CUIDADO COM A(O) EX-NARCISISTA-SUPER BONDER
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 19 de jul. de 2021
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Rev. Padre Jorge Aquino.
Normalmente, quando faço meus encontros matrimoniais eu trato, no segundo tema de como os “outros” podem influenciar a relação do casal. Geralmente eu enumero três tipos de pessoas que chamo de “outros”: as que ajudam, as que são ambivalentes e as que prejudicam.
Quando chego neste grupo de pessoas – os que prejudicam -, informo que no topo da lista dos que podem prejudicar uma relação estão os ex-cônjuges. Sou bastante honesto para dizer que conheço muitos casais que se separaram e que se dão muito bem com seus ex-companheiros. Em muitos casos existe até a possibilidade de contato saudável entre o atual e o ex-cônjuge. Já cheguei a celebrar um casamento em que a “ex” do noivo entrou como uma das madrinhas, com o apoio da noiva.
Mas, lamentavelmente, também existem alguns “ex” que eu chamo, carinhosamente, de “ex-super-bonder”. Por quê? Porque não conseguem desgrudar de você. O pior tipo de “ex-super-bonder” é aquele caracterizado por Walter Riso em “Amores de alto risco”, como a (o) ex-narcisista egocêntrico.
Segundo este autor quem já foi casado com uma pessoa assim, se sentia como um satélite, ou seja, sempre girando em torno de um “astro-rei” ou uma “estrela fulgurante”. Segundo ele, as pessoas narcisistas “se consideram especiais, únicas, grandiosas e imbuídas de um toque quase celestial, enquanto vêem os demais como inferiores, vassalos ou simples partidários”.
Nada contra ter amor-próprio. Mas o indivíduo narcisista só busca sua exaltação, além de ser ególatra e egocêntrico. Há, nela, uma desproporção do eu. A proposta amorosa do narcisista é absolutamente inaceitável. Ela se baseia em três pontos: “As minhas necessidades são mais importantes que as suas” (menosprezo afetivo), “Que sorte você tem que eu seja seu par (grandiosidade/superioridade) e “Se você me critica, não me ama” (hipersensibilidade à crítica).
Walter Riso acrescenta ainda dois elementos interessantes na personalidade do narcisista. Primeiro a manipulação. Eis suas palavras: “Esses indivíduos se deleitam em planejar e colocar em prática as estratégias utilitaristas com clara certeza. Escolhem sua vítima com cuidado, fazem um estudo rápido sobre as vantagens que poderiam obter e logo a introduz no jogo da manipulação”. Em seguida vem o segundo elemento destacado por nosso autor e que é comum neste tipo de pessoa, que é a “boa imagem”. Diz Riso: “A chave de qualquer amor egocêntrico é saber administrar o marketing pessoal oferecido pelo seu parceiro do momento. Seja a classe social, a fama ou o aspecto físico, o ‘algo mais’ trazido pelo companheiro deve somar à imagem do ‘grande homem’ ou da ‘grande mulher’”. Por isso essa pessoa costume investir na imagem que seu “satélite” tem a fim de que as pessoas pensem sobre o bem que ela tem feito ao pobre manipulado. A(o) ex narcisista vai procurar alguém que se destaque na sociedade e que “acrescente sem ofuscar” um plus à imagem social que ela(e), tão cuidadosamente, criou.
Agora, quando você acrescenta a este elemento narcisista, um terceiro, que é a síndrome bipolar, então, caro leitor(a), estamos diante de uma bomba nuclear. Esta pessoa, mesmo que queira se separar de você, tem grandes chances de se tornar um(a) “ex-super-bonder terrorista”.
