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O cristão e sua relação com a política

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 3 de abr. de 2019
  • 3 min de leitura
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Reverendo Cônego Jorge Aquino.

Desde os anos 1989 fui testemunha de uma verdadeira cruzada realizada pelo falecido bispo Robinson Cavalcanti, sobre a importância de que o cristão se envolva responsavelmente com a política. Pouco mais de uma década depois, ele me confidenciava: “criamos um monstro”. Se até a década de 80 era muito difícil ver cristãos evangélicos se envolvendo em política, depois dos anos 90 o Brasil viu surgir uma “bancada evangélica” que nem sempre estava preocupada em defender os valores do Reino, mas que encobria as vantagens que obtinham e a reprodução do fisiologismo, do nepotismo e do clientelismo, por meio da defesa de questões morais que serviam como cortina de fumaça. Para discutir gostaria de pontuar algumas teses que julgo fundamentais.

Em primeiro lugar, creio que envolver-se em política é uma questão imperativa para um cristão. Quando buscamos a origem do termo “política”, perceberemos que ela remonta ao termo grego “polis”, que se traduz por “cidade”. Esta mesma palavra – cidade – também chega até nós por meio da língua latina “civitas”. Assim, quando Aristóteles diz que o homem é um animal político, ele está se referindo aos que habitam em cidades, que são, portanto, “políticos ou cidadãos”. Mas ele – assim como seu mestre, Platão -, queria dizer mais. O habitante da “civitas” (cidadão) ou da “polis” (político), é diretamente responsável pelo destino de sua cidade. Assim sendo, cabe ao cidadão/político, agir de forma responsável em relação a ela.

Em segundo lugar, nosso compromisso com a política não se faz por meio de “alianças”, mas por meio da “cobeligerância”. A utilização dessa palavra é importante porque nos faz perceber que um cristão não faz alianças com partidos políticos ou órgãos sociais. Quando fazemos “alianças”, estamos dispostos a renunciar a certos valores e teses, em função da obtenção de determinados fins. Acreditamos, contudo, que o cristão pode ser ligado a um partido e atuar intensamente nele e, ainda assim, manter seu caráter cristão. Contudo, para tanto, ele terá que atuar nesse partido ou organização – em seu programa e em sua prática -, defender os valores do Reino de Deus. Por isso, não fazemos “alianças” com instituições políticas-partidárias ou organismos sociais, mas, em razão de nosso compromisso com o Reino de Deus, lutamos juntos com quem defende os mesmos valores. Isso é “cobeligerância”. No momento em que o partido ou a organização social faz ou prega algo que nega os valores do Reino de Deus, nosso compromisso com a verdade, nos impulsionará a questionar ou, até mesmo, a sair desse partido.

Por fim, em terceiro lugar, devemos nos envolver com a política tendo todo nosso compromisso voltado para a Palavra de Deus. Em razão disso, o ilustre pastor batista, Charles Spurgeon, dizia com muita propriedade: “Só os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões permanecem no poder e os falsos profetas continuam a pregar”. Essa breve reflexão deve nos fazer pensar nas formas mais responsáveis para que sejamos cristãos que contribuam para uma cidade mais justa, saudável e nas quais as pessoas possam viver mais felizes e em plena cidadania. Contudo, como cristãos devemos ser marcados por uma palavra extremamente significativa: esperança. Sobre este termo, dizia Santo Agostinho: “A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a muda-las”.

 
 
 

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