EXISTE AMOR DEPOIS DO CASAMENTO?

Reverendo padre Jorge Aquino.

Uma certa tarde, eu estava em um café esperando um casal para termos um dos encontros matrimoniais que antecedem a celebração, quando ouvi uma jovem que estava sentada atrás de mim conversar com uma outra que estava passando, mas parou porque a reconheceu. A que estava sentada perguntou como ela estava e a resposta foi que ela havia se separado a pouco tempo. A jovem que estava sentada, imediatamente sorriu e disse sem qualquer cerimônia que já havia se separado três vezes e que não acreditava em amor depois do casamento. Mas será que as coisas são, de fato, assim? Afinal, o que ocorre depois do “sim” com algumas pessoas é uma regra geral? As pessoas que se mantém casadas por anos estão apenas se suportando e vivendo uma solidão à dois? Ou existe a possibilidade de que o amor permaneça com o passar dos anos?

Depois de vinte anos aconselhando casais, o Dr. Gary Chapman entende que é possível permanecer amando seu cônjuge até o fim de seus dias. Mas, para isso, é preciso que os dois sejam capazes de aprender a falar as cinco linguagens do amor. Se os dois falam a mesma língua, a maior parte dos problemas desaparecem e as portas para um relacionamento duradouro se abrem.

Todos sabemos que existem muitos filmes e canções que se tornaram célebres por falarem sobre o amor. Quantos de nós não se lembram de pelo menos uma música, quando pensamos naquele momento em que conhecemos o amor de nossa vida? Falar sobre o amor é algo fundamental em qualquer realidade. Mas é imprescindível que saibamos falar corretamente pois, assim como quando podemos cometer erros quando queremos dizer algo a importante a alguém, também podemos nos enganar na forma como comunicamos nosso amor para a pessoa que amamos. E a importância de saber falar bem essa linguagem reside no fato de que os psicólogos concordam que, sentir-se amado é a necessidade primordial de qualquer ser humano.

O amor é tão importante que para São Paulo, qualquer um dos nossos gestos ou palavras, sem amor, é vazio de significado e não tem sentido algum. Para ele, escrevendo sua primeira carta aos Coríntios – no capítulo 13 -, na última cena do drama humano, somente permaneceram três características: a fé, a esperança e o amor. Mas, para ele, a maior delas é o amor.

Lamentavelmente, muito embora essa palavra seja tão importante e relevante para nossas vidas, nós a usamos em tantos aspectos diferentes do seu sentido primordial que, às vezes, ele pode ficar esquecido ou escamoteado. Assim, ao mesmo tempo em que podemos dizer que amamos nosso cônjuge, também se pode dizer que alguém fez amor com uma colega de trabalho. A palavra amor pode ser usada para falar sobre nossos sentimentos para com nossas atividades diárias (eu amo estudar), nosso animalzinhos de estimação (amo meu gato), ou mesmo pessoas que conhecemos (pais, parentes, etc.).

Não só as crianças, mas mesmo pessoas adultas necessitam muito de serem amadas. Objetos e bens materiais não podem substituir o amor. De nada adianta dar todos os tipos de brinquedos a seus filhos, e lhes negar o amor. De nada importa ter carros, casas, terrenos, dinheiro, e não receber uma palavra de carinho de quem amamos. Algo dentro de cada um de nós grita, agonizantemente, por amor! Seguir em frente com uma relação sem amor é mais difícil do que dirigir um carro sem combustível.

No entanto, em cada um de nós, existe a capacidade e o potencial para amar e ser amado em uma relação duradoura. Para que isso ocorra, contudo, precisamos aprender a falar a mesma a mesma língua de quem amamos. É claro que quando nos apaixonamos, imaginamos que tudo será sempre daquela forma, para sempre. E eu realmente acredito que é possível manter um elevado padrão de relacionamento amoroso com a pessoa que escolhemos para ser nosso cônjuge. Para que o amor permaneça, no entanto, é preciso que tenhamos a sensibilidade e a inteligência necessária para alimentá-lo e fortalecê-lo. Regue diariamente o jardim de sua relação e você verá que a vida se manterá presente nas folhas verdes que se multiplicam, nas flores que surgem e nos pássaros que se sentem convidados a parar e cantar suas lindas canções para nós.