
Reverendo Jorge Aquino.
O texto do Evangelho que é indicado para ser lido nesse domingo chamado de “Domingo do Santo nome do Senhor”, é retirado o Evangelho de Lucas 2:15-21. Aqui, lemos a seguinte narrativa: “E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber. E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura. E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita; E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam. Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração. E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito. E, quando os oito dias foram cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido”.
Como percebemos claramente, esta narrativa dá sequências aos fatos narrados no texto do domingo anterior. Lá nós lemos que os pastores estavam nos campos e lá, viram um anjo que lhes falou para que não temessem, e que tinham uma “boas novas de grande alegria” para todo. Ele falava do nascimento do Salvador que é Cristo, o Senhor. Ele seria encontrado em uma manjedoura. Diz o texto que logo em seguida, os pastores foram até Belém, onde encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura. Ali eles conheceram o menino que receberia o nome de Jesus. Oito dias depois, conforme a tradição registrada no Halachá, ocorreria a circuncisão do Senhor, em uma cerimônia chamada de Brit milá, quando ele oficialmente receberia seu nome.
Dentro da história da arte cristã, o tema da circuncisão se torna comum a partir do século X, no entanto, apenas como parte de uma cena mais ampla. No Renascimento, contudo, este tema será tratado como um tema com sua importância própria. Dentro os cristãos, a Festa da Circuncisão é celebrada pela Igreja Ortodoxa no dia 1º de janeiro, o mesmo ocorre entre muitos Anglicanos. Na Igreja de Roma, a Festa do Santo Nome de Jesus é celebrada no dia 03 de janeiro.
O que precisamos lembrar é que, hoje, no início de mais um ano que além de celebrar, no dia 1º de Janeiro o dia Mundial da Paz, hoje celebramos o nome daquele que é apresentado pelo profeta Isaías como “príncipe da paz” (Isaías 9:6). Por isso, lembremos que o Santíssimo Nome de Jesus, foi dado a nós pelo céu! Por isso somente Ele pode nos dar a paz.
Eis a razão pela qual Paulo dá tanta importância a este nome. Assim escreve o apóstolo: “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Filipenses 2:9-11). Diante da importância desse Nome, verificamos no ultimo versículo da leitura do Evangelho de hoje, podemos retirar três ensinamentos sobre o Santo Nome do Senhor. Em primeiro lugar, o nome do Senhor foi dado no momento certo: “quando os oito dias foram cumpridos, para circuncidar o menino”. Desta forma, seus pais cumpriram exatamente o que dizia a Lei (Gênesis 17:12; Gálatas 4:4,5), visto que entre os judeus, os primogênitos eram vistos como pertencentes à Deus, e seus pais deveriam circuncidá-lo no oitavo dia de vida e oferecer um sacrifício. Quando se tratavam de famílias pobres, como era o caso da Sagrada Família, a lei estabelecia que a purificação (que se seguia à circuncisão) era feita com duas rolas ou dois pombinhos em lugar dos cordeiros (Cf. Levítico 5:1-8). O Messias, portanto, nasce e recebe seu nome identificando-se com os pobres.
Apesar de ser identificados com os mais pobre e, por óbvio, com os mais fracos, somente por meio da humildade podemos entrar nos Reino dos Céus. Afinal, eles se negam a deixar de pronunciar esse Santo Nome, porque sabem que, em nenhum outro há salvação, como registrou Lucas: “Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:11-12).
Em segundo lugar, o nome do Senhor foi dado de acordo com a orientação do anjo: “que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido”. Conforme já lemos no texto de Mateus, José havia elaborado em seu coração, um plano para deixar Maria, vez que ela se encontrava grávida. Mas, em sonho, Deus fala com José por meio de um mensageiro (em grego angelos), que aponta que será ele, José, o escolhido para ter a honra de ser o encarregado por Deus para dar o Nome à divina criança.
Por fim, em terceiro lugar, de acordo com o texto sagrado, o Santo Nome do Senhor seria o de Jesus: “foi-lhe dado o nome de Jesus”. Como já sabemos, o nome “Jesus” é uma palavra de origem latina. Ela tem sua origem na palavra grega “Iesous”, que, por seu turno, é a helenização do nome hebraico “Jeshua”, a forma abreviada do nome “Jehoshua” (ver Josué 1:1; Zacarias 3:1). Assim, em hebraico, esta palavra significa, literalmente: “Javé é a salvação”. Quando ela aparece na forma abreviada – Jeshua – (como é o caso aqui) compreende-se que há uma clara ênfase sobre o verbo, ou seja, ressalta-se que ele certamente irá salvar. Esta é a razão pela qual o anjo nos diz que “ele salvará o seu povo dos seus pecados”. Assim, a festa do Santo Nome de Jesus, é a festa que celebra o grande Salvador, ou seja, o messias esperado que salvaria a humanidade de seus pecados. Lembremos que é no Nome de Jesus que todos os nossos pecados são perdoados. Por isso, o Evangelho reafirma: “O Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra” (Marcos 2:10), e é por isso que Ele pode dizer ao pecador: “Teus pecados estão perdoados” (Marcos 2:5).
Para encerrar, é interessante saber que as honras associadas à essa festa, somente foram formalizadas em um culto litúrgico, a partir do século XIV.
O grande propagador desta devoção foi o franciscano Bernardino de Siena (1380-1444), que costumava divulgar uma imagem da Eucaristia emitindo raios de luz, sob o monograma “IHS“, que seria a abreviação do nome de Jesus em grego (Iesous). Com o passar do tempo, a piedade popular daria a esta mesma sigla uma nova interpretação: “Iésus Hóminum Salvátor”, que, em latim, quer dizer “Jesus Salvador dos Homens“. Mais tarde, Inácio de Loyola, faria deste monograma o emblema que identificaria os padres jesuítas. A questão que fica para nós, no dia de hoje é: Jesus é o seu Salvador? Você tem honrado este Santo Nome?
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