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COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝


Padre Jorge Aquino.

O texto do Evangelho que é indicado para o dia de hoje é retirado do livro de São Mateus (3:1-12), e diz o seguinte: “1Naqueles dias, apareceu João Batista no deserto da Judéia, proclamando: 2‘Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus’. 3Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: ‘A voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’. 4Ora João usava uma veste de pelo de camelo e um cinto de couro em volta da cintura, e sua comida era gafanhotos e mel silvestre. 5Então o povo de Jerusalém e de toda a Judéia iam ter com ele, e toda a região ao longo do Jordão, 6e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 7Mas quando ele viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, disse-lhes: ‘Raça de víboras! Quem te avisou para fugir da ira vindoura? 8Dá frutos dignos de arrependimento. 9Não presumais dizer a vós mesmos: Temos Abraão como nosso antepassado; porque eu vos digo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10Mesmo agora o machado está posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 11 ‘Eu vos batizo com água para arrependimento, mas alguém que é mais poderoso do que eu vem depois de mim; Não sou digno de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12Tem na mão o garfo de joeirar, e limpará a sua eira e recolherá o seu trigo ao celeiro; mas a palha ele queimará com fogo inextinguível”.

Neste texto, que marca o segundo domingo do Advento, aprendemos uma lição nova que essa quadra litúrgica nos traz: Advento é momento de preparação para algo novo, e esse algo novo, somente virá, se houver, de nossa parte, compromisso com mudança de vida. Pensando nisso, encontramos três informações fundamentais para todos nós, neste texto. A primeira delas, é que todos nós temos que nos arrepender de nossos pecados, ou seja, todos nós temos que mudar de vida. Por isso o texto diz no verso 2 “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. E a razão de nosso arrependimento reside no fato de que o Reino dos céus está próximo. Diante da chegada do Reino não existe outra possibilidade para nós, exceto o arrependimento. Quando Mateus usa a palavra “arrependimento”, ele escreve originalmente no grego, o termo metanoia. Ora, se nous aponta para nossa mente, meta-nous, que está na origem dessa palavra, implica em mudança completa de mentalidade, de perspectiva, de paradigma, de expectativa, etc. Não se pode experimentar o arrependimento e continuar na prática do que está errado. É verdade que todos nós caímos e experimentamos o erro. Mas somos convidados, nesse segundo domingo, a mudar de vida, a nos arrepender dos erros cometidos e trilhar novos caminhos apontados pelo Rei que está chegando.

A segunda verdade que esse texto nos revela é que, em razão de sua pregação, muitos vinham procura-lo para serem batizados. O texto sagrado diz que: “o povo de Jerusalém e de toda a Judéia iam ter com ele, e toda a região ao longo do Jordão, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados”. Este era um bom sinal. Era o sinal de que o povo estava cansado da religiosidade vazia e cheia de gestos vazios dos membros do templo. O próprio João, era filho de um sacerdote, no entanto, ao invés de investir em sua carreira como sacerdote, vai para o deserto, ter uma vida simples, para cumprir o mandato de Deus. Essa ruptura feita por João e exigida de todos os que verdadeiramente se arrependem é a base sobre a qual a pregação do Reino se fundamenta. Seus anunciadores não são pessoas que pregam uma coisa e vivem outra. Eles são íntegros com o que pensam e dizem. Da mesma forma, ainda que seja necessário deixar nossa empáfia ou nosso orgulho caírem no chão, assim devemos fazer, se isso implica em seguir o novo caminho apontado pelo Reino.

A terceira verdade que aprendemos nesse texto, é que os gestos externos precisam corresponder a realidades internas. O texto sagrado é muito forte quando diz que João “viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, disse-lhes: ‘Raça de víboras! Quem te avisou para fugir da ira vindoura? Dá frutos dignos de arrependimento. Não presumais dizer a vós mesmos: Temos Abraão como nosso antepassado; porque eu vos digo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. João percebe que muitos dos que buscavam o batismo de arrependimento, eram, na verdade, pessoas que estavam tão somente, buscando escapar do juízo de Deus. Por isso João, dirigindo-se a eles, disse: “produzam frutos que provem seu arrependimento”. E arremata dizendo, “não pensem que apresentar uma arvore genealógica para provar que são descendentes de Abraão os livrará do juízo”. Estranhamente, essas pessoas eram exatamente as que mais conheciam as Escrituras, os fariseus e saduceus. Esse detalhe é significativo pois nos mostra que o fato de que estamos dentro do templo todos os dias, ou discutindo temas religiosos constantemente, não nos transforma em bons cristãos. É preciso ter uma vida de arrependimento verdadeiro.

Para concluir, devemos lembrar que, como alguém já disse, o verdadeiro arrependimento não vem de choro ou emoções, isso é remorso. O arrependimento verdadeiro traz consigo mudança de atitude e de caráter. Que Deus nos permita experimentar o arrependimento diário em nossas vidas e que a quadra do Advento nos permita ver isso com mais convicção.

 
 
 

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