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GENIVALDO TAMBÉM NÃO CONSEGUE RESPIRAR

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝


Padre Jorge Aquino.

Seu nome era Genivaldo de Jesus Santos. Ele tinha 38 anos de idade e morava em Ubaúma, ao sul de Sergipe e era portador de transtornos mentais quando, na quarta-feira 25 de maio, foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal por estar sem capacete. Mesmo tendo encontrado os remédios para esquizofrenia (razão pela qual ele era aposentado), os policiais fizeram uma abordagem desnecessariamente truculenta. Palavrões são usados; gestos bruscos utilizados. Procurando sair daquela realidade sobre a qual não entendia, Genivaldo, extremamente nervoso, procura se desvencilhar dos policiais e é imobilizado no chão. Suas pernas são amarradas e ele é algemado. Spray de pimenta é utilizado. Ato contínuo, Genivaldo é jogado dentro do porta-malas da viatura, que está com as janelas fechadas. Logo após ele ser jogado lá dentro, um dos policiais joga uma bomba de gás lacrimogênio enquanto os outros tenham fechar a porta, os pés de Genivaldo ficam do lado de fora, se debatendo. Ouve-se um grito horroroso de angústia e dor que expressa o sentimento daquele homem que não entende o que está acontecendo. Genivaldo é levado ao hospital, onde chega sem vida. Para os policiais, ele teve um “mal súbito”. Para a Polícia Rodoviária, foi uma fatalidade. Para quem assistiu tudo, foi um crime. Para Genivaldo, que era de Jesus, faltou coração, faltou respeito, faltou humanidade, faltou profissionalismo, faltou ar (como para George Floyd) e sobrou violência, truculência, brutalidade, incompreensão, barbárie! Todo o Brasil e a imprensa internacional acabou assistindo a uma cena dantesca na qual agentes do Estado, que tem por dever proteger e cuidar da população, acabaram criando nossa própria versão de uma câmara de gás. Até quando homens serão tratados assim em razão de sua condição social e da cor de sua pele? Sim, porque enquanto Genivaldo paga por ser pobre e negro, homens brancos e poderosos também desfilam em suas motocicletas, sem capacete, pelas avenidas de nosso país, escoltados pela mesma polícia. Eles, pelo menos são multados? Claro que não! E a razão você já sabe: o poder, a condição social e a cor da pele.

 
 
 

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