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O dia dos namorados

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 12 de jun. de 2018
  • 4 min de leitura
Barra Cunhaú (2)

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Quase ninguém sabe, mas o dia dos namorados surgiu inspirado em uma estória que ocorreu na antiga Roma. Diz a estória que o Imperador Claudius II proibiu a celebração de casamentos porque acreditava que os homens solteiros eram mais adequados em caso de guerra vez que não tinha relação com ninguém. Ocorre que, contrariando às ordens do Imperador, um padre continuou celebrando casamentos veladamente. Seu nome era Valentino. As autoridades romanas descobriram o que ele estava fazendo e ele foi condenado à morte no dia 14 de fevereiro.

Esta história de coragem e desprendimento correu o mundo e o dia do sacrifício de Valentino acabou sendo associado ao dia dos namorados em diversos países da Europa, América, México e outros. Nestes países existe até hoje o “Valentine’s Day”.

Em nosso país, o dia dos namorados foi escolhido como o dia 12 de junho, ou seja, a véspera do dia de Santo Antônio o conhecido “santo casamenteiro”. O dia dos namorados no Brasil nada tem de romantismo. Ele foi criado nos anos 50 com a única finalidade de lucro para o comércio. Desde então, se tornou uma tradição nacional. É claro que os casais adoram esse momento. O que ninguém percebe é há dois problemas que precisam ser indicados aqui. O primeiro é que, em nossa sociedade capitalista, essa data é apenas mais um truque do mercado para ganhar dinheiro. Uma forma de fazer o dinheiro “girar”. Se você tem uma namorada ou esposa, saiba, todos os dias são dia dos namorados. Você não precisa de um motivo especial para chegar em casa com um presente para ela.

Uma outra idéia muito comum é achar que namoro é algo que tem a ver com adolescência. Charbonneau (1985, p.25) diz que “namorar é próprio dessa idade”. Concordo que é nesse momento em que começamos nossas experiências amorosas, mas elas não estão limitadas a esse momento da vida. Muito pelo contrário. Quero desafiá-lo a viver um eterno namoro com sua esposa ou com seu esposo.

Quando buscamos o dicionário Houaiss, encontramos lá que o verbete “namorar” significa “empenhar-se em inspirar amor a alguém”; galantear, cortejar, seduzir, mostrar interesse por envolver-se, etc. Só estas poucas palavras já nos dão uma visão extremamente abrangente do que é o namoro.

No momento em que criou o homem Deus o criou não como indivíduo, mas como casal: “não é bom que o homem esteja só”, disse ele. E assim como o amor nasce com o homem, assim o homem nasce com o amor. Isso significa que faz parte de nossa natureza humana a experiência quatro estágios:

  1. Cortejar e galantear. O cortejo é um cumprimento ou uma saudação que faz com que a pessoa se sinta especial. Por meio do cortejo a pessoa se sente única. Dentre todas as demais presentes, ela foi a escolhida. Algo naquela pessoa despertou sua atenção de tal forma que você já não tem mais olhos para mais ninguém. Esta é a primavera do amor. Quando nos apaixonamos e achamos que aquela pessoa é única. O namoro nesse estágio é lindo e perfeito!

  2. Mostrar interesse por envolver-se. Depois da primavera vem o verão e com ele nos damos conta de que nosso parceiro não é tão perfeito quanto achávamos. Surgem alguns desapontamentos e decepções. Alguns ficam desiludidos e acabam desistindo da caminhada. Mas quem quer investir no relacionamento se dá conta de que é preciso um certo esforço e trabalho para que a relação vá em frente. Por isso o interesse é fundamental. O namoro nesse estágio exige persistência, criatividade e muita paciência.

  3. Para aqueles que suportaram o sol causticante do verão surge agora o momento dourado, rico e satisfatório do outono. Agora o amor está mais maduro e compreensivo com os defeitos e as imperfeições de nosso companheiro. Somos até mais conscientes de nossos próprios defeitos. É um momento de partilha e agradecimento na vida do casal. Esse é o momento de relaxar e fruir do amor que foi desenvolvido até aqui. O namoro nesse estágio é maduro, consciente e satisfatório.

  4. Mas um belo dia chegamos ao inverno do amor. Segundo o Dr. John Gray em seu livro: Homens são de marte mulheres são de Venus (1997, p. 302), esse “É um momento de descanso, reflexão e renovação. Esse é um momento, num relacionamento, em que experimentamos nossa própria dor não resolvida ou nosso eu obscuro. É quando nossa tampa sai e nossos sentimentos dolorosos emergem. É um momento para crescimento solitário quando precisamos cuidar mais de nós mesmos do que dos(as) nossos(as) parceiros(as) por amor e satisfação. É o momento para cura. Esse é o momento em que os homens hibernam nas suas cavernas e as mulheres mergulham no fundo de seus poços”. Depois desse momento de cura interior eis que ressurge a primavera. E agora movida por um amor mais forte e lúcido vez que curado pela jornada invernal de cura interior. Namorar durante o inverno pode ser difícil e exige sobriedade e paciência para permitir que nosso cônjuge passe por seus lutos e feche suas gestalts inacabadas.

Mas não se engane, diz John Gray (1997, p. 303): “o amor é sazonal. Na primavera é fácil, mas no verão é um trabalho árduo. No outono você pode se sentir muito generoso(a), mas no inverno pode se sentir vazio(a)”. O importante é compreender que esses momentos de plenitude e aridez não significam que não há mais espaço para se interessar pelo outro e namorar. Durante os momentos ruins precisamos nos abrir para aprender e escutar.

Finalmente saiba, um casal que pretende ser “eternos namorados” não precisa de tanta coisa. Em uma de suas poesias, Schiller (1759-1805) escreve: “Mesmo na menor cabana há espaço/ Para um casal de namorados”. Essa pequena cabana juntamente com a motivação adequada do amor levará vocês por toda uma vida de amor frutífero.

Certo dia recebi em minha casa um casal que desejava casar e que me pediu que os avós da noiva entrassem com as alianças. Quando eu perguntei a razão à noiva me disse que eles têm 54 anos de casados. E que, aproveitam para viajarem juntos, jantarem juntos, passeiam sempre de mãos dadas e, que quando o avô vai caminhar com a neta, ele sempre para com a finalidade de apanhar uma flor e levar para sua esposa. E encerrou sua explicação dizendo: “eles são eternos namorados”. Diante deste testemunho, me dei por satisfeito. Sim, é possível namorar até o último dia de sua vida!

Referência bibliográfica

CHARBONNEAU, Paul-Eugène. Namoro e virgindade. São Paulo: Moderna,1985.

GRAY, John. Homens são de marte mulheres são de Venus. Rio de Janeiro: Rocco, 1997

 
 
 

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