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AMANDO DE FATO E DE VERDADE

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 29 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

Reverendo Jorge Aquino.

Amar é um dos verbos mais difíceis que se pode conjugar. E sua dificuldade nada tem a ver com aspectos gramaticais, mas sim práticos. É difícil dizer "eu te amo", quando sabemos que nosso comportamento, muitas vezes, contradiz o que falamos. Eis a razão pela qual o eminente escritor, filósofo e poeta americano, Ralph Waldo Emerson, certa vez escreveu: "Suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz". Sim, muitas vezes nossos gestos abafam as palavras de amor e de carinho que falamos.

Mas se você pensa que esse é um tema moderno, devo desapontá-lo e dizer que, desde a Bíblia que isso já era pontuado pelos escritores sagrados. O maior exemplo de todos é o apóstolo São João. Ele, em sua primeira epístola universal, escreveu: "Filhinhos, não amemos de palavras, nem de língua, mas de fato e de verdade" (I João 3:18). Quando observamos o texto no original, verificamos algumas verdades fundamentais.

A primeira grande verdade que aprendemos aqui, é que esta instrução é dada para aqueles que são considerados por João como seus "filhinhos". Quando percebemos o texto grego, verificamos que lá João fala em "minhas crianças" (τεκνια μου). Perceba o tom de intimidade que é usado por João. Observe, também, a proximidade como ele se dirige aos seus leitores. Ele diz literalmente "meus filhinhos". Não parece haver distância entre o autor e os leitores da carta. Pelo contrário, é clara a relação de intimidade revelada neste texto.

A segunda grande verdade que podemos perceber aqui, é que realmente é possível amar apenas de palavras (λογω) e língua (γλωσση). Estas duas palavras usadas por João são importantes porque elas apontam para o que se está dizendo e o idioma em que se está dizendo. Ou seja, João está se referindo à palavra em seu sentido mais amplo e externo. Em outras palavras, simplesmente falar ou dizer que ama alguém - em português, francês, italiano ou qualquer outro idioma (glôssê) -, não tem valor algum se você estiver apenas usando uma palavra (logô) que não possui referência no mundo real. Precisamos aprofundar mais esse assunto.

E é pensando nisso que, em terceiro lugar, João nos apresenta a forma concreta de amar, qual seja, "de fato e de verdade". O curioso é que a primeira palavra que João usa é (εργω). Ora, esse termo usado por ele - ergô -, é traduzido por "trabalho, ocupação e empreendimento", revelando que o amor exige um trabalho duro e muito esforço e denodo para que seja efetivamente pleno. Desta forma, ao invés de apenas "dizer" que ama, é preciso mostrar esse amor por meio de esforço e dedicação. Quando somos capazes de ir além das palavras e atingimos os gestos concretos, então podemos dizer que amamos em "verdade" (αληθεια). Ao usar esta segunda palavra - alêtheia -, João está falando no amor expresso em toda a sua verdade, sinceridade e franqueza. No amor não existe espaço para simulação; ou bem amamos ou não.

O maior exemplo de amor que a Bíblia nos revela, nos vem de Jesus. Seu amor por nós foi tão grande que o levou até a encarnação - assumindo a forma de homem - e ao sacrifício da cruz. Você certamente diz que ama seu cônjuge. Mas eu te pergunto. Que tipo de amor é o seu? Aquele amor de palavras bonitas ou o amor que é capaz de sacrificar-se pela pessoa amada? Somos desafiados a amar nosso cônjuge, assim como Jesus nos amou. Você aceitará esse desafio?



 
 
 

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