
Padre Jorge Aquino.
Chegamos ao oitavo elemento que nos caracteriza como Cristãos Progressistas. Não queremos, com isso dizer que nossa maneira de viver o Cristianismo se identifique apenas com esses elementos, mas que eles são suficientes para nos identificar. Desta forma, nós nos identificamos como Cristãos Progressistas porque somos Cristãos que, em oitavo lugar, “comprometem-se com um caminho de aprendizado ao longo da vida, compaixão e amor próprio”. Esta afirmação nos faz refletir em três verdades fundamentais. Em primeiro lugar, os Cristãos Progressistas estão profundamente envolvidos e comprometidos com “um caminho de aprendizado ao longo da vida”. Dizer isso é o mesmo que afirmar duas verdades: (1) que nosso conhecimento da realidade, em tese, aumenta com o passar do tempo, e que (2) nosso conhecimento da realidade jamais poderá ser apontado como um conhecimento último, vez que sempre podemos aprender algo de novo. Isso significa que nosso conhecimento nunca se esgota, nunca pode ser visto como total ou pleno. Somente vislumbramos uma parte da realidade, ou como afirmava Paulo, somente enxergamos por espelho. Quando tudo se completar, veremos “face a face”.
Em segundo lugar, os Cristãos Progressistas se comprometem em trilhar um caminho que sempre ressalta a “compaixão”. A palavra “com-paixão” é composta da união de duas outras: “com” e “paixão”. Assim, a compaixão significa literalmente “sofrer com” o que implica e aponta para uma mutualidade básica na experiência do sofrimento e da dor. O sentimento de compaixão é oriundo da certeza de que a experiência humana é imperfeita que e pode trazer consigo a dor. Isso nos faz entender que (1) a compaixão é o resultado da empatia e, (2) que a compaixão não se resume apenas a “sentir” a dor do outro, mas em estar envolvido e motivado em eliminá-lo. Desta forma, em função de nosso envolvimento com a compaixão, não podemos negar ajuda aos mais carentes e necessitados; não podemos deixar de dar água ao sedento, alimento ao faminto ou apoio ao necessitado e carente.
Por fim, em terceiro lugar, os Cristãos Progressistas se comprometem em trilhar um caminho que sempre ressalta o “amor próprio”. Se você procurar um dicionário da língua portuguesa, certamente encontrará uma definição de amor-próprio que afirma ser esse um “Sentimento de respeito, dignidade, estima e apreço que alguém tem em relação à sua própria pessoa, a si mesmo; autoestima”. Em uma afirmação como essa, devemos, portanto, compreender que nossa auto-imagem, para ser autêntica, precisa levar em conta não apenas as nossas fraquezas humanas e nossas potencialidades, mas também a multiforme graça de Deus que opera em nós e nos faz aptos para realizar seu propósito para nossa vida. Dito isso, concluímos que quem possui amor próprio é capaz de aceitar todas as suas imperfeições e todas as suas virtudes igualmente, uma vez que todas elas contribuem conjuntamente em fazer parte da formação de nossa identidade. E mais que isso, quem é capaz de se amar a si mesmo, pode, enfim, amar plenamente ao próximo.
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