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CONSIDERAÇÕES SOBRE ACUSAÇÕES PUBLICADAS EM BLOG

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 28 de jul. de 2021
  • 8 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Caríssimos leitores. Na semana passada, surgiu um artigo em um blog de nossa cidade que continha uma série de acusações contra a minha pessoa e, logo em seguida, uma série de comentários agressivos que reagiam às informações trazidas no corpo do artigo. Para responder ao artigo e as acusações que vieram em seguida, escrevo as seguintes considerações, no desejo de que a verdade venha à tona.

A primeira realidade que merece nossa atenção, foi a escolha da forma de se resolver o conflito entre as partes (ou seja, eu e o casal envolvido). O casal, ao invés de agir como todos os outros seres normais, que entendem terem seus direitos violados, ao invés de procurar o padre – pessoalmente, por telefone, por whatsapp ou por e-mail - e resolver a questão, decide se valer de um blog sensacionalista e conhecido por suas abordagens apelativas, para “resolver” a situação. No entanto, este passo, por si só, já revela os verdadeiros interesses do casal: eles não pretendiam “resolver” o problema, mas “queimar” o padre perante a opinião pública. Eis que trata-se de um blog cujo responsável é sobejamente conhecido em nossa sociedade pela forma agressiva e sensacionalista como trata os fatos. O mais conhecido exemplo do modo de agir desse senhor, foi o comentário que deu causa à sua demissão de uma rádio em nossa cidade, quando atacou de forma grosseira, a ativista ambiental Greta Thumberg, de 16 anos, dizendo: ela “está precisando de sexo”. É verdade que em seguida, vendo a repercussão de sua fala, ele afirmou que “passou do ponto”. No entanto, esta declaração não apenas lhe custou o emprego, mas também ensejou uma nota de repúdio assinada por mais de 240 jornalistas do nosso estado, além de uma outra nota, desta feita, tendo como origem a OAB, por meio de sua comissão da mulher advogada. Pois bem, este é o “ambiente” escolhido para apresentar o artigo que procura atingir minha pessoa.

Ao que parece, o responsável pelo blog, que segundo as informações que temos, é formado em jornalismo e em direito, deve ter perdido as aulas que indicam os elementos que devem ter uma boa matéria jornalística. Pelo que sei – e eu não fiz jornalismo -, uma boa matéria precisa responder de forma clara ás seguintes perguntas: o que? quem? quando? onde? e por que? Pelo que vemos, de uma perspectiva técnica, a matéria foi um desastre!!

Em segundo lugar, é interessante perceber que tanto o título da matéria – “Padre anglicano engana casal e desaparece no dia da festa” – quanto o conteúdo da matéria, em si, estão eivadas de imprecisões que induzem o leitor ao erro. Por exemplo, no título da matéria, tem-se a impressão que o padre “enganou” o casal e “desapareceu” no dia da festa, quando, na realidade, o padre passou toda a semana que antecedeu a cerimônia procurando convencer o casal de mudar a data. Portanto, não houve “engano’, e além disso, o padre não “desapareceu”, eis que o noivo falou com o padre inúmeras vezes antes e no dia do casamento.

Quando alguém lê o conteúdo da matéria, um incauto é levado a acreditar que o fato que está sendo narrado ocorreu na semana anterior, quando, na verdade, se trata de um evento que ocorreu no dia 27 de fevereiro de 2021. Ora, quando retroagimos no tempo para colocar o fato em seu contexto histórico, verificamos que o desejo dos noivos era celebrar o casamento exatamente no início da chamada “segunda onda” da pandemia. Na verdade, a média móvel de mortos na ultima semana de fevereiro deste ano, girava em torno de 16 óbitos por dia, no RN (https://covid.lais.ufrn.br/), encerrando o mês com 355 óbitos confirmados. Ademais, o Decreto 30.369, de 1 de fevereiro de 2021, proibia muito claramente “a realização de quaisquer eventos, públicos ou privados, que tenham aglomeração” (https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/medidas/medidasdogoverno/). Por óbvio, cerimônias de casamento estavam incluídas. No entanto, o noivo não quis observar os números nem ouvir às minhas observações. Falei sobre isso com ele, mas ele foi inflexível em mudar a data.

