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O AMOR E A LIDERANÇA ECLESIAL NOS DIAS DE HOJE

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 10 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

Reverendo Jorge Aquino.

Um dos temas mais intrigantes e significativos acerca do qual a igreja cristã deveria se voltar, nesta segunda década do século XXI, tem a ver com o tipo de liderança que aqueles que ocupam os púlpitos e a liderança espiritual exerce hoje. Na verdade, esta preocupação vem nos ocupando desde a virada do século, mas parece ter se tornado, hoje, algo primordial e urgente.

Contrariando frontalmente o exemplo dado por Jesus, que escolheu homens para que o seguissem e que, no futuro, se tornariam apóstolos que anunciariam o evangelho a todos os rincões do mundo, percebemos que as escolhas de hoje destoam em muito do que ocorreu no passado. Pelo que verificamos, àqueles que exercem o poder em nossas denominações hoje, parace-nos gente bem diferente do que Jesus apontava. Desta forma, a impressão que temos, quando lemos as Escrituras, é que a “liderança na igreja não é confiada a empreendedores bem-sucedidos, a estudiosos brilhantes da Bíblia, a gênios da administração ou a pregadores carismáticos (...), mas àqueles que foram tomados por uma paixão consumidora por Cristo: homens e mulheres apaixonados, a quem o privilégio e o poder são banais, se comparados ao amor e ao conhecimento de Jesus” (MANNING, 2007, p. 142). Este texto, do conhecido escritor Brennan Manning, é especial por muitas razões. Mas a principal delas é que ele aponta para os elementos que se tornaram fundamentais na escolha da liderança eclesiástica em nossos dias, quais sejam: empreendedorismo de sucesso, bom conhecimento bíblico, administração de resultados e uma pregação carismática. Parece-nos que, se o indivíduo revelar esses quatro elementos, ele está apto para assumir a liderança de qualquer igreja ou denominação, hoje em dia.

Aprofundando um pouco mais essa perspectiva, verificamos que, ao comentar o filme O Jogador, de 1992, Manning nos lembra que ele nos mostra “um retrato frio do mundo que canoniza a ganância, a barganha, o lucro garantido. O roteiro (...) mostra a tolerância com a riqueza e o poder irresponsáveis, o desprezo por tudo o que não é lucrativo, mesmo que original, e a santificação do interesse próprio: o que interessa são os resultados” (MANNING, 2007, p. 161). Lamentavelmente este parece ser o padrão de mentalidade, ou seja, o paradigma vigente, também nas grandes denominações cristãs nos dias de hoje.

O que parece ter sido esquecido pela igreja, lamentavelmente, é aquela paixão arrebatadora por Jesus, que estava presente no coração dos primeiros discípulos. Àqueles eram, verdadeiramente, homens e mulheres absolutamente apaixonados por Jesus, e para quem, questões que envolviam privilégio ou poder, eram banais, quando comparados a um relacionamento amoroso e real com Jesus

Não devemos esquecer que, “Antes de Pedro ser vestido com o manto da autoridade, Jesus lhe perguntou (não uma, mas três vezes): ‘Tu me amas?’. A pergunta não é apenas contundente, mas reveladora” (MANNING, 2007, p. 142). E a grande verdade que esta pergunta nos revela é que, se há alguma autoridade a ser conferida na igreja de Deus, ela deve estar fundamentada em nosso amor por Jesus. Muitas vezes, o que verificamos, são líderes aprisionados aos cânones e às leis eclesiásticas, abrindo mão do que é fundamental, ou seja, do amor. Parece que não nos damos conta de que a quantidade de pessoas que hoje estão desingrejadas em razão da paciência ou da compaixão da igreja é ínfima, se comparada aos que a abandonaram por causa de seu comportamento intransigente e implacável. Em outras palavras, devemos sempre ter em mente o que nos ensina Manning, ao afirmar que, antes de começar suas aulas, o ilustre teólogo do século XIII – Antônio de Paula -, dizia: “De que vale o aprendizado que não se transforma em amor?” (MANNING, 2007, p. 149).

Eu sou um alguém que, desde minha adolescência, vivo e assisto o que acontece dentro das quatro paredes que congregam líderes, presbíteros e bispos. Eu conheço os argumentos para não aceitar certas pessoas como membros da comunidade ou para retirar outras. Eu assisti votações sobre a escolha de bispos e verifiquei quais os argumentos eram usados e quais os critérios eram verificados. Confesso que não existe muita diferença entre a política eclesiástica e a secular. O jogo de poder é muito parecido. Mas, apesar disso, ainda acredito que o exemplo de Jesus – como o Deus que se humilhou assumindo a forma de homem -, que não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida pelos homens, ainda tem o condão de tocar o coração de algumas pessoas. Confesso que ainda acredito nesse amor que nos faz sacrificar a vida para servir a Deus no outro, no próximo, no abandonado, no excluído. E porque creio – e vivo - assim, sofro as consequências de minhas escolhas e de minha vocação. Mas não há o que temer; afinal, o servo não é maior que seu Senhor.


Referência bibliográfica:

MENNING, Brennan. O impostor que vive em mim. São Paulo: Mundo Cristão, 2007



 
 
 

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