos, foi orquestrado fortemente pelos anglicanos. Hoje, os Anglicanos estão não apenas se dividindo por uma “meiose” escandalosa, mas estão promovendo a discórdia no Corpo de Cristo. Não faltam divisões por razões políticas ou por busca de poder. Falta humildade para aceitar o “outro” como um “igual” e sobra empáfia, soberba, altivez e orgulho. Isso nem é ser Anglicano, nem é ser Cristão. Se não formos capazes de superar nossas diferenças e de criar formas alternativas de diálogo, então não temos por que existir enquanto Igreja de Jesus Cristo. Nós nos transformaremos em seitas focadas em seu próprio umbigo e ensimesmadas no que se acredita. Triste fim para um projeto tão altivo, elevado e maduro jamais produzido dentro do Cristianismo.

Referências bibliográficas

NAVARRO, Juan Boch. Para compreender o ecumenismo. São Paulo: Lyola, 1995

 
 
 

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