Em terceiro lugar, devo lembrar que, durante toda a pandemia, cheguei a fazer mais de 40 aditivos para modificar as datas, conforme a vontade dos noivos e diante do visível aumento do número de óbitos. Surpreendentemente, o único casal que se manteve inflexível quanto a esta realidade, foi este.

Em quarto lugar, devo registrar que, sete (7) dias antes do evento que gerou toda essa celeuma, fiz uma pequena celebração matrimonial e, muito embora o local fosse pequeno, aberto e comportasse poucas pessoas, confesso que fiquei apreensivo frente á possibilidade de uma eventual contaminação. Ora, considerando que tenho 55 anos, que tenho pressão alta e que – à época -, estava obeso, portanto, por fazer parte do grupo de risco, fiquei deveras preocupado. E, na verdade, depois da cerimônia, comecei a sentir dores pelo corpo.

Ato contínuo, neste mesmo período, me envolvi em um acidente de trânsito e avariei os faróis do meu veículo, inviabilizando meu deslocamento até o local da cerimônia, bem assim meu retorno, que se daria na noite do mesmo dia. Refuto como falaz a afirmação de que o casal me disponibilizou um automóvel para que eu pudesse me deslocar até o local do evento. Tudo isso foi conversado com o noivo no dia anterior ao evento.

Em quinto lugar, a informação de que a cerimônia contaria com apenas 30 pessoas, não confere com a verdade. Ora, somando apenas o padre, o cerimonialista e duas assessoras, o fotógrafo dois auxiliares, o pessoal do Buffet, do bolo, da ornamentação, o cabeleireiro, a maquiadora, a filmagem, os dois músicos e, apenas 2 ou três pessoas para servir as mesas, já temos pelo menos 17 pessoas. Será que os noivos convidaram apenas mais 15? Não foi isso que as fotos que estavam no instagram do fotógrafo revelavam. Digo “estavam” porque elas foram, por alguma razão, retiradas. Qual seria a razão do desaparecimento das fotos? Parece claro, não? Mas não importa. O fato inafastável é que, o que aconteceu ali foi um evento social que, porque promovia a aglomeração, feria o decreto estadual da época e que, portanto, era um evento que ocorreu ao arrepio da lei e sem levar em conta a saúde pública e expunha os presente á COVID-19. A própria pousada, que deveria cumprir a lei, também anuiu com o fato. De fato, número algum era permitido, naquele momento. Falei isso com o noivo uma semana antes do evento, mas ele permaneceu imutável em sua decisão.

Em sexto lugar, causou-me estranhamento que o noivo, uma pessoa com uma formação em psicologia, logo após a celebração, não me procurou. E esse comportamento se manteve assim por quase seis (6) meses. Em geral, se algo ocorre que vá contra o desejo dos casais, sou procurado antes ou depois do evento, para explicar ou reparar algum lapso. Mas o casal se manteve silente por todo este tempo e, quando resolveu falar, não fez de forma adulta ou amadurecida, mas de forma infeliz e demonstrando uma motivação mais vingativa e beligerante do que reparadora. Ora, em qualquer contrato que se celebra, existe a possibilidade de que uma das partes o quebre. Para tanto, existem instrumentos pessoais e legais para a reparação. Mas, expor a vida de alguém que a trinta (30) anos celebra casamentos, batizados, bênçãos e outras celebrações em nossa cidade, me parece uma vingança com requintes de crueldade.

Em sétimo lugar, quando o casal opta por expor o padre à execração pública, houve uma clara escolha por apelar para que a opinião pública, motivada por um título sensacionalista e uma matéria cheia de inverdades, submeta o sacerdote a todo tipo de impropérios, leviandades e acusações que nos faz lembrar os processos de “cancelamentos” que ocorrem no BBB. Não se tratava de uma justa reparação de um contrato não cumprido. Trata-se de uma vingança com a clara intenção de destruir a reputação de uma pessoa. Em outra palavra, estamos diante de um justiçamento ou de um linchamento virtual.

Quando visualizamos os comentários feitos tanto no instagram quanto no blog que publicou a matéria, verificamos que o que ocorreu foi um processo público de acusação, julgamento, declaração de culpa e execução sumária.

