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O CRISTIANISMO PROGRESSISTA 5

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Padre Jorge Aquino.

Um quinto elemento de suprema importância para os que se identificam como Cristãos Progressistas, nos diz que eles são aqueles tipos de cristãos que encontram mais graça “na busca pelo entendimento e acreditam que há mais valor em questionar do que em absolutos”.

Em primeiro lugar, por meio da afirmação acima compreendemos que o Cristianismo Progressista encontra graça na busca pelo conhecimento. A relação entre a fé e o intelecto é bastante antiga. Há pessoas que nem creem nem entendem; há os que creem sem entender e há os que entendem sem crer, mas, desde Anselmo de Cantuária, a afirmação mais famosa sobre esse tema é “Credo ut intelligan”, ou seja, “creio para que possa compreender”. Ao fazer essa afirmação, no fundo Anselmo estava afirmando que é possível crer e compreender. Nesse sentido, buscar entender é, e será sempre, uma graça. Não precisamos ter que abrir mão de nenhuma das duas possibilidades.

Em segundo lugar, com base na afinação acima compreendemos que o Cristianismo Progressista valoriza o questionamento. Ser Cristão não é a mesma coisa que se submeter a uma lobotomia. Não é preciso abrir mão da inteligência para se tornar Cristão. Na Grécia existia uma corrente de pensamento associada à figura de Pirro (318-272 a.C.) que era chamada de ceticismo. Diferentemente do que muitos pensam, o cético não é aquele que não acredita em nada, mas aquele que duvida de tudo. Lembremos que essa é a mesma lição que nos é colocada por Descartes ao apregoar a sua “dúvida metódica”. Por ser essencialmente crítico, o cético é alguém que rejeita qualquer forma de verdade apenas por ser “antiga” ou estabelecida por uma autoridade última. Lembremos das palavras de Lutero em 1521, na Dieta de Worms, quando disse: “A não ser que eu seja convencido pelo testemunho da Escritura ou por clara razão, pois não confio no papa ou em concílios isoladamente, visto que se sabe muito bem que eles tem errado e se contraditado muitas vezes. Estou preso às Escrituras que citei e a minha consciência é cativa à Palavra de Deus”. Vejam que Lutero não recorria à autoridade do papa ou dos concílios, mas das Escrituras e da razão. Esta postura crítica, o aproxima de uma postura cética frente aos dogmas pregados então.

Finalmente, em terceiro lugar, com base na afinação acima compreendemos que o Cristianismo Progressista questiona as verdades absolutas. Ao que tudo indica, o Cristianismo Progressista parece se aproximar da Teologia Negativa que, antes de ser uma anti-teologia, demonstra um imenso respeito para com Deus. A Teologia Negativa, como sabemos é chamada também de Teologia Apofática, já que a apófase – tema da retórica -, é a refutação ou contestação daquilo que se diz. Desta forma, compreende-se que a palavra grega aphairesis aponta para um movimento de remoção (remotio), supressão ou eliminação de algo. Para esta teologia, Deus está além e acima de todos e tudo de tal forma que a essência divina está muito além dos sentidos e das meras especulações racionais. A Teologia Negativa afirma que o ser de Deus é absolutamente inacessível a qualquer forma de especulação. Toda forma de expressão teológica é, assim, uma teologia sob limite. Quando se trata de Deus, não nos é possível encerrar os conceitos nem expressá-la com palavras, pois tanto um quanto as outras são insuficientes e inadequados. Por isso acostumou-se a dizer que: “Si comprehendis non est Deus”. Assim, muito embora Deus seja o absolutamente inefável e inexprimível, Ele não obstante se revelou por meio das Escrituras.

 
 
 

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