ECUMENISMO NA PRÁTICA: O USO COMUM DO TEMPLO
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 2 de jun. de 2021
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Atualizado: 24 de jun. de 2021
Reverendo Padre Jorge Aquino.
Uma experiência ecumênica que marcou muita gente, ocorreu na cidade de Cachoeira Paulista, em São Paulo, no ano de 2014. Por um período de três dias, líderes religiosos participam de palestas e atividades que pretendem “estreitar os laços” entre as duas religiões. A atividade é chamada de Encontro de Cristãos na Busca de Unidade e Santidade (Encristus).
Muito pouca gente sabe, mas em outros lugares do mundo, cristãos evangélicos ou católicos se reúnem em igrejas de suas igrejas irmãs sem que, com isso, ocorra qualquer problema. Já vi, por exemplo, uma comunidade protestante se reunido em um templo católica, na Europa.
Não se assuste. Isto está exatamente de acordo com o que ensina a doutrina romana e com a prática de várias denominações protestantes. Uma demonstração dessa realidade pode ser encontrada no livro Diretório para a aplicação dos princípios e normas sobre o ecumenismo, publicado pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC), publicada no Brasil pelas Edições Paulinas. Neste documento oficial da Igreja romana lemos o seguinte: “se algum padre, ministro ou comunidade que não esteja em plena comunhão com a Igreja católica não dispuser de local ou dos objetos litúrgicos necessários para celebrar dignamente as suas cerimônias religiosas, pode o bispo da diocese permitir que utilizem uma igreja ou um edifício católico e lhes sejam também facultados os objetos necessários para os seus serviços” (DIRETÓRIO, nº 137).
No parágrafo seguinte, o Diretório é até mais explícito, quando procura contextualizar o que ocorre nas grandes cidades modernas, ao dizer que, “Em conseqüência da evolução, do crescimento rápido da população e da urbanização e por razões financeiras, pode haver um interesse prático na posse ou no uso comum de lugares de culto durante um longo período de tempo, desde que existam boas relações ecumênicas e compreensão entre as comunidades” (DIRETÓRIO, nº 138).
Minha experiência particular sobre esse tema foi bastante satisfatória vez que, durante um período de sete (7) anos, ministrei em uma prédio que acolhia em todas as manhas de domingo, uma paróquia anglicana e, todas as noites, uma paróquia católica romana. Minha relação com o padre romano era muito boa e, muitas vezes, eu o substituía nos sermões a noite ou co-celebravamos a Santa Eucaristia. Esta relação era tão próximos que, no dia de minha ordenação sacerdotal, estavam presentes, naquele lugar, quatro padres e um diácono romanos e quatro padres e um diácono anglicanos, além do bispo ordinante.
Perceba, contudo, que o documento citado é bastante maduro ao afirmar que, para que tal realidade ocorra, é preciso haver, não apenas, “boas relações ecumênicas e compreensão entre as comunidades”, que seriam condições formais ou espirituais, mas também, a permissão do “o bispo da diocese”, que seria a exigência legal, canônica ou material.
Queira Deus que as comunidades cristãs amadureçam a ponto de compartilharem o espaço sagrado e, sempre que possível, o momento de culto, para adorar o mesmo e único Deus que, juntos confessamos no Credo Apostólico e Niceno.

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