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AMOR, CASAMENTO E SEXO II

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 17 de ago. de 2021
  • 5 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino

Nós iniciamos nosso primeiro artigo sobre esse tema dizendo que para muita gente, falar em sexo, é um tema marginal para um religioso. E afirmamos que pensar assim é ter uma mente obtusa e preconceituosa. Partimos do princípio de que Deus nos criou sexuados e, ter uma vida sexual plena é uma das maiores bênção que podemos receber dele. Por isso, acreditamos ser importante sempre pensar e refletir sobre esse assunto, para que possamos crescer e amadurecer enquanto casal e enquanto conselheiro.

Acredito que, a questão da sexualidade tem se tornado um tema difícil de ser abordado para muitos cristãos, mas também que sua prática – ou ausência -, tem sido objeto de discórdia em muitos casamentos. Não tenho dúvida de que muitos casais se separaram porque não conseguiram encontrar um caminho adequado para sua vivência sexual. Não é sem sentido que o casal Cardoso afirma que “a atividade sexual age como uma limpeza, uma desintoxicação mental e física no casal. Por isso, quanto menos vocês o fazem, mais distantes se sentem, e mais oportunidades dão para que haja problemas entre vocês. Em um casamento sem sexo, qualquer probleminha se multiplica por mil” (CARDOSO e CARDOSO, 2012, p. 209). Por isso, não se engane. Um casal que tem sexo desenvolverá menos problemas e terá menos dificuldades do que um casal que não o pratica. O inverso também é verdade. Sem sexo, o casal tende a se afastar cada vez mais e a dar mais espaço para eventuais problemas que possam surgir e se tornar algo insuperável.

Mas procuraremos abordar nesse segundo texto, dois temas que julgo relevantes em todo casamento: a frequência e a abertura da atividade sexual. Antes de mais nada, gostaria imensamente que você compreendesse que cada pessoa é diferente da outra. Isso significa duas coisas. A primeira delas é que você não pode esperar que ela tenha a mesma necessidade de sexo que você tem. E, em segundo lugar, que não existe uma fórmula que diga, de forma peremptória, quantas vezes por semana o casal deve ter sexo, simplesmente olhando para uma tabela que envolva a idade e a formação acadêmica de cada um dos cônjuges. A vida é mais complexa do que isso. Não existe um número que possa ser universalizado e apontado como o número perfeito para todos os casais em todos os lugares e em todas as situações.

O que sabemos sobre essa questão? Sabemos que o apetite sexual masculino parece ser maior que o feminino. Sabemos que eles se excitam mais rápido do que elas. Sabemos que elas precisam estar mais relaxadas para pensar em sexo do que eles, certo? Errado! Hoje sabemos que existem mulheres que possuem um apetite sexual maior do que o de seus maridos, que muitos homens têm dificuldades em se excitar e que os problemas diários tem se tornado um grande problema para a vida sexual de muitos homens. Por isso, não há modelos absolutos. Assim, se um dos cônjuges gostaria de ter sexo todos os dia, enquanto o outro somente aceita uma vez por semana, é preciso que o casal tenha a habilidade de sentar e conversar sobre o assunto, de forma sincera e honesta. Talvez cheguem a um termo médio, e pratiquem três ou quatro vezes por semana. Mas isso dependerá de cada casal. O que não se pode entender é um casamento no qual o sexo esteja absolutamente ausente. Uma realidade assim não pode ser chamada de casamento. Será, quando muito, uma relação fraterna no qual ambos dividem tarefas e/ou contas conjuntas, do lugar onde convivem.

A segunda questão que nos propomos a enfrentar aqui, diz respeito à abertura dada a esta atividade sexual. Em outras palavras, existem limites para aquilo que um casal pode ou não fazer na cama? Para responder a esta questão, recorreremos a um livro da Bíblia que, muito embora tenha sido interpretado como uma grande alegoria acerca da relação entre Cristo e sua Igreja, não pode ser deixado de lado enquanto documento canônico e enquanto expressão clara de atividades concretas e reais que envolviam a sexualidade do povo de Deus, antes de Cristo. Refiro-me ao livro conhecido como Cânticos de Salomão ou Cânticos dos Cânticos.

Quando nos aproximamos desse livro, imediatamente nos damos conta de que lá, em nenhum momento, os filhos são mencionados. O que vemos neste, que é visto como o livro mais erótico da Bíblia, é que a paixão e o prazer conjugal são a temática principal que norteia sua confecção. Desta forma, deixando de lado uma leitura metafórica e fazendo uma interpretação mais literal do texto, concordamos com o casal Driscol, quando afirma que, “Entre os prazeres que estão no Cântico dos Cânticos há o beijo (1:2), o sexo oral na genitália masculina – de iniciativa feminina (2:3), o estímulo manual – a convite da esposa (2:6), a massagem erótica – por iniciativa do marido (4:5), o sexo oral na genitália feminina – de iniciativa masculina (4:12-5:1), o striptease (6:13-7:9) e novos lugares e posições, inclusive ao ar livre – de iniciativa da esposa (7:11-13)” (DRISCOLL e DRISCOLL, 2012, p. 157). Conforme podemos verificar, parece que neste livro, não encontramos os pudores que contaminam o debate sobre sexualidade em muitos lugares hoje.

Na verdade, a Bíblia nunca foi um livro muito pudico quando se trata de falar sobre a atividade sexual de alguns de seus personagens. Por isso, compreendemos que boa parte da leitura preconceituosa que os cristãos desenvolveram em torno da sexualidade, teve origem fora do ambiente cristão, sendo, mais precisamente, oriunda da leitura filosófica platônica - que desmerecia o corpo e exaltava o espírito -, e que acabou por influenciar grande parte dos teólogos medievais. Por via de consequência, neste período, nada que envolvesse “prazer” era visto com bons olhos. Quando, mais tarde, a Reforma trouxe de volta a necessidade de fundamentar biblicamente nossa crena e nossa vida, já nos é possível declarar, como faz o historiador cristão Belden Lane, que, “Manuais de casamentos puritanos criados por autores ingleses como William Whately e William Gouge defendem ‘brincadeiras mútuas voltadas para o prazer’ dentro do pacto do casamento, aconselhando ‘que maridos e esposas se deliciem mutuamente um com o outro’, mantendo um ‘amor fervoroso’ na prática regular da ‘bondade devida’ de um para o outro que é garantida e santificada pela palavra de Deus” (LANE, Apud DRISCOLL e DRISCOLL, 2012, p. 157). Ora, sabemos o que esta “bondade devida” que cada cônjuge tem para com o outro significa, bem assim compreendemos que a necessidade de que o casal se delicie um com o outro, fala exatamente dessa liberdade e dessa vida prazerosa que Deus planejou para todos nós.

Desta forma, caríssimos irmãos, façam sempre sexo, na frequência que vocês puderem e com a liberdade que Deus lhes deu, promovendo o maior prazer possível para seu cônjuge. Agindo assim, vocês fortalecerão o casamento, produzirão mais intimidade entre o casal e gozarão de maior prazer na vida.


Referências bibliográficas:

CARDOSO, Renato; CARDOSO, Cristiane. Casamento blindado. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2012

DRISCOLL, Mark; DRISCOLL, Grace. Amor, sexo, cumplicidade e outros prazeres a dois. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2012





 
 
 

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