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AS RAZÕES DE NOSSA FÉ

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Atualizado: 20 de dez. de 2022


Reverendo Cônego Jorge Aquino.

A Sagrada Escritura orienta a que todos os cristãos “Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (I Pedro 3:15). De acordo com esse texto, os cristãos devem sempre estar prontos para responder acerca da razão pela qual mantemos nossa fé em Deus. Sobre isso, gostaríamos de fazer algumas considerações que julgamos necessárias. Em primeiro lugar, precisamos registrar que Deus não precisa de defensores ou advogados. Fazer essa afirmação é o mesmo que dizer que Deus não necessita de ninguém que o socorra ou que procure apresenta-lo como alguém em quem devamos acreditar. Não pense que Deus “precisa” de nossa ajuda para poder convencer os outros sobre a importância de depositar nossa fé nele. Se Deus existe, ele é absoluto e necessário, e por ter essas características, não precisa da ajuda de quem é, por natureza, relativo e contingente para defende-lo.

Em segundo lugar, precisamos registrar que ninguém pode chegar até Deus por meio da razão. Isso não significa que os cristãos defendem a irracionalidade, o irracionalismo ou o suicídio mental. Muito pelo contrário, desde os primeiros séculos do cristianismo surgiram vários escritores que, porque escolheram defender racionalmente o cristianismo, passaram a ser chamados de apologistas. Lembremos que, por apologética, nos referimos àquela defesa racional da fé que é realizada argumentativamente e pretende justificar a racionalidade ou razoabilidade do cristianismo. O que estamos querendo dizer é que, não acreditamos que a razão humana seja um instrumento adequado para “provar” nada acerca de algo que está sob o domínio da fé. Na verdade, se disséssemos que a razão é um caminho adequado para se chegar até Deus, estaríamos, na verdade, fazendo um desserviço à fé. Assim, se no passado, Lutero apresentou sua tese de sola fide contra as obras, essa mesma tese precisa ser apresentada contra a razão. Assim, por mais necessária e significativa que é a razão, nossa fé não depende dela, mas é um dom de Deus.

Finalmente, em terceiro lugar, apesar de defender que a fé está além da razão, não acreditamos que ela seja, por natureza, contrária à razão. Dizer isso significa dizer que muito embora não possamos provar racionalmente questões que têm a ver com a fé, a própria fé não é algo irracional. Em outras palavras, embora não dependa da razão para crer, eu tenho boas razões para crer e creio. Eu posso crer porque existe ordem e beleza no universo (ou multiverso); eu posso crer porque a própria existência da criação aponta para um criador e porque a vida orgânica, surgindo de uma realidade inorgânica somente poderia ser um milagre. Apesar de tudo isso (e há muito mais), não cremos porque entendemos, cremos e entendemos, vez que vislumbramos que a fé e o raciocínio crítico não são, necessariamente, realidades antagônicas, mas complementares.

Por isso, o cristão pode e é convidado a fazer, sempre, uso da razão para expor de forma clara, lógica e lúcida o conteúdo de nossa fé. Mas sempre relembrando que nossa fé é fruto de um relacionamento pessoal com Deus. Esse relacionamento pessoal não pode ser empacotado em uma caixa ou reduzido a alguns temas ou afirmações dogmáticas. Por isso, por sua própria natureza, a fé não se define. Mas cada um de nós é desafiado a apresentar a razão de nossa fé a todos e a qualquer pessoa que nos questione. Que nossa vivência pessoal com Deus nos fortaleça e nos faça apresentar de forma lúcida e clara, que temos boas razões para crer, muito embora não creiamos por causa de nossa razão.

 
 
 

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