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CRER PARA COMPREENDER

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 18 de set. de 2019
  • 2 min de leitura
fe-e-razao

Reverendo Padre Jorge Aquino.

A relação entre a fé e o entendimento sempre foi objeto de conflito. Desde que Tertuliano perguntou o que Jerusalém tem a ver com Atenas essas duas realidades parecem andar em caminhos distintos e irreconciliáveis.

No entanto, durante a Idade Média, dezenas de intelectuais demonstraram que um homem de fé não precisa ter que sacrificar sua razão para continuar crendo. Um dos grandes intelectuais do medievo – Anselmo de Cantuária -, nos apresenta uma possibilidade de resolução dessa questão de forma magistral e extremamente feliz. Eis suas sábias palavras: “Não pretendo, Senhor, penetrar em tua profundidade, porque meu intelecto não pode ser comparado com ela. O que desejo é entender, nem que seja de maneira imperfeita, a tua verdade. Esta é a verdade que meu coração ama e crê. Não tento compreender para crer, mas creio, e por isso posso vir a compreender”.

Na primeira parte de sua construção teológica ele reconhece que não tem a pretensão de penetrar na profundidade de Deus, até porque, afirma o ilustre Arcebispo de Cantuária, “meu intelecto não pode ser comparado com ela”. De fato, o que é nosso intelecto ou nossa capacidade cognitiva limitada para “com-preender” ou “a-preender” as profundidades relacionadas com o Deus absoluto? Nossa incapacidade é clara e translúcida.

Mas, na segunda parte da fala de Anselmo, contudo, ele revela aquela necessidade que todo nós temos, qual seja, o desejo de “entender, nem que seja de maneira imperfeita, a tua verdade”. Ele sabe que se houver alguma forma de compreensão das verdades de Deus, elas não podem ser plenas ou cabais. Nosso conhecimento de Deus será sempre penúltimo, jamais último, porque o humano não pode esgotar a divindade. Contudo, diz o teólogo, “Esta é a verdade que meu coração ama e crê”. Mesmo que limitada e imperfeita, o teólogo ama e crê nessas verdades que Deus revela pelas Escrituras e pela natureza.

O que nos leva a ultima afirmação do ilustre pensador escolástico: “Não tento compreender para crer, mas creio, e por isso posso vir a compreender”. Com isso ele quer dizer que a sua fé ou a sua crença, não é o resultado de sua compreensão – que ele sabe ser limitada -, mas que, em função de sua crença e de sua fé, ele pode chegar a compreender. Em resumo, é sua fé ou sua crença que fundamenta sua compreensão ou seu entendimento. De fato, o cristão experiente sabe que ele não acredita em função de sua razão, mas que ele tem boas razões para acreditar.

O que aprendemos desse momento histórico singular na teologia cristã é que não precisamos “crer sem compreender” ou mesmo “crer e compreender”, mas crer “para” compreender, ainda que nossa compreensão seja sempre limitada e imperfeita em função da distância qualitativa existente entre nós e Deus.

 
 
 

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