
Padre Jorge Aquino.
No texto do Evangelho que apontado para ser lido neste domingo do Cristo Rei do Universo, lemos: “35E o povo estava ali, observando; mas os líderes zombaram dele, dizendo: ‘Ele salvou outros; salve-se a si mesmo se é o Messias de Deus, o seu escolhido!’ 36Os soldados também o escarneciam, aproximando-se e oferecendo-lhe vinho azedo, 37dizendo: ‘Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!’ 38Havia também uma inscrição sobre ele: ‘Este é o rei dos judeus’. 39Um dos criminosos que foram crucificados continuou zombando dele e dizendo: ‘Você não é o Messias? Salve a si mesmo e a nós!’ 40Mas o outro o repreendeu, dizendo: ‘Você não teme a Deus, estando sob a mesma sentença de condenação?’ 41Nós, de fato, fomos condenados com justiça, pois estamos recebendo o que merecemos por nossas ações, mas este homem não fez nada de errado’. 42Então ele disse: ‘Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino’. 43Ele respondeu: ‘Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso’” (Lucas 23: 35-43).
Hoje é o ultimo domingo do ano litúrgico. E, para celebrar o fim de mais um ano, celebramos Cristo como o Rei do Universo. Pode parecer estranho falar em reinado em mundo no qual a monarquia parece está desaparecendo. No entanto, este ano nós perdemos uma grande rainha, Elizabeth II. E com essa perda, foi possível refletir sobre tudo o que ela significava, não apenas para a Inglaterra ou para a Grã-Bretanha, mas para toda a Comunidade de Nações. Quando retroagimos no tempo, e vislumbramos um mundo no qual a República era apenas uma ideia no imaginário grego, e a presença de reis era total, então nos damos conta do que a Igreja do passado imaginava quando estabeleceu que nesta data celebraríamos o reinado de Jesus Cristo sobre o universo. Diante disso, e vislumbramos o texto do evangelho de Lucas, escolhido para o dia de hoje, acredito que podemos encontrar pelos menos três verdades aqui. Em primeiro lugar, é notória a postura de irreverência e desprezo de muitos dos presentes na crucificação. Segundo o texto, enquanto o povo observava tudo – e os apóstolos também -, os chefes estavam zombando ao dizer: “salve-se a si mesmo se é o Messias de Deus”. Mas Jesus estava em silêncio. O texto também nos revela que “Os soldados também o escarneciam” e ofereciam vinagre enquanto diziam: “Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”. Jesus, no entanto, permanecia em silêncio. Por fim, eis que um dos próprios malfeitores, que também estava sendo crucificado, se manifesta zombando de Jesus dizendo: “Você não é o Messias? Salve a si mesmo e a nós!”. Jesus continua em silêncio, apenas observando as manifestações de desprezo que lhes são dirigidas.
No entanto, em segundo lugar, o texto revela que existem aqueles que reconhecem, em Jesus, o Messias enviado por Deus. Diz o texto que, logo após o primeiro malfeitor zombar da pessoa de Jesus, o ladrão que estava crucificado do outro lado de Jesus, toma a palavra e o repreende dizendo: “Você não teme a Deus, estando sob a mesma sentença de condenação? Nós, de fato, fomos condenados com justiça, pois estamos recebendo o que merecemos por nossas ações, mas este homem não fez nada de errado”. Nesta declaração, aquele homem reconhece ser Jesus um justo, que estava ali por um gesto de injustiça das autoridades. Assim, o primeiro gesto de aproximação que aquele homem deu em direção ao Reino de Deus foi sua crítica ao malfeitor, que zombava de Jesus, e ao sistema que condenava pessoas justas à morte. Mas ele vai adiante e, dirigindo-se a Jesus, diz: “lembra-te de mim quando entrares no teu reino”, ao que o Senhor responde: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”. Fora sua postura de justiça e humildade que o fizera chegar até o coração do Rei. E seu humilde pedido, seria atendido naquele mesmo dia: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.
Uma terceira e última verdade que aprendemos nesse texto, é que, Jesus, o Rei do Universo, não se manifesta a nós em um trono de ouro ou mármore, mas em uma simples cruz de madeira, coberta de sangue. Todos os que querem encontrar o Rei Jesus deverão evitar se dirigir aos centros de poder ou aos grandes pináculos, onde as pessoas gostam de se exibir. Para encontrar Jesus, precisamos nos dirigir até o gólgota, a colina que era chamada de calvário ou caveira (em grego kraniou topos) e que ficava fora, ou à margem, da cidade de Jerusalém. Assim, para encontrar o Rei do Universo, precisamos traçar um trajeto que nos faz passar pelo lugar onde as pessoas perdem sua dignidade e sua vida. É lá que encontraremos o Senhor.
Se você gostaria de ter um encontro com o Rei do Universo, ele te convida a assumir uma vida de fome e sede de justiça e amor pela dignidade humana. No final desse caminho você encontrará aquele que tanto amou o mundo, que deu sua própria vida para que o mundo fosse salvo de seus pecados, injustiças e erros.
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