É surpreendente entre os comentários, a presença de uma pessoa que também celebra casamentos e que, vendo que não consegue mais realizar o mesmo número de celebrações que fazia antes, instrui seus asseclas a dizer qual o nome do padre de que trata a matéria. Uma vez que o nome é declinado, começam as acusações. Dentre elas – boa parte delas feitas convenientemente, sob o manto do sigilo e sem a apresentação de provas -, encontramos de tudo. Mas o que mais salta aos olhos são as acusações de “trambiqueiro”, “malfeitor”, “canalha”, mercenário”, “falso”, “mentiroso”, “mal-caráter conhecido”, caloteiro, “arrogante”, etc.

Em oitavo lugar, gostaria de fazer algumas considerações sobre as acusações. Ora, considerando que celebro casamentos, batizados, bodas e outras bênçãos a mais de trinta (30) anos em nossa cidade, e considerando todas as acusações que me são feitas, pergunto: que tipo de gente mora em nossa cidade? Para que eu fosse exatamente tudo isso do que sou acusado, essa cidade teria que ser habitada por pessoas absolutamente ingênuas, loucas, idiotas, sem senso, destituída de razão, de visão e de conhecimento da realidade. No entanto, jamais poderia dizer que todos os advogados, juízes, promotores, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, engenheiros, empresários, políticos, jornalistas, policiais, professores, e gente tantas outras profissões, que me convidaram para que eu realizasse o grande sonho de suas vidas – o que aconteceu - ,se enquadra nas condições que coloquei acima. Assim, o raciocínio é bastante lógico. Ou bem eu sou tudo isso que dizem de mim, e toda a sociedade foi enganada por 30 anos, ou bem as acusações são fruto de outra forma de motivação. Quem tem entendimento compreende o que quero dizer.

Em nono lugar, devo admitir que sou sim, culpado. Sou culpado de temer a pandemia; sou culpado de obedecer ao decreto estadual e, acima de tudo, sou culpado de seguir minha consciência que dizia: se você está contaminado, pode contaminar alguém e - se o documento apresentado for falso (como postula o casal) -, se eu não estava contaminado, sou culpado de temer a doença.

Em décimo lugar, devo registrar que, no dia seguinte ao dia em que disse que não iria à cerimônia, fui comunicado que já tinham outro padre para celebrar o matrimônio e que, precisavam que eu enviasse a habilitação, o que fiz imediatamente. O casamento ocorreu no momento previsto, na data prevista, mas com outro sacerdote (ainda que sem plubiscização naquele momento) e eu fiquei no aguardo para a devolução do valor que me foi pago.

Em décimo primeiro lugar, considerando que estava me sentido mal durante a semana – e o noivo sabia disso -, fui até um centro médico público para realizar um exame. No entanto, diante da quantidade de pessoas na fila e, uma vez que fui abordado por duas pessoas com jaleco de um laboratório me oferecendo o exame de swabe por um preço módico, eu o fiz e recebi o resultado por e-mail. Ato contínuo, mandei o resultado ao noivo. A questão é: aquelas pessoas estavam mentindo? Caso não, o resultado é válido. Caso contrário, é falso. Mas isso faz de mim o idealizador e autor do resultado?

Por fim, encerro minhas palavras dizendo que, o que se pode ver de tudo isso é que, pessoas oportunistas, associadas a pessoas desinformadas e movidas por uma pessoa com sentimento de vingança, encontraram um espaço virtual para destruir a reputação de alguém. Em se tratando de um sacerdote, esse esporte virtual de cancelamento e execração pública trouxe, consigo, um frisson ainda maior.

Eis que uma amiga médica, rebateu algumas acusações que me foram feitas no instagran e, algum tempo depois, ela não mais conseguia visualizar suas postagens. Ao que parece, somente torcedores de um time podia falar ali. Eis que, mais tarde outra pessoa, que tive a alegria de realizar sua bênção matrimonial, postou algumas palavras amistosas e me dando apoio. Até o presente momento, elas ainda estão lá. Quero agradecer a estas pessoas que se manifestaram – contrariando a grande multidão – e me defenderam. No entanto, minha maior defesa, vem de Deus. Quem estiver errado sofrerá as conseqüências de seu erro. Pois Deus, o justo juiz, nunca falta.



 
 
 

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