As finanças e a saúde do casal
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 11 de set. de 2018
- 3 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino
Não é segredo nenhum que nosso país convive com elevados níveis de desemprego – atingindo quase 13 milhões de pessoas – e com uma quantidade ainda maior que, ou bem vive na informalidade ou bem está absolutamente fora do mercado de trabalho pelas mais diversas razões.
Uma segunda realidade que também não podemos esquecer é que, mesmo quem está empregado, convive hoje com uma taxa de juros bancários estratosféricos, uma enorme tributação que indiretamente o atinge quando ele faz uma simples compra de um quilo de feijão, e um aumento constante de preços, que não é acompanhando por um aumento semelhante no salário.
Uma terceira realidade que não podemos esquecer, é que grande parte dessa população é casada e vive sua vida familiar dentro de enormes tensões. Essas tensões são geradas por dois fatores bastante claros. De um lado a expectativa social de que o homem seja o provedor e mantenedor do lar, e, por outro lado, a expectativa pessoal que tem o marido de suprir as necessidades de sua esposa e filhos. É claro que não pretendemos aqui discutir acerca da vigência ou não desse paradigma familiar nos dias de hoje. Mas, seja como for, as mudanças dos Códigos jurídicos nem sempre ocorrem na mesma medida e proporção que na sociedade. É por isso que Gonzaguinha já cantava que “um homem também chora”. E no decorrer da canção ele diz: “O homem se humilha se castram seus sonhos. Seu sonho é sua vida e vida é trabalho; e sem o seu trabalho, o homem não tem honra e sem a sua honra, se morre se mata. Não dá pra ser feliz”.
É essa realidade de infelicidade, de ausência de sonhos, de cobranças externas e internas, que faz com que as pessoas percam facilmente a paciência e, facilmente acabem por desenvolver conflitos e tensões que, em sendo agudizados, não raramente, acabam por produzir agressões e violência doméstica, verbal ou física.
Para que um casal cristão tenha saúde financeira, acredito ser necessário passar a mudar nossa própria mente, deixando de assumir os mesmos critérios que são apresentados em nossa sociedade. Em primeiro lugar, o casal cristão precisa romper com o paradigma de que somente o homem deve ser visto como o mantenedor e provedor da família. As mulheres também podem e devem assumir os mesmos cargos no mercado de trabalho, inclusive, com o direito de receberem os mesmos salários. Portanto, a responsabilidade na manutenção familiar pode ser compartilhada com a companheira, o que, certamente, redundará em mais empatia quando se trata de discutir este tema e de passar pelas mesmas dificuldades. Ademais, é importante que exista uma boa comunicação entre o casal acerca de onde está sendo gasto a receita da família. Essa comunicação deverá, inclusive, determinar uma quantia que deverá ser guardada como economia, pensando em eventualidades que o futuro pode trazer.
Em segundo lugar, o casal cristão precisa romper com os padrões de consumo que muitas vezes nos são impostos pela nossa sociedade e que preconiza que só é feliz quem consome esse ou aquele item ou artigo. Por que temos que usar aquela roupa de marca? Por que temos que trocar o celular todos os anos? Por que é preciso ostentar esta ou aquela novidade de mercado? Lembre-se que, se sua felicidade for igual aos sonhos de consumo, sem consumir, você será uma pessoa infeliz. Experimente baixar um pouco mais as expectativas e você experimentará mais felicidade com sua família. Até porque a verdadeira felicidade não vem do acúmulo de bens, mas da presença de pequenos gestos e de poucas coisas que são realmente fundamentais. Dessa forma, aceite a sugestão de são Paulo que diz: “não vos conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12: 2).
Por fim, em terceiro lugar, esteja disposto a viver de acordo com os votos que você fez no dia de seu casamento. Lembre-se que naquele dia, você prometeu ser fiel, cuidar e honrar sua esposa, ou seu marido, na riqueza ou na pobreza. Lembre-se das palavras do apóstolo Paulo que diz: “de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4: 12, 13). Se é Cristo quem nos fortalece, nós podemos experimentar até mesmo a fome, mas experimentaremos juntos, honrando e cuidado de nosso cônjuge, até que, juntos, no tempo certo, experimentemos também a abundância.
Comments