Padre Jorge Aquino.
Quando estou realizando casamentos, é perceptível que o momento mais esperado é aquele no qual digo: “o noivo pode beijar a noiva”. Percebo isso porque, em muitas cerimônias que faço, os noivos as vezes quase se beijam no momento em que estão trocando as alianças. Nesse momento é preciso minha intervenção para dizer: “Calma!” e todos começam a rir. Mas, ao final da cerimônia, quando os noivos se beijam, existe uma verdadeira apoteose envolvendo todos os presentes.
O beijo é assim, algo maravilhoso! Há um texto na Bíblia que diz: “Beije-me com os beijos de sua boca! Seus amores são melhores do que o vinho” (Cantares 1:2). Eu entendo muito bem o que havia no coração de quem escreveu este texto. Ainda me lembro do primeiro beijo que dei em minha esposa. Parecia uma cena própria de um romance cinematográfico. Não por sua avidez, ou desejo, mas justamente, por sua leveza, tranquilidade e todo o sentimento que estava envolvido.
O beijo é o gesto mais transparente de quem demonstra afeto por outra pessoa. É bem verdade que o beijo é um gesto cotidiano e comum de quem se encontra ou se despede, de quem deseja um “bom dia” ou de quem vai embora. Mas ele também pode ser visto como o gesto mais profundo entre duas pessoas que entram em sintonia. E isto é exatamente que a amada, citada no texto bíblico acreditava.
Em suas palavras são possíveis encontrar a avidez de quem quer dar o primeiro beijo, ou o último. “Beije-me” diz ela. Como quem cobiça, anseia e deseja, ardentemente, concretizar o amor com seu amado. É com o beijo que tudo isso terá início e seus sonhos serão realizados.
Beije-me “com os beijos de sua boca”, ou seja, com seus lábios. Nos lábios de quem beija, encontramos o sinal da proximidade, da vida, da bênção e do bem. Nos lábios de quem beija tanto se podem encontrar traição, como ocorreu com Judas, que traiu Jesus com um beijo, como se podem encontrar a embriaguez de quem se une por meio de um beijo envolvido em um forte abraço que acolhe.
Este beijo, que traz consigo o amor, diz o texto bíblico “é melhor que o vinho”. Em outras palavras, o beijo é mais satisfatório, delicioso e inebriante que o vinho. O vinho era a bebida mais comum nas festas de casamento na Bíblia. Era símbolo de alegria. Mas nem o melhor vinho, o mais desejável, aquele de melhor safra e com melhor Bouquet era tão importante e necessário para quem está apaixonado, quanto o beijo inebriante da pessoa a quem amamos e temos como nossa companheira.
Feliz é aquele que encontra no beijo da mulher amada o sabor e o paladar que une e que embriaga, vez que é o beijo que intensifica o amor e que reflete a entrega total. Feliz o que se afasta dos beijos que são dados com malícia e desejos escusos. Assim ensina a Bíblia sobre isso: “os golpes do amigo são leais, e mentirosos os beijos do inimigo” (Provérbios 27:6).
Procurem, caríssimos, os beijos quentes e ardorosos dos que verdadeiramente nos amam exatamente como somos. São esses beijos que aquecem nossa alma e orientam nossa vida. Afinal, alguém já disse que o beijo era "um delicioso truque que a natureza criou para interromper a fala quando as palavras se tornam supérfluas".
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