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INTERPRETANDO PESSOAS

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 18 de jul. de 2019
  • 2 min de leitura
empatia

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Certamente, uma das atividades mais difíceis que os humanos realizam é interpretar o que as outras pessoas dizem, querem ou pensam. Se já é difícil interpretarmos um texto escrito, o que dizer de palavras, gestos ou olhares? No entanto, há pessoas que julgam muito facilmente o que os outros pensam ou querem, em que pese o imenso desafio subjetivo que temos que enfrentar.

Nosso primeiro desafio, quando falamos em interpretar, é estabelecer os instrumentos que usamos para tal. E aqui, sejamos claros: não existem outros elementos à nossa disposição, além dos nossos cinco sentidos. Ou bem nos servimos da visão, ou da audição, tato, paladar ou olfato. Todo o nosso conhecimento do mundo exterior a nós nos é dado por meio de um desses instrumentos.

E é aqui que surge nosso segundo desafio: aceitar que existem elementos que interferem nesses instrumentos. A existência ou não de luz pode influenciar nossa visão; a presença ou não de ruído pode interferir em nossa audição, assim como outros empecilhos podem interferir nos outros sentidos. Assim, como estamos falando de interpretar pessoas, eis que entra em cena um item que precisa ser levado em consideração: nossos “pre-conceitos”. Quando falamos em “pre”, queremos nos referir a algum elemento que antecede a nossa visão dos fatos. Assim, se eu ouço um discurso que defende os direitos das pessoas homoafetivas e eu sou membro de um grupo de supremacia racial ou homofóbico, meus preconceitos inevitavelmente vão interferir na minha forma de ver e ouvir meu interlocutor. O mesmo ocorrerá se você é machista ou se tem alguma dependência psicológica. É preciso reconhecer que todos temos preconceitos ou prenoções, e que eles interferem em muito na forma como vemos ou escutamos as pessoas. Em outras palavras, nossa interpretação dependerá, em muito, da carga de “verdades” que trazemos conosco de nosso passado.

Por fim, em terceiro lugar, quem pretende interpretar corretamente o que alguém faz ou diz, precisa exercitar a “empatia”. Empatia é a capacidade de sentir o que o outro sente. Isso significa que quem nunca passou fome, não sabe nada sobre esse tema, ainda que tenha uma grande imaginação. Desenvolver a empatia é fundamental porque sem ela, jamais poderemos interpretar verdadeiramente o que nosso interlocutor pensa, faz ou diz. Você pode até compreender muito bem a gramática e ter um ótimo vocabulário, mas se você olha para seu interlocutor com “antipatia”, você nunca entenderá ou interpretará a pessoa que está ouvindo ou com quem você está conversando.

O criador da hermenêutica moderna – Friedrich Schleiermacher -, nos diz que sem compreensão não pode existir interpretação. Para ele, a verdadeira compreensão era uma habilidade psicológica de procurar entender o que a outra pessoa “sente”. Somente assim, entenderemos corretamente a realidade. Contudo, se você não estiver disposto a “compreender” o próximo, então, as interpretações que você fará só poderão ser explicadas por Freud. Talvez tudo o que você esteja vendo não passe de uma projeção de si mesmos e de seus medos inconfessáveis (alguns deles inconscientes) sobre a pessoa que procura interpretar. Assim, você acabará vendo o outro como uma pessoa perigosa, ameaçadora ou, no mínimo, sonsa. Se você é assim, sugiro fortemente uma terapia. Talvez assim, ou seja, compreendendo a si mesmo, você possa compreender melhor os outros, ao invés de viver a julgá-los.

 
 
 

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