CREMOS REALMENTE EM DEUS?
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 30 de ago. de 2019
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Reverendo Padre Jorge Aquino.
Em nosso mundo, hoje, dos sete bilhões de pessoas, existem cerca de quatro bilhões que dizem acreditar em uma ou várias divindades. No entanto, a impressão que tenho é que essas pessoas efetivamente não acreditam em nada. Como registra Scott Adams, se as pessoas acreditassem em Deus, elas viveriam cada minuto de suas vidas em apoio a sua crença. Assim, certamente os aspectos práticos do que elas professavam teriam rebatimentos na vida real e os ricos dariam sua fortuna aos necessitados. Mas, diz Adams (2002, p. 48), “os seus quatro bilhões de pretensos crentes não vivem suas vidas dessa forma, com exceção de alguns. A maioria acredita na utilidade de suas crenças – uma utilidade terrena e prática -, mas não acreditam na realidade subjacente”. A partir desse momento ele aprofunda sua crítica e diz de forma bastante clara e incisiva que essas pessoas dizem que acreditam apenas para receberem os benefícios da religião. Eles dizem que creem, que oram, que leem os seus livros sagrados e até vão à suas igrejas. Ou sejas, elas são pessoas que realizam coisas típicas daqueles que creem. No entanto não fazem as coisas que um verdadeiro crente faria. Em outras palavras, “Se você acreditasse que um caminhão estava vindo em sua direção, iria sair da frente. Isso é crença na realidade do caminhão. Se você diz aos outros que tem medo do caminhão, mas não sai da frente, isso é não acreditar no caminhão. Da mesma forma, não é uma crença dizer que Deus existe e depois continuar pecando e acumulando sua fortuna, enquanto tem gente inocente morrendo de forme” (ADAMS, 2002, p. 48, 49). O que estamos querendo dizer é que, quando uma crença não determina suas decisões mais importantes e fundamentais, ela não é uma crença na realidade subjacente, mas apenas uma crença na utilidade de acreditar.
Nosso Deus já afirmava isso e Jesus fez a mesma crítica quando denunciava que “Esse povo me honra com seus lábios, mas seus corações estão distantes de mim” (Mateus 15: 8). Lábios e corações devem estar unidos. Crença e prática devem estar unidas. Ortodoxia que não produza ortopraxia é hipocrisia. Mostre, então, sua fé por meio de suas obras, disse são Tiago. Não importa dizer que frequenta a Igreja, que ora, ou mesmo que realiza milagres e expulsa demônios em nome de Jesus. Acredite, Deus está preocupado muito mais com sua espiritualidade do que com sua filiação religiosa.
Referência bibliográfica:
Adams, Scott. Partículas de Deus: uma experiência para repensar a vida. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002
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