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COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Reverendo Pe. Jorge Aquino.

O texto do Evangelho que é apontado para o dia de hoje nos vem de Mateus 11:2-11, e nos diz o seguinte: “2Quando João ouviu na prisão o que o Messias estava fazendo, ele enviou uma mensagem por meio de seus discípulos 3e disse-lhe: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?’ 4Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que estais a ouvir e a ver: 5os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a boa nova. 6E bem-aventurado aquele que não se escandalizam comigo’. 7Enquanto eles se retiravam, Jesus começou a falar à multidão a respeito de João: ‘O que vocês foram ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? 8O que então você saiu para ver? Alguém vestido com túnicas macias? Veja, aqueles que usam mantos macios estão nos palácios reais. 9O que então você saiu para ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que um profeta. 10Este é aquele de quem está escrito: 'Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho diante de ti'. 11Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, ninguém surgiu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele”.

Pelo contexto desse texto, descobrimos que João Batista está na prisão. Mas, mesmo lá, ele quer saber sobre as notícias que circulam por toda parte. Para tal, envia alguns de seus discípulos até Jesus para saber se ele era, de fato, àquele esperado. Na verdade, João esperava que o Messias viesse como um juiz poderoso e terrível (Mateus 3:10ss), no entanto, agora que está preso, ele tem dúvidas sobre o caráter messiânico de Jesus. Por isso a pergunta: “És tu aquele que há de ver...?”. A resposta não é direta, mas Jesus aponta para as marcas de seu ministério e deixa que o próprio João reflita à luz do que diz o profeta Isaías (35:1ss). Assim, Jesus se apresenta aqui como sendo a concretização das esperanças anunciadas pelo profeta, com um detalhe, lá onde a religião oficial identificava uma maldição, Jesus apontava para o início da reintegração e da convivência pacífica entre os diferentes. Por isso os religiosos se escandalizam em Jesus, eles possuem uma mentalidade bipolar na qual você ou bem está certo, ou estar errado; ou é diabólico ou divino. Assim, tudo dependerá do local de onde você observa a ação de Jesus. Se João olhar da perspectiva dos religiosos (escribas e fariseus), verá em Jesus um transgressor que subleva a ordem constituída. Se, no entanto, olhar da perspectiva do profeta Isaías, então verá em Jesus, a concretização do Reino de Deus, que se celebra com a chegada do Messias, que nasce no Natal. Assim, em apenas dois versículos encontramos o cerne desse texto que aponta para a natureza do verdadeiro Messias. Assim, em primeiro lugar, o Messias é aquele que opera a inclusão dos que foram excluídos pela sociedade. Por isso, o texto nos diz que, em razão das ações de Jesus, “os cegos veem”. Isso significa que a verdade vem à tona quando o verdadeiro Evangelho é anunciado. Não existe mais espaço para ideologias e projetos fundados na mentira e em falsidades. Finalmente podemos ter a capacidade de ver as coisas como elas, verdadeiramente são. Em seguida, aprendemos que, em razão da prática de Jesus “os coxos andam”. Em outras palavras, as pessoas deixam de ser carregadas de um lado para e passam a andar com seus próprios pés, ou seja, a terem a capacidade de escolher os caminhos a seguir. Ainda segundo o texto, em função da ação jusuânica, “os leprosos são purificados”. Isto indica que àqueles que sempre são vistos como párias ou como impuros pela sociedade podem, em Jesus, conhecer a solidariedade e a realidade de serem vistos como puros e aceitos. Por fim, a prática de Jesus também nos leva a ver que “os surdos ouvem”. E isso quer dizer que nossos ouvidos nunca mais serão cheios das mesmas respostas que sempre ouvimos e que somente servem para esconder a verdade das coisas. Finalmente nossos ouvidos vão ouvir a verdade, e a verdade é o que nasce do Reino de Deus. No Reino não há espaço para cegos, surdos, mudos, impuros ou excluídos de quaisquer natureza. Esse é um espaço de inclusão e não de exclusão.

No entanto, em segundo lugar, o Messias é aquele que traz vida aos que estão mortos, por isso o texto diz: “os mortos ressuscitam”. Como consequência lógica de tudo o que foi exposto no primeiro tópico, é coerente afirmar que agora que realmente se pode ver, ouvir, andar, conhecer a verdade e ser aceito na comunidade do Reino, podemos dizer que saímos da morte para a vida. Na verdade, o que ocorre com os cristãos é uma verdadeira ressurreição dos mortos. Nossa condição deixa de ser aquela de quem está absolutamente separado ou alienado da vida e da verdade e passa a ser a de alguém que está intimamente comprometido com a mensagem transformadora que pode trazer vida onde sempre imperou a morte, o ódio e a mentira. Somente em Jesus podemos experimentar essa transformação. Somente ele pode nos retirar de uma condição e nos levar até a outra. E somente ele pode fazer isso, porque é ele o grande libertador e àquele que venceu a própria morte como resultado final do ódio, da segregação e da vingança. Por que ele está vivo, também podemos experimentar a vida.

Finalmente, em terceiro lugar, o Messias é aquele que traz uma mensagem que pode produzir escândalo entre os religiosos. Mas essa mensagem que escandaliza é chamada de Evangelho. E sobre ele, diz o texto bíblico, “aos pobres é anunciada a boa nova”. Anunciar o evangelho aos pobres, seguramente traz desconforto a muita gente, contudo, disse o Senhor, “É bem-aventurado aquele que não se escandalizam comigo”, ou seja, quem não se permite cair por causa de minha mensagem e minha prática. Sim, em Jesus não existem distinções de nenhuma natureza, muito menos de natureza econômica. Por isso, muito embora somente os ricos tenham acesso à coisas que são “boas”, a “boa-notícia”, ou seja, o evangelho é apresentado prioritariamente a eles. E, de fato, com a vida e a pregação de Jesus, aprendemos que os ricos acabam se “escandalizando” nessa mensagem, ou seja, acabam se deixando envolver por algo que é desconcertante e, até certo ponto, embaraçoso: o Rei dos reis, não veio como um nobre e poderoso conquistador, mas como uma pobre criança que nasceu em uma pobre estribaria em Belém. Para muitos, essa afirmação é um escândalo! Mas felizes são os que não se permitem escandalizar nela.

Lembremos que, conforme aparece claramente, o texto citado por Jesus vai além do que diz Isaías 35:1ss. Jesus também usa o texto de Isaías 26:19 e 61:1 para demonstrar que seu ministério é a maior prova de que a esperança anunciada pelo profeta, se cumpriu. João Batista é o maior exemplo dos que perceberam que Jesus era o Messias e nosso dever é seguir o mesmo caminho de João, que é, olhar para Jesus e caminhar pelo mesmo caminho e com os mesmos valores na mente e no coração. Que a graça de Deus nos habilite a perceber as coisas com os olhos de Jesus e a seguir o seu caminho.

 
 
 

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