
Padre Jorge Aquino.
Um sétimo elemento do programa dos Cristãos Progressistas chama a atenção de todos nós para o mundo no qual vivemos. Desta forma, esse sétimo postulado afirma que, todos nós temos a obrigação de “Lutar para proteger e restaurar a integridade de nossa terra”. Diante desse postulado, a primeira questão que precisa ser destacada por nós é a fragilidade de nosso planeta Terra. Quer queiramos ou não, vivemos em um planeta que precisa ser respeitado em sua fragilidade. O que ocorre é que, desde a Revolução Industrial, verificamos que nossa frágil casa está correndo cada vez mais perigo e com uma intensidade crescente. Esse perigo está intimamente relacionado ao aumento da emissão de carbono, ao desmatamento da Amazônia (para a extração e contrabando de madeira, para facilitar a mineração ilegal em áreas indígenas, para que haja mais espaço para a pecuária), a poluição do ar, dos oceanos e dos mananciais de água doce da qual todos necessitamos, bem como e a pouca velocidade no desenvolvimento e implementação de novas formas de energias não-poluentes (como as energias eólicas, solar e das marés) e com a ausência de alternativas para lidar com os resíduos sólidos de nossa sociedade consumista. Como consequência disso, observamos alterações climáticas em vários lugares gerando, por exemplo, o aquecimento global e com ele, o derretimento das calotas polares, o aumento dos níveis dos oceanos, as mudanças climáticas mais drásticas (a incidência e a potência das tempestades, dos furações, das secas, etc.), a destruição de biomas, a desertificação e a consequente extinção de animais e plantas.
Diante dessa realidade, em segundo lugar, temos que lembrar que é nosso dever lutar de todas as formas para proteger a integridade da criação. Precisamos mudar a forma como nos relacionamos com a Terra, abandonando o modelo de dominação e assumindo um modelo de mordomia, governança e administração responsável. Afinal, na criação, “Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom” (Gênesis 1:31). É significativo que a observação de que “tudo era bom” vem exatamente no sexto dia, e depois de dizer ao homem que ele deve se multiplicar, “sujeitar” e “dominar” a terra. Parece que o desenvolvimento da cultura não precisa necessariamente excluir a manutenção e a integridade do meio ambiente. Em outras palavras, a ênfase dada às palavras “sujeitar” e “dominar” não necessariamente implica na destruição da criação.
Por fim, em terceiro lugar, é preciso lutas para restaurar a integridade de nossa terra. A busca pela restauração de nosso meio ambiente se justifica pelo fato de que estamos falando da obra de Deus. Segundo as Escrituras “Do Senhor é a terra e tudo o que nela há; o mundo e todos os que nele habitam” (Salmo 24). Em outro texto, a criação, de acordo com Paulo, “foi submetida à inutilidade”...”toda a criação geme como que em dores de parto” (Romanos 8:20,22), esperando ser libertada do cativeiro da degeneração (Romanos 8:21), o que ocorrerá quando os valores do Reino de Deus for implementado no “já”, embora “ainda não” vejamos o Reino plenamente implantado entre nós.
Em resumo, nossa luta para “para proteger e restaurar a integridade de nossa terra” pretende nos fazer ver que preservar e cuidar de nosso planeta é responsabilidade nossa. Afinal o planeta Terra é nossa casa comum e não temos um Plan(o)eta B para acessar. Tudo o que fazemos - e como fazemos -, afeta a todos os habitantes do planeta, ou seja, a todos nós. Por isso ser mais responsável em nossa ação é imprescindível e fundamental. Encerro esta reflexão com as palavras de Fritjof Capra que ensina: “a humanidade não teceu a teia da vida. Somos apenas um fio dentro dele. O que quer que façamos à teia, fazemos a nós mesmos. Todas as coisas estão unidas. Todas as coisas se conectam”.
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