top of page

COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO SEGUNDO DOMINGO DA EPIFANIA

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Reverendo Jorge Aquino.

Neste segundo domingo após o dia da Epifania, temos como texto do Evangelho indicado, o que é retirado do livro de João que diz: “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água. E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus” (João 1:29-36).

Neste texto, Jesus, procura seu primo João, com a finalidade de receber o batismo. Mas ele assim o faz, não porque precise se arrepender de seus pecados, mas para se identificar conosco, os pecadores. Desde seu nascimento, ele vem se identificando conosco, se fazendo um de nós, e agora, como um judeu penitente, vai até João para ser batizado. Ocorre que, quando João percebe que está se aproximando dele, o centro das atenções muda. O próprio João aponta para a superioridade de Jesus ao falar que ele “existia antes” dele e que ele era o esperado Filho de Deus”. Mas, vendo esse texto que nos mostra como Jesus inicia seu ministério, verificamos, em primeiro lugar, que o início da vida pública de Jesus, ocorre no deserto, por meio de João. É claro que, se alguém quisesse mudar o mundo com uma mensagem transformadora, se alguém tivesse algo extremamente importante para revelar a todos os mortais, ele certamente iria se dirigir aos grandes centros urbanos, apinhados de pessoas e certamente, procuraria as pessoas mais influentes do lugar para que pudessem abrir as portas necessárias a fim de que sua mensagem fosse um sucesso. Neste caso específico, portanto, Jesus deveria ter ido para Jerusalém, ou melhor, para Roma, e ao lado dos poderosos da esfera política. Mas não é isso o que ocorre. Jesus resolve iniciar seu ministério nos rincões mais esquecidos do mundo, em um deserto na Judéia, e pela instrumentalidade de um desconhecido chamado João, o Batista. Falar em deserto é falar de lugar inabitado, inóspito e solitário. É pra lá que Jesus vai. Ele vai justamente ao nosso encontro nos desertos de nossa vida; nos momentos em que nos sentimos sós e sem ninguém ao lado. E lá, Jesus encontra João Batista, um home simples que se vestia com peles de camelo e que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. O modelo de Jesus é o de um fracassado, se observamos os livros de autoajuda. Mas é assim que Deus age em nossas vidas. Ele nos mostra que na morte é que encontramos vida, e que no choro é que encontramos alegria e quando nada temos, que temos tudo.

Em segundo lugar, o início da vida pública de Jesus, o identifica como o “cordeiro de Deus”. Seria, para alguns, muito mais apropriado que Jesus fosse associado a uma figura poderosa e que nos falasse de domínio e autoridade. Na verdade os judeus esperavam que o Messias viesse como o “Leão da tribo de Judá”. No entanto, eis que, ao invés de ser apontado como um leão que dominaria e destruiria a todos os seus inimigos, Jesus é chamado por João Batista de “cordeiro de Deus”. O estranhamento foi geral. Primeiro porque o “cordeiro” era um animal inofensivo que era utilizado por eles como oferta à Deus em sacrifício para cobrir os erros cometidos. No entanto, eis que, quem está oferecendo o cordeiro para perdoar e expiar todos os nossos pecados, é o próprio Deus. Por isso ele é o Cordeiro de Deus”. Seu domínio, não se dá por meio da força, mas pelo serviço. Sim, ele mesmo disse que não veio ao mundo para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos. Jesus é o cumprimento do que ocorreu com Abraão que foi oferecer seu próprio filho em sacrifício sobre o altar e, no momento em que iria usar o cutelo, o próprio Deus o impediu e mostrou um cordeiro para substituir Isaque – o tipo de Cristo.

Finalmente, em terceiro lugar, o início da vida pública de Jesus, o identifica como o “cordeiro de Deus” que vem tirar “os pecados do mundo”. Era essa a razão do sacrifício dos cordeiros, segundo a lei mosaica: perdoar, expiar, absolver, redimir os homens de seus pecados. E por isso Jesus foi levado ao mais terrível dos altares – a cruz do calvário -, para nos remir de todos os nossos pecados. O cordeiro que vem ao nosso encontro, envido pelo próprio Deus, derrama seu sangue puro para salvar a nós, pobres pecadores, cheios de culpa e máculas. Todos nós temos nossos pecados, carregamos nossas culpas, somos assombrados por nossos erros e faltas. Ou, nas palavras do salmista no Salmo 32:3-5: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado”. Eis aqui a única exigência de Deus para perdoar nossos pecados: a confissão arrependida. Nada mais precisa ser feito. Sacrifício algum precisa mais ser realizado, pois o sacrifício feito pelo Cordeiro de Deus tira de nós todos os nossos pecados. Somos, pois, convidados a viver uma vida sem culpa diante do Senhor. Viver em paz com Deus e consigo mesmo. Que grande presente nosso Senhor nos dá, por meio de seu sacrifício no altar em nosso lugar.

Agradeçamos, pois, a Deus e tenhamos uma vida que o alegre e o agrade. Pois o ocorreu no passado já não tem mais o poder de nos atingir nem de nos condenar. De fato, diz Paulo, “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). Vivamos, pois, em novidade de vida na presença de Deus.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

MUDAMOS PARA OUTRO SITE

Caríssimos leitores, já que estamos com dificuldades de acrescentar novas fotos ou filmes nesse blog, você poderá nos encontrar, agora,...

Comments


Post: Blog2_Post

©2020 por Padre Jorge Aquino. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page