
Reverendo Jorge Aquino.
A palavra perdão não é muito utilizada, nem sua prática vivida, em nossa sociedade. Muito ao revés, nossa sociedade supervaloriza a culpa e todas as consequências que ela pode trazer. Quando conseguimos fazer com que alguém se sinta culpado, nós a controlamos e, de certa forma, somos “donos” de sua consciência e de sua vida.
O perdão, por outro lado, não parece um tema que traga muitos holofotes. Apesar disso, este tema está no cerne da fé dos que se dizem cristãos. A palavra perdão, se origina do latim perdonare, e aponta para um prefixo per, que significa “por inteiro”, e da raiz donare, que aponta para o gesto de doar e de dar algo a alguém. Assim, quem melhor revelou sua intensão e seu gesto de perdoar, foi Deus que “amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mais tenha a vida eterna” (João 3:16).
Seguindo o exemplo de nosso Pai, Jesus nos ensina a perdoar nossos irmãos não sete, mas setenta vezes sete vezes (Mateus 18:21,22). Ocorre que, para que exista o perdão Deus exige que algo o preceda, ou seja, o arrependimento. No Evangelho de Marcos, verificamos que a mensagem de João exigia o arrependimento: “Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados” (Marcos 1:4). Jesus também falava da necessidade do arrependimento dos pecadores ao dizer: “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:32). Esta mensagem não é nova. Mesmo no Antigo Testamento o perdão exige arrependimento, ou seja, mudança de comportamento. Eis uma expressão clara do pensamento divino acerca do perdão: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (II Crônicas 7:14). Assim, não resta qualquer dúvida de que, àquele verdadeiramente arrependido, Deus o visita com sua graça e com seu perdão.
Uma vez perdoado, nem mesmo o diabo poderá nos acusar diante de Deus. Eis que pergunta o apóstolo: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo?” (Romanos 8:33-35a), para essa pergunta retórica, a única resposta possível é um sonoro ninguém!.
Desta forma, é amplamente conhecida a crença cristã de que cada um de nós, pode a qualquer momento depositar aos pés da cruz seus pecados, livrando-se de seus fardos, tão pesados de carregar e assim, poder gozar da paz de Deus que guarda nossa mente e coração (Filipenses 4:7).
Por isso, se alguém, ou mesmo sua lembrança, o acusar dos erros que foram cometidos no passado, olhe para a cruz. Foi lá que todos os nossos pecados foram perdoados. Afinal, lembre-se, que “não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (I Pedro 1:18,19).
Agora eu questiono. Há limites para o perdão de Deus? Claro que não! Acredite, há mais poder no sacrifício de Jesus para nos perdoar do que no diabo, para nos acusar.
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