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COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Rev. Padre Jorge Aquino.

No texto do Evangelho apontado para esse domingo, lemos o seguinte: “27Alguns saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele 28 e lhe fizeram uma pergunta: ‘Mestre, Moisés nos escreveu que, se o irmão de um homem morrer, deixando mulher, mas sem filhos, o homem se casará com a viúva e criar filhos para seu irmão. 29Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem filhos; 30então o segundo 31e o terceiro se casaram com ela, e assim da mesma forma todos os sete morreram sem filhos. 32Finalmente a mulher também morreu. 33Na ressurreição, portanto, de quem será a mulher a mulher? Pois os sete se casaram com ela’. 34Jesus lhes disse: ‘Os que são deste século se casam e se dão em casamento; 35mas aqueles que são considerados dignos de um lugar naquela época e na ressurreição dos mortos não se casam nem se dão em casamento. 36De fato, eles não podem mais morrer, porque são como anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição. 37E o fato de que os mortos ressuscitam, o próprio Moisés mostrou, na história da sarça, onde ele fala do Senhor como o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. 38Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; pois para ele todos eles estão vivos’” (Lucas 20:27-38).

Neste texto verificamos que Jesus está em Jerusalém e é confrontado com um grupo de saduceus. Ora, quem são os saduceus? Diferentemente dos fariseus, os saduceus, que surgiram no 2º século antes de Cristo, era um grupo aristocrático composto de leigos e sacerdotes que não aceitavam a tradição oral. Na realidade, os saduceus, pertencendo à classe dominadora, tendo à miúde, contato íntimo com ambientes helenizados, estavam inclinados a algumas modificações ou helenizações do judaísmo. O conflito entre estes dois partidos foi o desastre dos últimos anos da Jerusalém judia. Este conflito doutrinário se revela no fato de que eles não criam na ressurreição, também não criam em anjos, nem em espíritos ou no juízo. Apesar de ser um grupo pequeno, eles tinham grande influência com os romanos em razão de sua elevada condição social. Aqui, portanto, cremos ser possível encontrar pelo menos três verdades. Em primeiro lugar, esse texto nos revela que os saduceus se aproximam de Jesus, não para buscar o verdadeiro ensinamento do Senhor e, portanto, revela que há aqui um desinteresse na verdadeira aprendizagem, e sim apenas, um imenso desejo em expor uma eventual fragilidade ou erro no ensino de Jesus. Em outras palavras, eles queriam ridicularizá-lo. Assim, muito embora se aproximem de Jesus chamando-o de “mestre”, eles na verdade, desejavam caçoar dele. Isso nos deve levar a pensar sobre a forma como nos aproximamos de Jesus. Quem se aproxima de Jesus precisa verificar qual sua verdadeira motivação. Nós, quando vamos a igreja orar ou quando lemos as Escrituras para buscar orientação, o fazemos de com a verdadeira motivação? Queremos realmente aprender? Estamos realmente dispostos a obedecer suas ordens?

Uma segunda verdade que verificamos neste texto é que os saduceus aplicavam, por seu raciocínio equivocado, elementos e características de nossa realidade espaço-temporal à realidade e à condição eternal. Para colocar em prova o ensino acerca da ressurreição os saduceus contam a história de uma mulher que, seguindo a lei do levirato, casou com os vários irmãos de seu marido falecido, conforme cada um deles ia morrendo, para questionar que, se a ressurreição existe de fato, então de quem essa mulher seria esposa no paraíso? Eles assim o faziam, porque tinham por preceito, a descrença em uma realidade espiritual. Desta forma, seu pré-conceito, os tornavam inaptos para perceberem ou refletirem acerca de outras realidades para além daquilo que criam. Eles aplicavam categorias de nossa realidade espaço-temporal para um outra governada pela eternidade.

Uma terceira e última verdade que esse texto revela é que Deus é Deus de vivos e não de mortos. Por isso, ao afirmar ser Deus o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, depreendemos que eles estão vivos, e não mortos. Assim, sabendo que eles somente acreditavam no pentateuco, Jesus se utiliza do texto do livro de Êxodo para responder seus questionamentos e invalidar sua argumentação. Por isso Jesus diz: “E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Marcos 12:26-26”. Cristo, aqui, se serve do texto que diz: “Disse ainda: ‘Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó’. Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus” Êxodo 3:6. Como vemos, mesmo tendo passado anos da morte dos patriarcas, Deus se refere a Abraão, a Isaque e a Jacó como quem fala de quem está vivo. Na verdade, eles estão na contemplação da visão beatífica. Mas não é adequado imaginar que o tempo transcorra para Deus da mesma forma que transcorre para nós, até porque o tempo foi criado por Deus, para quem não existe passado, presente e futuro. Os que estão ao lado de Deus, não estão mais no tempo, mas na eternidade, dessa forma, muito embora não gozem da eternidade em seu aspecto ontológico, recebem de Deus a vida eterna. Eis o que afirma nosso Senhor: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem acredita em mim, mesmo que morra viverá” (João 11: 22).

 
 
 

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