Pessoas assim possuam algumas características bem claras. Primeiro, elas são violentas. Quando você se separa de uma pessoa “narcisista-super-bonder”, você (ou seu novo cônjuge) corre o risco de ser vítima de agressão pelos mais diversos meios possíveis. Ela(e) vai te manda e-mail, mensagens, fazer ligações anônimas, manda amigos fazerem tais ligações, destruir a sua imagem ante seus amigos(as), a sociedade, e muito mais. Qual a razão de tudo isso? Estas pessoas não conseguem conviver com a simples e singela realidade de que você é feliz SEM ela(e). A sua felicidade é uma prova cabal e acachapante de que ela(e) não é o centro do universo e isso, para quem é narcisista é fatal! O narcisista não consegue conviver com o fato de que seu(a) ex encontrou alguém que o/a faz feliz, ou seja, que é melhor do que ela/e. Esta dor é imensa em sua mente neurótica (às vezes psicótica).
A segunda característica é a sazonalidade. Quando a(o) “ex-narcisista-super-bonder” sofre de um distúrbio bipolar, entra em cena a sazonalidade. Ela(e) não vai procurar te agredir durante todo o tempo, somente no estado de mania. Geralmente estas pessoas usam alguns remédios como Carbonato de lítio, Fluoxetina e Rivortril, porque as vezes é fundamental que o lítio seja usado em conjunto com um anti-depressivo e um ansiolítico. As vezes, contudo, estas pessoas não são bem orientadas e não têm um bom tratamento, o que facilita a sazonalidade. Como consequência, essas pessoas vão procurar, de todas as maneiras “acabar” com sua felicidade, utilizando para isso de todos os recursos lícitos e ilícitos. Conheço pessoas que vivem a “processar” o(a) seu “ex” pelas mais diversas razões.
Finalmente, temos o delírio persecutório. Como os narcisistas “se acham”, elas desenvolvem este delírio com muita facilidade. Qualquer um pode ser identificado como a causa de todos os seus problemas. Qualquer um pode ser visto como o culpado por tudo o que acontece com ela(e). E quem seria a pessoa mais indicada para receber a culpa por todas as mazelas advindas sobre estas pessoas? O (a) “ex”, é claro!!. Agora a(o) ex-narcisista encontrará em você a causa de todo o seu sofrimento e você terá que “pagar” por isso. Eis a razão porque mesmo depois de muitos anos da separação, a(o) “ex-narcisista-super-bonder” continuará tentando transformar sua vida em um inferno. A sua simples “existência” autônoma, sem precisar jamais “dessa pessoa”, é um verdadeiro “acinte” à mente tortuosa que não descansa em imaginar como te ferir mais uma vez. Esse tipo de pessoa não tem grandes “objetivos” na vida, nem uma “razão” pela qual viver. Como ela jamais será capaz de estabelecer uma relação saudável e duradoura com alguém, a sua “razão de existir” passará a ser “punir” aquela pessoa que conseguiu aquilo que ela não foi apta a oferecer.
A única saída para alguém que conviveu com um(a) narcisista e que deseja recomeçar a vida com uma outra pessoa e ser realmente feliz, é cortar todos os laços que, de alguma forma, o(a) unem a esta pessoa. Isto significa, às vezes, ter de afastar-se de amigos próximos, de familiares, e em casos mais graves, até mesmo dos filhos – que em muitos casos são vítima de alienação parental. Nestes casos extremos o mais adequado é que qualquer comunicação seja feita entre os advogados das partes, porque até mesmo “ver” tal pessoa, que tanto mal te fez, mesmo em função de suas neuroses e de sua mente doentia, é difícil.
Deus não quer que sejamos infelizes, manipulados ou mesmo dirigidos por pessoas ruins da cabeça e dos valores. Portanto peça ao Senhor que fortaleça sua vida e a vida daquela pessoa que o(a) ama o suficiente para estar ao seu lado em todos os momentos, mesmo nos momentos de crise que a(o) “ex-narcisista-super-bonder” poderá criar. Que seu novo cônjuge seja um verdadeiro “para-choque” capaz de suportar as loucuras daquela criatura infeliz e frustrada.

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